Papa é claro...
“Basta de cristãos
hipócritas. A verdadeira conversão é a que chega ao bolso”
Bianca Fraccalvieri
Vatican News
21-08-2019
Uma
vida marcada somente em tirar proveito e vantagem das situações em detrimento
dos outros provoca inevitavelmente
a morte interior
PAPA FRANCISCO Discursa durante a Audiência Geral da Quarta-feira - dia 21 de agosto de 2019 Aula Paulo VI - Vaticano |
Em sua catequese, o Papa
Francisco comentou a “comunhão integral na comunidade dos fiéis” e
afirmou: uma vida marcada somente em tirar proveito e vantagem das situações em
detrimento dos outros provoca inevitavelmente a morte interior.
Na Sala Paulo VI, o Papa
Francisco acolheu fiéis e peregrinos para a Audiência Geral desta
quarta-feira (21/08).
O Pontífice deu prosseguimento ao
seu ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos
(2,42-47) e nesta ocasião falou sobre a “comunhão integral na comunidade dos
fiéis”.
A conversão começa no bolso
A comunidade cristã nasce da efusão
do Espírito Santo e cresce graças ao fermento da partilha entre os irmãos em
Cristo. “Trata-se de um dinamismo de solidariedade que edifica a Igreja como
família de Deus, onde a experiência da koinonia é um elemento
central”, explicou o Papa. Esta palavra grega, que significa colocar em
comum, partilhar, comungar, refere-se, antes de tudo, à participação no
Corpo e Sangue de Cristo, que se traduz na união fraterna e também na comunhão
dos bens materiais.
“O sinal de que o seu coração se converteu é quando
a conversão chegou ao bolso.
Ou seja, ali se vê se uma pessoa é generosa com os outros, se
ajuda os mais pobres:
quando toca o próprio interesse.
Quando a conversão chega ali, está certo de que é
verdadeira.”
Os fiéis têm um só coração e uma só
alma e não consideram propriedade própria aquilo que possuem, mas colocam tudo
em comum. Por este motivo, nenhum deles passava por dificuldade.
Francisco então enalteceu os muitos cristãos que fazem voluntariado, que
compartilham o seu tempo com os outros.
Esta koinonia ou comunhão se
configura como a nova modalidade de relação entre os discípulos do Senhor.
O vínculo com Cristo instaura um vínculo entre irmãos. Ser
membro do Corpo de Cristo torna os fiéis corresponsáveis uns pelos outros.
Ser indiferente, não
se preocupar com os outros,
não é cristão, recordou o Papa.
Por isso, os fortes amparam os
fracos e ninguém experimenta a indigência que humilha e desfigura a dignidade
humana.
PAPA FRANCISCO Cumprimenta os fiéis que estiveram na Aula Paulo VI nesta quarta-feira, 21 de agosto de 2019 |
Imbróglio de consequências
trágicas
Como exemplo concreto de partilha e
comunhão dos bens, Francisco citou o testemunho de Barnabé: ele possui
um campo e o vende para oferecer o dinheiro aos Apóstolos (At 4,36-37). Mas ao
lado do seu exemplo positivo há outro tristemente negativo: Ananias e a sua
mulher Safira, ao venderem o terreno, decidem entregar somente uma parte
aos Apóstolos e ficar com a outra para eles (At 5,1-11). Este imbróglio
interrompe a cadeia da compartilha gratuita, serena e desinteressada e as
consequências são trágicas e fatais.
Turismo espiritual
“A hipocrisia é o pior inimigo
desta comunidade cristã, deste amor cristão: fazer de conta de querer
bem, mas buscar somente o próprio interesse.” Faltar com a sinceridade da
compartilha, acrescentou o Papa, significa cultivar a hipocrisia, afastar-se da
verdade, se tornar egoístas, apagar o fogo da comunhão e destinar-se ao gelo da
morte interior.
“Quem se comporta assim transita na Igreja como um turista, há
tantos turistas na Igreja que estão sempre de passagem, jamais entram na
Igreja: é o turismo espiritual que faz com que pensem ser cristãos, mas são
somente turistas de catacumbas. Não devemos ser turistas na Igreja, mas
irmãos uns dos outros.”
Uma vida marcada somente em tirar
proveito e vantagem das situações em detrimento dos outros provoca
inevitavelmente a morte interior. O Pontífice então concluiu:
“Que o Senhor derrame sobre nós o
seu Espírito de ternura, que vence toda hipocrisia e coloca em circulação
aquela verdade que nutre a solidariedade cristã, a qual, longe de ser atividade
de assistência social, é uma expressão irrenunciável da natureza da Igreja que,
como mãe cheia ternura, cuida de todos os filhos, especialmente dos mais
pobres.”
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