«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Favela tem muito acesso a bens e pouco a empregos

Wilson Tosta


Estudo mostra que não faltam TVs e celulares em área pobre, 
mas é baixo número de morador com curso superior e carteira assinada
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Retrato da desigualdade brasileira, a pesquisa Aglomerados Subnormais - Informações Territoriais apontou que a maioria dos moradores das áreas mais pobres do Brasil tem TV e telefone celular, mas está muito mais longe da universidade e do trabalho formal do que os habitantes da cidade formal. O trabalho, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela um País de pronunciado abismo social, com 11.425.644 pessoas morando nesses bairros construídos à margem das regras do planejamento urbano - em sua maioria, nas popularmente conhecidas favelas.   

Muitos vivem em áreas marcadas pela precariedade e pelo risco: 

  • 11.149 moradias estão fincadas em aterros sanitários, lixões e áreas contaminadas, 
  • 27.478 casas estão nas imediações de linhas de alta tensão, 
  • 4.198 domicílios perto de oleodutos e gasodutos, 
  • 618.955 construções penduradas em encostas. 
Para fins de pesquisa, um aglomerado subnormal é definido pelo IBGE como "uma área ocupada irregularmente por certo número de domicílios, caracterizada, em diversos graus, por limitada oferta de serviços urbanos e irregularidade no padrão urbanístico".

Espécie de mapa das coletividades precárias e/ou à margem dos serviços públicos do Brasil - favelas, mocambos, loteamentos -, o estudo toma por base o Censo 2010 e aponta, naquele ano, 3.224.529 domicílios particulares nessas regiões à margem da cidade formal. Em seu trabalho, os pesquisadores se depararam com extremas proximidades e desigualdades de acesso a bens e serviços na comparação entre as áreas de aglomerados e as outras regiões das grandes cidades brasileiras.

Segundo o instituto, nas duas regiões das cidades pesquisadas quase 100% dos domicílios brasileiros possuíam televisão: 96,7% nos aglomerados e 98,2% nas demais regiões. E mais de 53,9% das residências nas ocupações informais tinham apenas telefone celular, ante 34,8% no restante formalizado dos municípios.

O acesso dos pobres a símbolos da modernidade contrasta fortemente com 
  • os apenas 1,4% dos habitantes dos aglomerados com curso superior completo (14,7% nos demais) e 
  • os 27,8% de moradores dos subnormais sem carteira de trabalho assinada (20,5% no restante das cidades).
"Não são cidades que se contradizem", explicou o técnico do IBGE Maurício Gonçalves e Silva. "O processo é um só e é altamente coerente o que acontece ali, diante da dinâmica do próprio País e de formação de cada uma dessas cidades."

Desenvolvimento

A pesquisa constatou que 77% dos domicílios das áreas de moradia informal, precária, pobre e/ou com serviços precários ficavam, em 2010, em Regiões Metropolitanas com mais de 2 milhões de habitantes. O IBGE descobriu ainda que 59,4% da população de aglomerados estava em cinco Regiões Metropolitanas: 
  • São Paulo (18,9%), 
  • Rio (14,9%), 
  • Belém (9,9%), 
  • Salvador (8,2%) e 
  • Recife (7,5%). 
Outros 13,7% acumulam-se em outras quatro: 
  • Belo Horizonte (4,3%), 
  • Fortaleza (3,8%), 
  • Grande São Luís (2,8%) e 
  • Manaus (2,8%). 
Essas nove regiões abrigam 73,1% da população de áreas informais identificadas na pesquisa.

Em seu levantamento, o IBGE constatou que a imagem da favela carioca pendurada em uma elevação não é o perfil majoritário desse tipo de área no País. A pesquisa constatou que:
  •  1.692.567 (52,5%) dos domicílios em aglomerados subnormais do País estava em áreas planas
  • 862.990 (26,8%) em aclive/declive moderado; e 
  • apenas 68.972 (20,7%) em aclive/declive acentuado.
Curiosamente, foi na Região Metropolitana de São Paulo que os pesquisadores do IBGE encontraram mais domicílios em áreas com predomínio de aclive/declive acentuado (166.030). Em seguida, vem a de Salvador (137.283). A Região Metropolitana do Rio é apenas a terceira nesse quesito, com 103.750 domicílios.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Quinta-feira, 7 de novembro de 2013 - Pg. A34 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,favela-tem-muito-acesso-a-bens-e-pouco-a-empregos-,1094033,0.htm
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Região Metropolitana de Belém 
tem maior proporção de favelas


Roberta Pennafort

Mais da metade da população da capital paraense vivia nessas áreas em 2010
Palafitas em Belém (PA)
Das cinco principais regiões metropolitanas do Brasil, a de Belém, com seis municípios e 2,1 milhões de habitantes, é a que tem maior proporção de aglomerados subnormais em seu espaço urbano, segundo a pesquisa Aglomerados Subnormais - Informações Territoriais, baseada no Censo 2010, divulgada nesta quarta-feira, 6, pelo IBGE. Mais da metade de sua população vivia nessas áreas em 2010.

A capital concentra maior número de domicílios nessas condições, 66%, e eles tendem a ocupar terrenos de grande extensão. A área central da cidade é a de melhor oferta de serviços e infraestrutura e é a mais valorizada também por ser seca (a região é cortada por rios, riachos e canais).

Os aglomerados fixaram-se primeiro nas proximidades do centro, e mais recentemente em bairros mais distantes, destinados à habitação pelo governo, porém de estrutura menos desenvolvida. São comunidades muito adensadas, com pouco espaçamento entre as residências.

As casas mais precárias, em geral palafitas, ficam em áreas alagadas, para as quais a população mais pobre foi "empurrada" por causa do alto preço do metro quadrado nas zonas mais nobres. Em períodos de chuva, a água invade as residências, que não contam com saneamento básico. Os moradores são, em grande parte, migrantes que se deslocam do interior do Pará para Belém em busca de emprego.

Marituba, cidade-dormitório da Região Metropolitana de Belém, tem a mais elevada proporção de moradores em aglomerados subnormais do País: 77,2% da população. É um município de alta densidade demográfica e que exporta sua mão de obra para Belém, distante 11 quilômetros, por não oferecer postos de trabalho suficientes.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Notícias/Brasil - 06 de novembro de 2013 - 10h03 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,regiao-metropolitana-de-belem-tem-maior-proporcao-de-favelas-diz-ibge,1093776,0.htm
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ANÁLISE

Cinco mitos sobre favela desfeitos pelo Censo 2010

José Roberto de Toledo

A favela superou o clichê. A proverbial do morro carioca da Previdência (para onde soldados da Guerra de Canudos transpuseram o nome de um morro sertanejo no qual vicejava uma planta chamada favela) é uma exceção até no Rio de Janeiro: 57% dos domicílios "favelados" da cidade ficam no plano. Só 15% estão em encostas íngremes. O "morro" mítico dos sambas foi aterrado há tempos.

Tampouco a maioria das pessoas "prefere" morar em favelas para estar perto do trabalho. Em São Paulo, três de quatro habitantes dos ditos "aglomerados subnormais" levam mais de uma hora para ir e voltar do emprego - a proporção é 27% maior do que para o resto dos paulistanos. A regra se repete em 76% das cidades: o "favelado" perde mais tempo no trânsito que os demais [ver gráfico acima].

O estudo do IBGE mostra que morar em "favela" é, acima de tudo, uma adaptação à geografia. É outro mito imaginar que o cenário é sempre o mesmo.

Em Natal, 40% das moradias "subnormais" ocupam dunas ou praias. Na paulista Cubatão, 29% ficam em manguezais. Em Linhares, no Espírito Santo, 38% ocupam irregularmente unidade de conservação ambiental. E em Petrópolis, na serra fluminense, local de repetidos e trágicos deslizamentos, 86% das moradias desse tipo estão em declives acentuados (superior a 16,7 graus).

Risco de outro tipo mas também grave há em 17 cidades onde há casas em lixões, aterros sanitários ou áreas contaminadas.

Favela não é tudo igual nem geográfica, nem urbanisticamente. Em Belford Roxo (RJ), 89% dos domicílios dessas aglomerações têm acesso a arruamento regular. Já em Vitória (ES), 72% das casas faveladas não têm rua por perto porque estão no morro.

Em quinto, mas não em último lugar, o morador da favela não vive nela porque lhe faltou escola. Em Niterói (RJ), 27% têm diploma de nível superior. E não só lá: são 24% em Florianópolis, 23% em Santos (SP) e 20% em Curitiba e Porto Alegre. 

Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Quinta-feira, 7 de novembro de 2013 - Pg. A34 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cinco-mitos-sobre-favela-desfeitos--pelo-censo-2010--,1094048,0.htm

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