«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

33º Domingo do Tempo Comum - Ano C - HOMILIA

Evangelho: Lucas 21,5-19

21,5 Como lhe chamassem a atenção para a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos, Jesus disse: 
6 “Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”. 
7 Então o interrogaram: “Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá para saber-se que isso se vai cumprir?” 
8 Jesus respondeu: “Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais após eles. 
9 Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim”. 
10 Disse-lhes também: “Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. 
11 Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu. 
12 Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 
13 Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. 
14 Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, 
15 porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 
16 Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 
17 Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 
18 Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 
19 É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação”. 

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
TEMPOS DE CRISE

Nos evangelhos se recolhem alguns textos de caráter apocalíptico nos quais não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs, envolvidas em situações trágicas enquanto esperam, com angústia e em meio a perseguições, o final dos tempos.

Segundo o relato de Lucas, os tempos difíceis não devem ser tempos de lamentações e desânimo. Não é, tampouco, a hora da resignação ou da fuga. A ideia de Jesus é outra. Justamente em tempos de crise "tereis a oportunidade de testemunhar".

É, portanto, quando nos é oferecida a melhor ocasião para dar testemunho de nossa adesão a Jesus e ao seu projeto. Estamos, ainda, sofrendo com cinco anos de crise que está atingindo duramente a muitas pessoas.* O que aconteceu neste tempo nos permite conhecer com realismo o estrago social e o sofrimento que ela está gerando. Não é hora de nos perguntar como estamos reagindo?

Talvez, a primeira coisa seja revisar nossa atitude fundamental: Temos nos posicionado de maneira responsável, despertando nós um sentido básico de solidariedade, ou estamos vivendo de costas para tudo aquilo que possa disturbar a nossa tranquilidade?

O que fazemos a partir de nossos grupos e comunidades cristãs? Temos uma linha de atuação generosa, ou vivemos celebrando nossa fé à margem do que está acontecendo?

A crise está abrindo uma fratura social injusta entre aqueles que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão sendo excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Será que sentimos o apelo para fazermos alguns "cortes" em nossa vida para, desse modo, podermos viver os próximos anos de maneira mais sóbria e solidária?

Pouco a pouco, estamos conhecendo mais a respeito daqueles que estão ficando mais indefesos e sem recursos (famílias sem nenhuma renda, desempregados por longo tempo, imigrantes enfermos...). Preocupamo-nos por abrir os olhos a fim de ver se podemos nos comprometer em aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em algum tipo de iniciativa realista a partir de nossas comunidades?

Não podemos nos esquecer que a crise não cria, somente, empobrecimento material. Gera, além disso, insegurança, medo, impotência e sensação de fracasso. Destrói projetos, afunda famílias, acaba com a esperança. Não deveríamos recuperar a importância da ajuda entre familiares, o apoio entre vizinhos, a acolhida e o acompanhamento a partir da comunidade cristã...? Poucas coisas podem ser mais nobres, nestes momentos, que aprender a cuidar-nos mutuamente. 

COM PERSEVERANÇA

Desaparecerá, um dia, aquilo que os homens estão construindo com tanto esforço, suor e lutas?

Os cientistas não têm dúvidas: a espécie humana, o planeta Terra, o sistema solar e as galáxias não existirão para sempre. Discute-se se será por excesso de calor ou de frio, porém um dia tudo terminará. A distância deste final não impede que nasçam em nós perguntas nada insignificantes. Se é assim, que será de nossa vida?, qual é o destino da humanidade?, o que dizer desse Deus que é buscado e invocado pelas diferentes religiões?

Entretanto, nas sociedades modernas do Ocidente, acomodadas no bem-estar, não se quer pensar em final algum. Vive-se, em geral, com uma sensação de segurança inamovível. Apesar de todos os conflitos e tragédias, o mundo sempre irá melhorar. Não é imaginável a destruição, somente o progresso. Falar do "fim do mundo" é coisa de pessimistas impenitentes ou de visionários apocalípticos. 

Nem o poder dos poderosos é tão poderoso nem a segurança do progresso é tão indiscutível. De repente, parece que se nos revela um pouco mais da inconsistência do ser humano, sua incapacidade de construir um mundo mais digno e sua impotência para salvar a si mesmo.

Continuamos escravos do velho e perverso mecanismo da "ação e reação". Justifica-se, mais uma vez, a guerra que mata novos inocentes e não se pensa em dar um novo rumo à política mundial. Novamente, haverá a vitória dos ganhadores, porém não haverá nem paz nem mais justiça no mundo. Nas sociedades do bem-estar "tudo vai ficar bem", porém no mundo cinquenta milhões de pessoas continuarão morrendo de fome.

As palavras de Jesus, recolhidas no que se costuma chamar de "apocalipse sinótico" , são de um realismo surpreendente: a história estará tecida por guerras, ódios, fomes e mortes, e, depois, um dia chegará o Fim.

No entanto, a sua mensagem é de uma confiança incrível: deve-se continuar buscando o reino de Deus e sua justiça, deve-se trabalhar por um "homem novo", deve-se seguir crendo no amor. "Com a vossa perseverança salvareis vossas almas".

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

* O autor está se referindo aqui à crise econômica que assola a Europa e os Estados Unidos há vários anos, e que tem provocado um enorme desemprego, especialmente em meio aos jovens, bem como, empobrecimento crescente da população, fechamento de empresas e cortes brutais em assistência médica e outras à pessoas mais carentes.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Quinta-feira, 14 de novembro de 2013 - 10h34 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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