«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Cidadão quem


RICARDO SEMLER *

Falta aula de sabedoria. 
Onde, na escola, discute-se filosofia, amor, ética ou costumes a fundo?

DEVE ter passado pela cabeça estatística de Dominique Strauss-Kahn, durante o suposto ataque sexual, a chance de ele ser preso. Fez uma conta, mesmo que psicologicamente perturbada, e errou. Talvez pela primeira vez, já que é expert em matemática e deve ter tirado primeiro lugar na matéria desde o jardim de infância.

Não deve ter sido diferente com o "inseminador do futuro" Arnold Schwarzenegger [foto ao lado], nem com a versão tupiniquim de Strauss-Kahn, o escorregadio Roger Abdelmassih.

A questão é a da matemática - e da probabilística. Como o Bill Clinton também, são pessoas que estavam no ápice de suas profissões, de impressionantes inteligências e que não conseguem manter o zíper fechado.

Patologias? Certamente.

Doença mental? Também, com variações.

Mas tudo tem elo com a escola e a formação da pessoa como um todo.

Como não se mede sabedoria, a escola não tem espaço para ela, apenas para equações de terceiro grau.
Nessas matérias, todos esses cidadãos imperfeitos e selvagens foram bem. Receberam ovação dos pais, da escola, dos Enem's.


E a formação no que realmente interessa para ser um cidadão pleno, com inteligências quantitativa e emocional equilibradas? Aparece no Pisa? Não. Então, por pressão dos pais e da sociedade, não se perde tempo com isso.

Falta aula de sabedoria. Onde, na escola, discute-se filosofia, amor, ética ou costumes a fundo? Onde há um projeto que poderia ser chamado de "Cidadão Quem"? Uma aulinha por dia - de "leitura do mundo", digamos, onde se questionem as manchetes e o professor confesse que não sabe tudo - bastaria.

Onde, no currículo, discutem-se as questões civilizatórias? O direito à eutanásia, o uso da burca ou os poderes que o dinheiro compra?

Valeria entender a corrupção como peça estrutural na engrenagem humana, ou a questão das centenas de japoneses que estão se contaminando na limpeza do reator nuclear - são eles, afinal, heróis, funcionários comuns em serviço ou simplesmente trouxas?

A arrogância de sexualmente submeter uma mulher pode ser evitada em aulas de sabedoria. Afinal, 497 mil paulistas elegeram um deputado que diz que, em havendo vontade sexual, pode-se estuprar, mas não matar (Strauss-Kahn teria seguido a orientação?). Faltou aos eleitores essa aula. A mesma que evitaria que experts em decoreba tornem-se essa multitude de líderes emocionalmente analfabetos.

O MEC já permite que se empurre aulas de trigonometria para dar espaço a aulas subjetivas como essas.
Mas nenhuma escola o faz. Pensemos na implementação. As camareiras do mundo ficariam aliviadas.

* RICARDO SEMLER, 51, é empresário. Foi scholar da Harvard Law School e professor de MBA no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Foi escolhido pelo Fórum Econômico de Davos como um dos Líderes Globais do Amanhã. Escreveu dois livros ("Virando a Própria Mesa" e "Você Está Louco") que venderam juntos 2 milhões de cópias em 34 línguas. Escreve a cada 14 dias neste espaço.

Fonte: Folha de S. Paulo - Segunda-feira, 23 de maio de 2011 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saber/sb2305201103.htm

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