«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 3 de maio de 2011

SEM FIM [Excelente análise!]


JANIO DE FREITAS 

Ataque a Gaddafi e morte de Bin Laden são grandes feitos, 
mas sem resposta para os conflitos em causa


FIM DE SEMANA perfeito para a civilização ocidental: no sábado, bombardeio à casa de Gaddafi, com presumida e previsível morte de um filho seu e de netos pequenos; no domingo, ataque à casa de Osama Bin Laden [foto acima], matando-o e a pelo menos uma mulher e um homem não identificados de imediato.

Grandes feitos, mas sem resposta alguma para os impasses e os conflitos em causa. O mistério da morte deixa de estar nos mortos e assume, nos dois casos, a forma de indagações voltadas para o futuro dos vivos e de mais temores no seu presente.

O êxito festejado na morte de Bin Laden foi pela morte em si mesma. Não buscou outro sentido senão o da vingança, não propriamente cristã, pela monstruosidade do maior de seus crimes.

A caçada a Bin Laden estava ciente de que o comando efetivo da Al Qaeda passara a outras cabeças. Em especial à do médico egípcio Al Zawahiri - como lembrou, poucas horas depois da morte de Bin Laden, o embaixador do Brasil no Paquistão, Alfredo Leoni, portador de informações próprias dessas representações oficiais no caldeirão paquistanês. Não era mais ao chefe da Al Qaeda que a caçada buscava, era a Bin Laden em pessoa. Aí, o êxito.

Festejo peculiar: recheado de alertas transmitidos pelo mundo afora, ordens de redobrada vigilância, de prontidões e de acessos fechados, mais tensão e medo.

As esperadas retaliações recairão onde, quando e como? Que modalidade tendem a adotar? E o que ainda pode ser feito para preveni-las? Afinal, a morte de Bin Laden vai servir, ou não, de estímulo a adesões jovens à Al Qaeda, a mais terrorismo? E, o que talvez seja uma interrogação mais pertinente do que aparenta: o que levara Bin Laden a estar, supõe-se que escondido, em meio a um centro militar das Forças Armadas do Paquistão?

As perguntas se multiplicam e as respostas não se oferecem, porque não é ainda o seu tempo. De um modo ou de outro, a maioria de nós vai pagar a espera com mais restrições e constrangimentos, quase sempre produtos de pouca inteligência e muita prepotência. Mais cedo ou mais tarde, tinha de acontecer.

Muitos comentários à morte de Bin Laden consideram encerrar-se nesse fato uma etapa da história internacional. O mais provável é que o encerramento se dê quando haja respostas para as perguntas que ganharam força ou apareceram nos escombros inertes em uma casa na insuposta Abbottabad. Até lá, é a continuidade sem fim perceptível.

Bin Laden e Gaddafi mostraram traços em comum. É natural que deles, em vida ou em morte, se projetem semelhanças nas perguntas que lançam. Gaddafi não está sob ataque por vingança. Antes seria por hipocrisia e ingratidão de muitos dos que até poucos meses o visitavam como amigos ou associados. E com ele negociavam petróleo, gás e, claro, as armas para a Líbia. Bilhões de euros iluminados por orgias italianas, turismo à francesa, cortesias inglesas, além de se prestarem a reservas para as incertezas da existência.

O ataque à morada familiar e suas consequências cegas não são fatos que Gaddafi e seus fiéis, como são vistos, deixem passar sem represália. Qual, onde, contra qual dos atacantes? Não é menos obscuro o efeito que o episódio tenha no confronto líbio, já um atoleiro em que os governantes da Otan enfiaram as botas sem saber, agora, como tirá-las.

Para que não falte uma resposta: o mundo está melhor? Não há quem saiba.

Fonte: Folha de S. Paulo - Poder - Terça-feira, 3 de maio de 2011 - Pg. A6 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0305201105.htm

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