“Não Matarás!” A lei e a defesa da vida
Nota Pública do
Centro de Estudos Bíblicos
– CEBI
Direção Nacional do CEBI
Os
atuais governantes deveriam sentir vergonha de se
afirmarem
cristãos e estarem ao lado de agentes religiosos
escarnecedores
e usurpadores do Evangelho de Jesus de Nazaré
“Não matarás!” (Ex 20,13)
é a lei fundamental em defesa da vida. Ouvimos e aprendemos de nossas mães e de
nossos pais. Antigamente, lá no antigo Israel dos clãs e famílias que se
organizavam em tribos, estas palavras em sua dimensão social, política,
econômica, representavam a ordem máxima do direito humano de viver. Matar é
crime e não há prerrogativas e condições que permitam tal desatino. A lei é
curta e clara: “não matarás!”.
Não é de se estranhar que este
mandamento não faça parte da agenda e propostas políticas de desgovernos que
atentam contra a vida do povo e dos empobrecidos. Uma sociedade que arma os
indivíduos é incapaz de amar o próximo e de descobrir Deus presente no/a
outro/a.
Na defesa da vida, a ordem é: Não às armas. O projeto desde o começo do
governo eleito em 2018 foi de armar a sociedade e, consequentemente, o aumento
da violência contra trabalhadores e trabalhadoras, contra os povos originários
(reservas indígenas), os povos quilombolas e a gente organizada nos movimentos
de luta por melhorias de vida. Certamente representa o projeto de aliança dos
grupos defensores do boi, do agronegócio e da bala e os comparsas nas mais
diferentes instituições políticas que em outra via, anunciam eliminação de
vidas e ódio.
Não faz muito tempo que Evaldo
Rosa dos Santos teve o seu carro alvejado com 80 tiros e Luciano Macedo
(catador de reciclados) foi alvejado por simplesmente tentar ajudar a família
que estava sendo violentada e na linha da eliminação. Os militares atiraram
e assassinaram dois trabalhadores e pais de família. As autoridades
públicas e políticas simplesmente afirmaram que foi fatalidade. Nos últimos dias, vidas de jovens
inocentes foram ceifadas de seus lares e do convívio comunitário-social e o
governo do Rio de Janeiro com discurso de ódio a afirmar que a culpa daquelas
mortes eliminadas por seus agentes de segurança e forças militares está no “colo
dos pseudodefensores dos direitos humanos” e “os defensores dos direitos
humanos são os coveiros desses jovens e dessas famílias que hoje estão chorando”.
Ah! Quem defende a vida não tem
as mãos sujas de sangue. Justamente quem violenta a vida é que tira sangue e se
mancha com sangue. As balas que tiraram as vidas daqueles jovens vêm de
ações e projetos que seguem a ordem contrária à vida: matem!
É estarrecedor ouvir tais
afirmações de autoridades que deveriam prezar pela vida e garantir direitos
para todas e todos. No entanto,
no cenário político e governamental não é de se estranhar. Armas, devastação,
eliminação, liberalismos, mortes… entre outros somam-se ao sangue derramado. Se
ao menos as autoridades políticas e governamentais lessem fielmente a Bíblia e
resgatassem os valores e princípios fundamentais do Projeto do Deus do Israel
tribal em defesa dos mais empobrecidos, sentiriam vergonha de afirmarem que
são cristãos ou de estarem em púlpitos, rodeados por agentes religiosos
escarnecedores e usurpadores do Evangelho de Jesus de Nazaré.
O Centro Ecumênico de Estudos
Bíblicos (CEBI) não aprova tais desmandos e afirmações em nome de Deus, da fé
do povo e das tradições evangélicas. Simplesmente ouçam o que diz o
Evangelho e a lei de Deus: amai-vos uns aos outros e não matarás! Construam
uma cidade digna e um país melhor seguindo as leis que defendem a vida e
produzindo políticas em favor da vida. Assim, prevalecerá a ordem
fundamental: Não Matarás! (Ex 20,13)
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