«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 24 de novembro de 2013

ALGO ESTÁ ERRADO [!!!]

J. R. GUZZO
Complexo penitenciário da Papuda (Brasília, DF)

Alguma coisa deu terrivelmente errado com o Brasil de hoje. Só pode ser isso: com o dramático início do cumprimento das penas pelos condenados do mensalão, nessa feia penitenciária da Papuda, a corrupção na vida política brasileira deveria estar na defensiva. Se os principais chefes do partido que manda no Brasil há dez anos foram para a cadeia, o lógico seria esperar mais cautela dos bandos que operam nos escalões inferiores; afinal, se a impunidade de sempre falhou até com a turma que está no topo da árvore, poderia falhar de novo com qualquer um.

Uma retração geral da roubalheira, nessas circunstâncias, teria de estar acontecendo em todo o território nacional. Mas os fatos mostram exatamente o contrário: justo agora, com Papuda e tudo, está no ar um espetáculo de corrupção maciça, sistemática e rasteira na prefeitura de São Paulo, envolvendo possíveis 500 milhões de reais em prejuízos para o público, duas administrações e fiscais que chegavam a ganhar 70 000 reais por semana desviando dinheiro do ISS [imposto sobre serviços] municipal. Mas essa turma toda não deveria estar com medo do ministro Joaquim Barbosa? Não teria de parar um pouco, pelo menos durante este momentos de mais calor no Supremo Tribunal Federal? 

Sim, sim, mas está acontecendo o contrário - rouba-se mais, e não menos. Que diabo estaria havendo aí? É uma disfunção do sistema; parece que o programa não está respondendo.

Sem dúvida, vive-se no Brasil de hoje um momento todo especial. De todos os instrumentos conhecidos para fazer concentração de renda, poucos são tão selvagens quanto a corrupção; lideranças que se colocam na vanguarda das "causas populares", como se diz, deveriam, para merecer algum crédito, ser as primeiras no combate a essa praga.
Gilberto Kassab e Lula

Mas não foi possível notar, quando esse último escândalo estourou, a mínima preocupação do mundo político oficial com os fatos denunciados - é como se 500 milhões fossem um mero trocadinho, coisa para o juízo de pequenas causas, talvez, ou algo a ser tratado como um empurra-empurra em escalões inferiores. A reação do maior líder político do país, o ex-presidente Lula, e das cúpulas do PT resumiu-se a uma única questão: como evitar que o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que se estranhou no episódio com o seu sucessor petista, Fernando Haddad, crie problemas para a candidatura à reeleição da presidente Dilma, em 2014. Afinal, trata-se de um aliado - e aliados estão acima de tudo para a "governabilidade" da nação, tal como ela é vista no partido do governo.

Foi precisamente por aí, na verdade, que se chegou até aqui: de apoio em apoio, de acordo em acordo, de negócio em negócio, Lula e o PT tornaram-se iguais às forças políticas que mais combateram quando eram oposição, e que sempre denunciaram como as grandes culpadas pelo atraso, pobreza e injustiça do Brasil.

Ao fecharem os olhos à corrupção e a outras taras que degeneram a vida pública no país, e ao descartarem como "moralismo" toda e qualquer denúncia contra a imoralidade, criaram os corvos que hoje os perseguem. Nada mais merecido, para quem adotou essa opção, do que ver na cadeia José Dirceu e José Genoino, suas "figuras históricas" e astros do mensalão - e em plena liberdade, com sua vida política cada vez melhor, os Sarney e os Collor, os Maluf e os Calheiros, inimigos de ontem e sócios de hoje.
Não era assim que estava programado.

* * * * * *
Harry Truman - ex-presidente dos EUA

Há personagens que nos presenteiam com momentos de grande conforto. O ex-presidente Harry Truman, dos Estados Unidos, até hoje o único ser humano a utilizar armas atômicas em guerra, é um deles. 

Depois de deixar a Presidência, como lembra um relato que tem circulado no mundo digital, recusou todas as ofertas financeiras que recebeu das grandes empresas americanas para exercer cargos de diretor, ou consultor, ou membro do conselho, ou qualquer atividade paga por elas.

"Vocês não querem a mim", dizia Truman, certo de que ninguém estava interessado em pagar para ouvir suas ideias, conhecimentos ou lições. "Vocês querem é a imagem do presidente. Isso não está à venda."

O ex-presidente Lula, e antes dele Fernando Henrique, e antes de ambos Bill Clinton, e depois dos três a presidente Dilma Rousseff e o presidente Barack Obama, têm todo o direito às fortunas que já ganharam ou vão ganhar das maiores corporações do mundo com suas palestras. Mas dão direito, também, a que se faça uma pergunta: do ponto de vista da decência comum, qual das duas posturas parece ser a mais bonita?
Valeu, Mr. Truman.

Fonte: Revista VEJA - Edição 2349 - Ano 46 - Nº 48 - 27 de novembro de 2013 - Pg. 168.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.