«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Igreja no Brasil e os atuais desafios


RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS *

Além dos campos da pobreza e da violência, temos igual preocupação com a fragilidade ética diante do bem comum e com as notícias de corrupção

Um olhar responsável para o presente e para o futuro do Brasil percebe, ao mesmo tempo, preocupações e esperanças. Alegra-se com um país que se empenha em se modernizar, tornar-se uma nação cada vez mais influente nos destinos do mundo, para que a amplitude territorial corresponda à importância política, social e econômica.

Estamos vivendo o primeiro semestre dos novos governos federal e dos Estados. A possibilidade, portanto, de muito se fazer em benefício do país e de seu povo é grande. As maiores preocupações encontram-se nos campos da pobreza e da violência. Dados oficiais indicam que mais de 16 milhões de brasileiros ainda vivem em situação de extrema pobreza.

A violência permanece ativa em suas variadas formas, desde aquelas mais agudas, como o massacre de crianças numa escola do Rio de Janeiro, até a violência cotidiana, por exemplo, dentro dos lares, nas relações pessoais, no comércio de drogas, nas chacinas e na facilitação em se conseguir armas.

Preocupam igualmente a fragilidade ética diante do bem comum e as constantes notícias de corrupção. Neste ano, com a Campanha da Fraternidade, a Igreja no Brasil alertou a respeito da responsabilidade ecológica de todos, com risco até de destruição do planeta.

A tudo isso soma-se o que se convencionou chamar de mudança de época. Experimentamos aguda alteração nos valores, nas atitudes e nas referências. Muito do que, até pouco tempo, servia para orientar, sustentar e reagir diante dos problemas tem perdido vigor, trazendo, a pessoas e grupos, a forte sensação de perplexidade diante de como pensar, sentir e agir.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
Ao lado dessas preocupações, o mesmo olhar responsável encontra inúmeras iniciativas que fazem brotar a esperança. Percebe-se, por exemplo, o esforço por novas formas de vida comunitária, relações econômicas que não se escravizam ao lucro, revalorização da família, grupos organizados na sociedade civil investindo na reintegração humana, ações nos campos da saúde, da educação ou da alimentação.

As duas leis de iniciativa popular, tanto a nº 9.840, sobre corrupção eleitoral, quanto a da Ficha Limpa, mostraram até onde se pode chegar quando a consciência do bem comum, a responsabilidade ética e a organização se articulam.

Como se vê, há muito pelo que agradecer a Deus, mas também há muito a ser feito. A Igreja sabe que não depende somente dela realizar o futuro. Num tempo de pluralidade e parcerias, a Igreja é consciente de que sua presença haverá de ser, ao mesmo tempo, firme na própria identidade e incansável no diálogo.

Em sua identidade, a Igreja tem a máxima certeza de que lhe cabe a irrenunciável tarefa de anunciar Jesus Cristo e o reino de Deus, tirando, desse anúncio, as consequências para cada uma das situações concretas que o dia a dia vai apresentando. Ao fazê-lo, a Igreja sabe que, em decorrência do próprio Jesus Cristo, haverá de dialogar com todos os que, de coração sincero, buscam o bem comum.

As diretrizes gerais para ação evangelizadora, aprovadas na última assembleia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), indicam alguns desses desafios e apontam, à luz do Evangelho, caminhos a serem percorridos.

Indicam uma Igreja que se firma no discipulado de Jesus Cristo, voltando-se ainda mais às fontes da fé.
Uma Igreja que se coloca, de modo inquestionável, ao lado da vida, em especial a vida fragilizada, ameaçada e desrespeitada.

Uma Igreja samaritana, irmã dos mais pobres e que se quer cada vez mais aberta ao diálogo ecumênico e inter-religioso. Uma Igreja, enfim, em que cada batizado reconhece e assume o valor testemunhal de sua própria vida.

* CARDEAL DOM RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS [foto acima], arcebispo de Aparecida (São Paulo), é presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Fonte: Folha de S. Paulo - Tendências/Debates - Domingo, 22 de maio de 2011 - Pg. A3 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2205201107.htm

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