«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 25 de novembro de 2017

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano A - Homilia

Evangelho: Mateus 25,31-46

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
31 «Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso.
32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33 E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!
35 Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber;
eu era estrangeiro e me recebestes em casa;
36 eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar”.
37 Então os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? com sede e te demos de beber?
38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos?
39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?”
40 Então o Rei lhes responderá: “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso
a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”
41 Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos.
42 Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber;
43 eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar”.
44 E responderão também eles: “Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?”
45 Então o Rei lhes responderá: “Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso
a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!”
46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.»

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

O DECISIVO

O relato não é propriamente uma parábola, mas uma evocação do juízo final de todos os povos. Toda a cena se concentra em um diálogo longo entre o Juiz, que não é outro que Jesus ressuscitado, e dois grupos de pessoas:
1º) os que aliviaram o sofrimento dos mais necessitados e
2º) os que viveram negando-lhes a sua ajuda.

Ao longo dos séculos, os cristãos viram neste diálogo fascinante:
* «a melhor recapitulação do Evangelho»,
* «o elogio absoluto do amor solidário» ou
* «a advertência mais grave a quem vive refugiado falsamente na religião».
Vamos assinalar as afirmações básicas.

Todos os homens e mulheres, sem exceção, serão julgados pelo mesmo critério. O que dá um valor imperecível à vida não é a condição social, o talento pessoal ou o êxito realizado ao longo dos anos. O decisivo é o AMOR PRÁTICO e SOLIDÁRIO aos necessitados de ajuda.

Este amor traduz-se em atos muito concretos. Por exemplo, «dar de comer», «dar de beber», «acolher o imigrante», «vestir os nus», «visitar os doentes ou os presos».

O decisivo para Deus não são as ações religiosas,
mas estes gestos humanos de ajuda aos necessitados.

Podem brotar de uma pessoa crente ou do coração de um agnóstico que pensa nas pessoas que sofrem.

O grupo dos que ajudaram os necessitados que foram encontrando no seu caminho não o fez por motivos religiosos. Não pensou em Deus nem em Jesus Cristo. Simplesmente procurou aliviar um pouco o sofrimento que há no mundo. Agora, convidados por Jesus, entram no reino de Deus como «benditos do Pai».

Por que é tão decisivo ajudar os necessitados e tão condenável negar-lhes a ajuda?
Porque, segundo revela o Juiz, o que se faz ou se deixa de fazer a eles se está a fazer ao próprio Deus encarnado em Cristo.

Quando abandonamos um necessitado, estamos abandonando Deus. Quando aliviamos o seu sofrimento, estamos fazendo-o com Deus.

Esta surpreendente mensagem coloca-nos a todos olhando para os que sofrem.
* Não há RELIGIÃO VERDADEIRA,
* não há POLÍTICA PROGRESSISTA,
* não há PROCLAMAÇÃO RESPONSÁVEL DOS DIREITOS HUMANOS a não ser defendendo os mais necessitados, aliviando o seu sofrimento e restaurando a sua dignidade.

Em cada pessoa que sofre, Jesus sai ao nosso encontro, olha-nos, interroga-nos e interpela-nos. Nada nos aproxima mais Dele que aprender a olhar demoradamente o rosto dos que sofrem com compaixão. Em nenhum lugar poderemos reconhecer com mais verdade o rosto de Jesus.
JUÍZO FINAL
O grande banquete dos pobres e daqueles que lhes serviram de algum modo

QUE JUÍZO É ESSE?

Não é fácil reconstruir o relato original do juízo final formulado por Jesus, porém a cena nos permite captar a «revolução» que ele introduziu na orientação do mundo.

Ali estão pessoas de todas as raças e povos, de todas as culturas e religiões. Escutar-se-á a última palavra que esclarecerá tudo. Dois grupos vão emergindo daquela multidão. Uns são chamados a receber a bênção de Deus: são os que se aproximaram com compaixão aos necessitados e fizeram por eles o que puderam. Outros são convidados a afastar-se: viveram indiferentes ao sofrimento dos demais.

O que decidirá a sorte final não são a religião na qual alguém viveu nem a fé que confessou durante sua vida. O decisivo é VIVER COM COMPAIXÃO, ajudando a quem sofre e necessita nossa ajuda. O que se faz a pessoas famintas, imigrantes indefesos, enfermos desvalidos ou encarcerados esquecidos por todos, se faz ao próprio Deus.

A religião mais agradável ao Criador é a AJUDA AO QUE SOFRE.

Na cena evangélica não se pronunciam grandes palavras como «justiça», «solidariedade» ou «democracia». Todas são supérfluas, se não há ajuda real aos que sofrem. Jesus fala de comida, roupa, algo de beber, um teto para abrigar-se.

Não se fala, tampouco, de «amor». Para Jesus, essa era uma linguagem demasiadamente abstrata. Não a usou quase nunca. Aqui se fala de coisas bem concretas como «dar de comer», «vestir», «hospedar», «visitar», «acolher». No «entardecer da vida» não nos será examinado o amor; será-nos perguntado o que fizemos de concreto para as pessoas que necessitavam de nossa ajuda.

Este é o grito de Jesus a toda a humanidade:
ocupai-vos dos que sofrem, cuidai dos pequenos.

Em nenhuma parte se construirá a vida tal como a deseja Deus se não for libertando as pessoas do sofrimento. Nenhuma religião será abençoada por ele se não provocar compaixão para com os últimos!

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo A (Homilías) – Internet: clique aqui.

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