«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 10 de agosto de 2019

19° Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia

Evangelho: Lucas 12,32-48

José María Castillo
Teólogo católico espanhol
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DEUS É NOSSO, NÓS SOMOS DE DEUS

Jesus não tolera o medo, nem deseja que seus discípulos sintam a ameaça do medo.

Este ensinamento é fundamental no Evangelho. Ou seja, quem crê em Jesus deve ser pessoa sem medo. Por quê? Muito simples: porque o Reino não é uma promessa, é uma possessão que já é daqueles que creem. E falar do Reino é falar de Deus. Com efeito, a expressão «Reino de Deus» é uma forma de designar a Deus mesmo. Portanto, o que, em realidade, afirma Jesus é algo enorme: Deus é vosso. Isto é, Deus entregou-se, o tendes à vossa disposição. O dom de Deus a seus crentes é Deus mesmo. Deu-se a nós. Que medo pode existir, se as coisas são assim?

A consequência é lógica: se vossa possessão é Deus, para que quereis o restante?
Desprendei-vos de qualquer forma de apropriação. Fazei com os outros, o que Deus fez convosco. A doação de si a quem se quer amar. Porém, o que é ter a Deus? E, em consequência, o que é dar-se aos demais?

Vejamos: o que nos separa uns dos outros é a propriedade. O que é meu não é teu. E isso – a experiência nos diz – nos separa, nos distancia, cria rivalidades, enfrentamentos, invejas, ódios e rancores... As coisas mais feias da vida. Ter a Deus e ser de Deus, isso, compartilhado com os outros, é querer-nos, é dar-nos, é sentir-nos seguros, desfrutar do que nos faz mais felizes, que é o carinho compartilhado, a confiança mútua, a segurança no outro. Nisto, nada mais e nada menos, consiste a utopia à que aspiramos, o anseio que semeia o Evangelho no mais profundo de nossos seres.

Supondo aquilo que foi dito, todo o resto não necessita explicação. Flui por si mesmo. Aquele que vive assim, vive vigilante. Contagia felicidade. É boa pessoa e bom cidadão. Porque é uma pessoa que, igualmente como Deus fez com Jesus, humanizou-se até o mais profundo de seu ser.
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José Antonio Pagola
Biblista e teólogo espanhol

VIVER EM MINORIA

Lucas recompilou em seu evangelho umas palavras cheias de afeto e carinho, dirigidas por Jesus aos seus seguidores e seguidoras. Com frequência, costumam passar desapercebidas. Entretanto, lidas hoje com atenção a partir de nossas paróquias e comunidades cristãs, são de uma surpreendente atualidade! É o que precisamos escutar de Jesus nestes tempos não fáceis para a fé.

"Meu pequeno rebanho". Jesus olha com ternura para o seu pequeno grupo de seguidores. São poucos. Tem vocação de minoria. Não devem pensar em grandezas. Jesus os imagina, assim, como um pouco de "fermento" oculto na massa, uma pequena "luz" em meio à escuridão, um punhado de "sal" para dar sabor à vida.

Depois de séculos de "imperialismo cristão", os discípulos de Jesus têm de aprender a viver em minoria. É um erro aspirar por uma Igreja poderosa e forte. É um engano buscar poder mundano ou pretender dominar a sociedade. O evangelho não se impõe pela força.

Difundem o evangelho aqueles que vivem segundo o estilo de Jesus,
tornando a vida mais humana.

"Não tenhais medo". É a grande preocupação de Jesus. Não quer ver os seus seguidores paralisados pelo medo nem mergulhados no desânimo. Jamais deverão perder a confiança e a paz. Hoje, também, somos um pequeno rebanho, porém podemos permanecer muito unidos a Jesus, o Pastor que nos guia e nos defende. Ele pode nos fazer viver nestes tempos com paz.

"Foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino". Jesus recorda isso mais uma vez. Não devem se sentir órfãos. Seus discípulos e discípulas têm a Deus por Pai. Ele lhes confiou o seu projeto do reino. Esse é o seu grande presente. A melhor coisa que devemos ter em nossas comunidades é isso: a tarefa de fazer a vida se tornar mais humana e a esperança de caminhar na história rumo a uma salvação definitiva.

"Vendei o que possuís e dai esmolas". Os seguidores de Jesus são um pequeno rebanho, porém nunca devem ser uma seita fechada em seus próprios interesses. Não viverão de costas às necessidades das pessoas. Será uma comunidade de portas abertas. Compartilharão os seus bens com os necessitados de ajuda e solidariedade. Darão esmolas, isto é, "misericórdia". Este é o significado original do termo grego.

Os cristãos, todavia, precisarão de algum tempo para aprender a viver em minoria no meio de uma sociedade secular e plural. No entanto, há algo que podemos e devemos fazer sem esperar por mais nada: transformar o clima que se vive em nossas comunidades e torná-lo mais evangélico. O Papa Francisco nos está indicando o caminho com seus gestos e seu estilo de vida.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – Ciclo C (2018-2019). Bilbao: Desclée De Bouwer, 2018, páginas 303-304; PAGOLA, José Antonio. La buena noticia de Jesús: Ciclo C. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, 2018, páginas 197-199. 

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