Vamos ao ponto ! ! !
O poder do sistema financeiro e a
insustentabilidade das desigualdades sociais
Entrevista
com Ladislau Dowbor
Doutor em Ciências Econômicas pela Escola
Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Universidade
Metodista de São Paulo (Umesp). Além disso, é consultor de diversas agências
das Nações Unidas.
Ricardo
Machado
O
sistema financeiro, além de atuar
numa dinâmica internacional, interferindo em toda a economia mundial, “se tornou extremamente poderoso”, e é
a sua manutenção que explica, ao menos em parte, porque uma parcela muito
pequena da população possui uma renda muito maior do que o restante
Resumindo,
diz o economista Ladislau Dowbor, “enquanto
se remunera a 7% a aplicação financeira, que não produz nada, o PIB cresce a 2%
ou 2,5%, ou seja, o dinheiro vai para onde rende mais”. É por isso,
esclarece, que “muitas empresas pararam de produzir, dizendo que rendia muito
mais aplicar em títulos do governo”.
Na
entrevista a seguir, concedida pessoalmente à IHU On-Line quando esteve no Instituto Humanitas Unisinos - IHU, no
dia 19 de outubro passado, lançando o seu novo livro, A era do capital improdutivo. A
nova arquitetura do poder: dominação financeira, sequestro da democracia e
destruição do planeta (São Paulo: Outras Palavras & Autonomia
Literária, 2017), Dowbor explica como, no Brasil, as mudanças na legislação
durante o governo Fernando Henrique Cardoso e a manutenção dessas leis no
governo Lula permitiram o desenvolvimento do sistema financeiro.
“Em 1995 foi aprovada uma lei abolindo o
imposto sobre lucros e dividendos, o que é absolutamente escandaloso, e, ao
mesmo tempo, foi aprovada a lei que
criou a Selic, que passou a ser
aplicada a partir de 1º julho de 1996, em que a dívida pública remunera as
instituições financeiras que compram títulos da dívida pública na ordem de 25% ao ano. (...) Essas mudanças
incentivaram as aplicações financeiras em títulos do governo, e os que lucraram com esse tipo de operação
não pagam impostos por causa da lei de lucros e dividendos”.
Além
disso, lembra, em 1999 “foi aprovada a lei que liquidava o artigo 192 da
Constituição e limitava os juros a 12% mais inflação, de autoria de José Serra.
Com isso, os investidores puderam expandir as taxas de juros em todas as áreas
que tocam diretamente, em particular, pequenas e médias empresas, a pessoa
física e jurídica. Isso foi se acumulando, e em 2002 Lula leu a Carta aos Brasileiros, na qual disse que
queria ser eleito e iria respeitar os contratos, ou seja, ele estava sinalizando que não iria mexer no sistema financeiro”. [E ainda tem muitos que pensam que seja “apenas” Lula, o
grande vilão!!! – Ele foi um “servidor” do
sistema financeiro, como todos os presidentes do Brasil tem sido!!!]
Na
avaliação do economista, a desigualdade
gerada pelos investimentos no sistema financeiro “é absolutamente
insustentável, não só no plano ético, mas em particular no plano ético, porque
essas grandes fortunas não são produtoras, mas sim extratoras do capital.
De certa maneira, por mais que xingássemos o capitalista que criou uma fábrica
de sapatos e explorava seus trabalhadores, pelo menos ele estava gerando
emprego, produzindo sapatos e pagando seus impostos. Os investidores, ao contrário, não pagam impostos e não estão
produzindo; apenas extraindo”, diz. [Acordem,
senhores industriais e comerciantes!!! – Calibrem a vossa mira, o inimigo é
outro!!!]
Dowbor
defende que os “recursos apropriados
pelo sistema financeiro, que não são produtivos, têm que ser reorientados para
financiar a mudança na forma como tratamos a natureza e o planeta e a forma
como tratamos nossos cidadãos. Isso é interessante não só porque é bom para
o planeta e para a humanidade, mas porque em termos econômicos funciona”. E
exemplifica: “Quando a Coreia do Sul investiu 960 milhões para melhorar a
tecnologia do transporte coletivo nas grandes cidades, não só gerou um monte de
pesquisas tecnológicas, como também gerou um monte de empregos e o barateamento
do transporte. Com isso temos o chamado ‘círculo virtual positivo’”.
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Este é o mais recente livro publicado pelo Prof. Dr. Ladislau Dowbor Nesta obra o economista aborda as questões que são tratadas nesta entrevista |
Confira a entrevista.
IHU On-Line — Como o senhor analisa a atual conjuntura
econômica brasileira?
Ladislau
Dowbor: No
conjunto, considero que a política, no Brasil, foi assumida por um grupo de
pessoas, ou seja, de políticos e por um segmento do judiciário apoiado pela
mídia, o que em outros países seria considerado uma “banda criminosa”. Trata-se de um movimento, de um lado, de
rapina sobre o país e, de outro lado, de proteção de caráter mafioso, em que um
encobre o outro. Considero que é um processo golpista, que pode ter se
cercado de firulas legais, mas quando se
tem um governo com aprovação na ordem de 3 a 5%, que está fazendo coisas que
são negativas para o país, é golpe.
Eu
trabalho mais a dimensão do travamento econômico, que obedece a um
escalonamento interessante. A Constituição de 1988, com um movimento pendular,
teve uma visão um pouco mais progressista, mas a partir daí houve um desmonte
disso com a quebra da inflação. Em 1995 foi aprovada uma lei abolindo o imposto
sobre lucros e dividendos, o que é absolutamente escandaloso, e, ao mesmo
tempo, foi aprovada a lei que criou a Selic, que passou a ser aplicada a partir
de 1º julho de 1996, em que a dívida pública remunera as instituições
financeiras que compram títulos da dívida pública na ordem de 25% ao ano. Pagamos 25% ao mês sobre o dinheiro que é
dos depositantes — internacionalmente esse juro é da ordem de 0,5%, é de 0% no
Japão e 0,75% na Europa. Essas mudanças incentivaram as aplicações
financeiras em títulos do governo, e os que lucraram com esse tipo de operação
não pagam impostos por causa da lei de lucros e dividendos.
Em
1997 foi aprovada a lei que autorizava o financiamento corporativo das
campanhas e isso gerou um Congresso que passou a ser conivente e solidário com
esse processo. Em 1999 foi aprovada a lei que liquidava o artigo 192 da
Constituição e limitava os juros a 12% mais inflação, de autoria de José Serra.
Com isso, os investidores puderam expandir as taxas de juros em todas as áreas
que tocam diretamente, em particular, pequenas e médias empresas, a pessoa
física e jurídica. Isso foi se acumulando, e em 2002 Lula leu a Carta
aos Brasileiros, na qual disse que queria ser eleito e iria respeitar
os contratos, ou seja, ele estava sinalizando que não iria mexer no sistema
financeiro. Mas, mesmo com poucos recursos, ele conseguiu fazer uma revolução,
em termos sociais, extremamente positiva. O
Banco Mundial avalia o período de 2003 a 2013 como a “Década Dourada”.
No
entanto, na “Década Dourada” os juros
começaram a pesar e as pessoas começaram a ficar endividadas. Os últimos
dados indicam que 61 milhões de
brasileiros adultos estão enforcados com as dívidas, não estão conseguindo
pagá-las, quem dirá comprar coisas novas. A capacidade de compra das famílias foi travada, elas pararam de
comprar, e isso gerou uma crise na área empresarial. Quando não tem para
quem vender, a área empresarial para de produzir e desemprega, o que diminui
ainda mais a capacidade de compra das famílias.
Em 2017 o
estoque da dívida de pessoa jurídica e pessoa física está em torno de 3,1
trilhões de reais, isto é, 50% do PIB. Mas pagamos
um juro médio de 30% — na Europa seria 3% —, já incluindo o crédito
direcionado, como o da Minha Casa Minha
Vida. Se considerarmos o juro livre, que é aquele dinheiro que pegamos no
banco, a média de juros para pessoa
física é de 68%. Nenhuma economia
pode funcionar assim — 3,1 trilhões pagando 30% são 15% do PIB que são
transformados em juros.
Além
disso, 7% do PIB está sendo extraído da
Selic: se considerarmos os juros sobre a dívida de pessoa física e pessoa
jurídica e somarmos a dívida sobre os títulos públicos, mais 7%, temos 22%.
Esse é o fluxo financeiro integrado. Acrescente-se
a isso que, em termos tributários, esse tipo de lucro é isento de pagamento de
impostos e considere que grande parte desse dinheiro vai para o exterior, onde
tem cerca de 520 bilhões de dólares, o equivalente a 1,7 trilhão de reais, ou
seja, aproximadamente 28% do PIB. Portanto, os investidores não só não
reinvestem, como queria a Constituição, como sequer pagam impostos.
IHU On-Line — Por meio de qual operação financeira se leva esse
dinheiro para fora do país?
Ladislau
Dowbor: São
diversas operações. No Brasil há uma leniência absolutamente fenomenal sobre
esse problema. Os melhores dados que temos são do Global Financial Integrity - GFI, que fez o levantamento do fluxo
através de preço de transferência, que basicamente trata de sobrefaturamento e
subfaturamento, ou seja, de fraude em
notas fiscais. As fraudes em notas
fiscais transferem para fora do país cerca de 2% do PIB, segundo a
avaliação do GFI no ano de 2016. O dinheiro, hoje, é um sinal magnético; todos esses bancos que estão no país —
Santander, HSBC, entre outros — estão ligados a paraísos fiscais e têm
departamentos que chamam de “otimização tributária”, o que facilita esses
processos de evasão. Não temos como travar um processo desses.
Quando temos esse tipo de
dreno da economia, as famílias não podem comprar, as empresas não têm como
investir e o Estado não tem como financiar nem políticas sociais, nem
investimentos em infraestrutura. De 2012 para 2013, o governo Dilma constatou que a economia estava sendo paralisada
através do sistema financeiro. Com isso o governo decidiu enfrentar o sistema financeiro: reduziu a taxa Selic, de 14%
para 7,25%. Ou seja, reduziu uma
imensa “mama” de quem ganhava recurso apenas aplicando na taxa Selic sem
precisar produzir. E muitas empresas pararam de produzir, dizendo que
rendia muito mais aplicar em títulos do governo. Nos bancos públicos em que o
governo Dilma podia intervir — Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil —,
foram baixadas as taxas de juros para as empresas e para as pessoas físicas. Isso fez com que muitas pessoas começassem
a fugir dos bancos privados, migrando para os bancos públicos. Isso não
prestou, porque sinalizou uma quebra do
pacto. [O pacto de Lula com o sistema
financeiro, que lhe “deixou” governar em troca de não interferir nos
astronômicos lucros dele!!!]
IHU On-Line — Esse é um embrião do golpe? Sinaliza também uma
quebra do pacto feito por Lula e por Henrique Meirelles em 2002?
Ladislau
Dowbor: Exatamente.
A partir de meados de 2013 não se tem mais governo; Dilma baixou esses juros, mas não tem mais governo. Com isso, o que a
Dilma fez? Voltou a subir a Selic para 14%. É pornográfico.
O Congresso e o Meirelles
dizem que baixaram a inflação, mas claro que a inflação baixou, porque quando
se quebra o aparelho produtivo, não tem como vender. Se as empresas não têm
para quem vender, elas paralisam. As taxas
de juros para as empresas são surrealistas, porque enquanto na Europa e nos EUA essas taxas estão na faixa
de 2% ao ano, aqui estão na faixa de
20%, 30%, 40%, segundo o tipo de produto. Então, se as empresas têm a opção
de colocar o dinheiro na taxa Selic, para que elas vão “se matar para produzir”
se podem fazer aplicação financeira?
No meu livro analiso como isso está se dando
em nível internacional, porque por trás de tudo isso temos o fato de que, nas últimas décadas, a financeirização se
tornou mundial. A partir daí começa a ficar claro por que, no mundo todo, oito famílias possuem mais
riqueza do que a metade mais pobre da população mundial.
No Brasil, segundo relatório recente da
Oxfam, seis famílias têm mais
do que a
metade mais pobre e que 5% têm mais que os 95%.
É
importante citar que o desajuste é
estrutural, não é momentâneo. Quando pegamos o fluxo financeiro integrado,
pegamos por quem vai fazer funcionar a
economia: o primeiro motor é o CONSUMO DAS FAMÍLIAS. Se isso quebra, trava
o outro motor, que são as empresas. E, como foi tirada do Estado a capacidade
de redinamizar a economia com políticas anticíclicas através de investimentos e
de políticas sociais, simplesmente se “amarrou” o país.
O
que funcionou nos Estados Unidos em tempo de crise? O New Deal, isto é, redinamizar na base, reforçar a demanda, que, por
sua vez, gera atividade empresarial, que gera impostos, e a geração de impostos
cobre o que o governo gastou para redinamizar a economia. A reconstrução da
Europa também se deu assim.
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HENRIQUE MEIRELLES Atual Ministro da Fazenda - Não por acaso, este ex-executivo de grandes bancos está com a chave do cofre brasileiro desde Lula até agora, com Michel Temer!!! |
IHU On-Line — Em seu novo livro, «A era do capital improdutivo. A nova arquitetura do poder: dominação financeira,
sequestro da democracia e destruição do planeta», o senhor traz três
elementos chaves para pensar as sociedades contemporâneas. Brevemente, o senhor
poderia explicar como esses três eixos se relacionam e geram esse problema
estrutural?
Ladislau
Dowbor: No
primeiro capítulo especifico isso, e essa parte é um desafio comum, pois não
ocorre só no Brasil; é um desafio geral. Do
lado ambiental temos:
1) o
clima, que é um desastre planetário,
porque a humanidade tem muita dificuldade de enfrentar problemas globais de
longo prazo e de visão sistêmica.
2)
Há contaminação e poluição dos oceanos,
rios, lagos etc. O Golfo do México,
por exemplo, está morto, o mar Báltico
está morto, uma parte do Mediterrâneo
está morta, e por aí vai.
3)
Além disso, há a sobrepesca dos oceanos,
que está liquidando com os peixes.
4)
As pesquisas do WWF de 1970 a 2010 mostram que em 40 anos nós destruímos 52% da fauna do planeta.
5) Saíram
pesquisas na Alemanha sobre a eliminação
de insetos pelo uso de produtos químicos, sendo que os insetos são
fundamentais para a polinização.
Outra
dimensão é a desigualdade, que está
atingindo níveis altos. Esse negócio de
1% da população ser mais rica que os 99% restantes é absolutamente
insustentável, não só no plano ético, mas em particular no plano ético,
porque essas grandes fortunas não são
produtoras, mas sim extratoras do capital. De certa maneira, por mais que
xingássemos o capitalista que criou uma fábrica de sapatos e explorava seus
trabalhadores, pelo menos ele estava gerando emprego, produzindo sapatos e
pagando seus impostos. Os investidores,
ao contrário, não pagam impostos e não estão produzindo; apenas extraindo.
Na
realidade, a desigualdade tem a dimensão ética, pois não podemos deixar 800
milhões de pessoas morrendo de fome, e tem a dimensão política, porque nenhuma
economia consegue funcionar dessa forma. A
desigualdade e a destruição do planeta significam que estamos destruindo o
planeta por causa de uma minoria. Sabemos, com base em dados e
estatísticas, quais são os problemas ambientais que temos, que precisamos mudar a matriz de transporte e a
matriz energética, que temos que organizar
a inclusão produtiva e a renda básica universal na base social e sabemos
onde estão os recursos — eles estão nos paraísos fiscais.
Em 2012, nos
paraísos fiscais, havia entre 21 e 32 trilhões de dólares,
quando o PIB mundial
era de 73 trilhões, isto é, ¼ do PIB.
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Este livro desnudou a imensa concentração de renda que está ocorrendo no capitalismo financeiro moderno. Leitura imprescindível! |
O
imenso Acordo de Paris garantia
levantar 100 bilhões de dólares ao ano para enfrentar a dinâmica ambiental, mas
o que está parado nos paraísos fiscais dá duzentas vezes mais esse valor. Foram
feitas reuniões em Nova Iorque, sobre a Agenda 2030, e em Paris, sobre as
mudanças climáticas, e também a reunião de Adis Abeba, que é menos falada
porque foi um desastre. O objetivo desta última era definir como iríamos
financiar tanto as metas de Paris quanto as de Nova Iorque. Esses recursos apropriados pelo sistema
financeiro, que não são produtivos, têm que ser reorientados para financiar a
mudança na forma como tratamos a natureza e o planeta e a forma como tratamos
nossos cidadãos. Isso é interessante não só porque é bom para o planeta e
para a humanidade, mas porque em termos econômicos funciona. Quando a Coreia do
Sul investiu 960 milhões para melhorar a tecnologia do transporte coletivo nas
grandes cidades, não só gerou um monte de pesquisas tecnológicas, como também
gerou um monte de empregos e o barateamento do transporte. Com isso temos o
chamado “círculo virtual positivo”.
O
básico do problema é que o sistema financeiro se tornou extremamente poderoso.
A popularidade do livro do Piketty demonstrou cabalmente que, enquanto se remunera a 7% a aplicação
financeira, que não produz nada, o PIB cresce a 2% ou 2,5%, ou seja, o dinheiro
vai para onde rende mais. Quando Martin
Wolf, economista-chefe do Financial Times — um cara de imensa visibilidade
mundial para a área financeira —, disse que esse sistema perdeu sua
legitimidade, temos que começar a pensar.
IHU On-Line — Como o senhor observa o cenário para as eleições
do ano que vem? O que podemos esperar?
Ladislau
Dowbor: Eu,
francamente, acredito que a única personalidade que poderia reunir forças
sociais suficientes para gerar uma transformação positiva ainda é o
ex-presidente Lula. [Tenho muitas dúvidas sobre
isto!!!]
IHU On-Line — Apesar das controvérsias?
Ladislau
Dowbor: As
controvérsias são criadas. Eu conheço o Lula há mais de 30 anos, do tempo em
que nos reuníamos com Paulo Freire, Florestan Fernandes, Paul Singer etc. Dizer
que Lula tem apartamento lá ou aqui é ridículo, inclusive em termos de
montantes. Se tivessem encontrado alguma coisa, já se saberia; a dimensão
jurídica já é uma armação. Com as armações que se fazem em termos políticos, em
termos do judiciário, achar que não há armação contra o Lula, francamente!
Tudo isso aqui virou uma zona política que
gerou uma imensa insegurança e gerou algo que, ao meu ver, é uma das coisas mais perigosas e mais
críticas, que é a convicção de boa parte da sociedade de que esse negócio de
política não funciona, de que o cinismo político é geral. Isso pode ser
catastrófico, porque abre as portas para o FASCISMO com muita facilidade.
O
resgate das dimensões democráticas é vital.
Quando
viajo — viajo muito para o interior e trabalho muito com desenvolvimento local
—, vejo que para grande parte da população existe a memória de que em 10 anos
foram feitos imensos avanços. O
brasileiro, de 1991 a 2010, ganhou nove anos a mais de vida. Essa memória
está dispersa em 5.580 municípios; isso não gera força política, mas existe, e
essa memória tem uma grande força.
Eu
sou suficientemente realista para saber que, no caos que foi criado, ninguém
pode prever os resultados da próxima eleição. Se viesse uma proposta nova, mas não, estão arrancando pedaços de quem
pode e votando para proteger uns aos outros, porque amanhã é a sorte do outro.
Qualquer previsão é irresponsável;
simplesmente não sabemos. Tem uma frase muita simpática do José Ortega y Gasset, filósofo, que
diz: “No sabemos lo que pasa y es
exactamente eso lo que pasa” [tradução: Não
sabemos o que se passa e é exatamente isso o que se passa].
Assista
ao vídeo
com a
íntegra da conferência do Prof. Dr. Ladislau Dowbor,
clicando
sobre a imagem abaixo:
Fonte:
Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Sexta-feira, 3 de novembro de 2017 – Internet:
clique aqui.
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