«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mal-estar na periferia. ''É só o começo!''


Valeria Fraschetti
La Repubblica - Roma
09.08.2011

O escritor Hanif Kureishi (foto ao lado), conhecedor do mal-estar das periferias, afirma: "Este é só o começo. Agora, a revolta irá contagiar toda a Europa".

"Esses tumultos nada mais são do que o início de uma temporada de revoltas que irá durar anos e irá contagiar o resto da Europa": palavras de Hanif Kureishi. 

E é preciso ouvi-lo, porque ele, nascido de pai paquistanês e de mãe inglesa, escritor e dramaturgo britânico entre os mais lidos na Itália, conhece bem o mal-estar que se esconde por trás das violências que explodiram em vários bairros desfavorecidos de Londres.

Ele não ambientou só nos subúrbios pobres e multiétnicos da capital alguns dos seus romances mais célebres, começando pelo Budda delle periferie (Ed. Bompiani). Mas o bairro onde ele vive com sua família, o Shepherd's Bush, em West London, também não é tão diferente do de Tottenham, epicentro das guerrilhas urbanas.

"Há áreas onde muitíssimos jovens andam armados e fazem uso de drogas. Os de 30 anos nunca trabalharam e nunca vão trabalhar, cidadãos britânicos e não imigrantes, que, em geral, são párias de um sistema econômico do qual jamais conseguirão fazer parte" .

Eis a entrevista.

As desordens "não têm nada a ver com a morte do jovem", assassinado pela polícia, como defende o vice-primeiro-ministro Clegg?

Elas brotam de um mal-estar com raízes principalmente econômicas. Não por acaso a raiva foi lançada sobretudo contra as lojas, símbolo do acesso ao bem-estar que lhes é negado.

A partir de quais fatores?

A crise econômica de 2008 atingiu os pobres mais duramente. E os habitantes desses bairros nada mais são do que os mais pobres da sociedade. Eles não pertencem à classe média: jamais se tornarão médicos ou professores. Para muitos, o principal passatempo é o crime; no máximo o rap. Vivem em áreas onde o desemprego está entre os mais altos do país. Além disso, com a consciência de que a sua condição irá se agravar ainda mais nos próximos cinco anos. Era previsível que um pretexto qualquer faria a situação explodir.

Por que precisamente agora? As medidas de austeridade aprovadas pelo governo Cameron estão sendo sentidas?

Certamente, os cortes reduziram os subsídios do desemprego, os centros juvenis e outros serviços sociais. E o desconforto só aumenta.

Como o governo irá controlar isso?

São necessários investimentos, dinheiro, que o governo não tem. Assim como Itália, Grécia, Espanha não têm. Por isso, acho que estamos só no início de um período de forte instabilidade social.

O que une essas revoltas com as de 1985? Naquele tempo, também estouraram durante um período de forte austeridade.

Assim como hoje, os Tory [conservadores] estavam no poder, o desemprego era alto, e a criminalidade generalizada.

Contra a qual o Estado fez muito pouco.

Houve investimentos e progressos, sobretudo com Blair. Mas também é preciso que as comunidades façam a sua parte, erradicando a cultura do fracasso presente. Mas agora é impossível: as pessoas já não têm mais esperança.

Tradução é de Moisés Sbardelotto.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - 09/08/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=46202

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