«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Segredos do câncer começam a ser desvendados


GEORGE JOHNSON 
THE NEW YORK TIMES

Durante a última década, a pesquisa do câncer foi orientada pela visão de como uma célula evolui e se torna um tumor maligno.

Através de uma série de mutações aleatórias, os genes que promovem a divisão celular entram em marcha acelerada, enquanto os genes que normalmente enviam sinais para restringir seu crescimento são "desligados". As mutações se acumulam, permitindo que as células cancerosas enganem outras proteções e invadam tecidos vizinhos.

Esses princípios básicos - expostos 11 anos atrás em um trabalho decisivo, "The Hallmarks of Cancer" [As Características do Câncer], de Douglas Hanahan e Robert A. Weinberg [foto ao lado], e revistos em um artigo complementar este ano, "The Hallmarks of Cancer: The Next Generation" [As Características do Câncer: A Próxima Geração] - ainda servem como principal paradigma.

Mas descobertas recentes tornam a imagem mais complexa. O câncer parece ser ainda mais calculista do que se imaginava.

A maior parte do DNA foi durante muito tempo considerada lixo. Somente 2% do genoma humano contêm o código para fabricar as enzimas que uma célula de câncer transforma em seus próprios dispositivos.

Hoje em dia o DNA "lixo" é chamado mais respeitosamente de DNA "não codificante", e os pesquisadores encontram pistas de que "pseudogenes" que espreitam nessa região obscura podem ter um papel no câncer.

"Estivemos concentrando nossa atenção obsessivamente em 2% do genoma", disse o doutor Pier Paolo Pandolfi [foto abaixo], professor de medicina na Escola de Medicina de Harvard. Mas sinais vindos das duas regiões do genoma participam do delicado equilíbrio entre o comportamento normal das células e a malignidade.

A informação codificada no DNA do genoma é copiada pelo RNA mensageiro, depois transportada para estruturas subcelulares chamadas ribossomos, onde as instruções são usadas para montar proteínas.

Espreitando nos bastidores, fragmentos chamados micro-RNAs antes pareciam pouco mais que "ruído" molecular. Mas eles têm aparecido com destaque crescente nas teorias sobre o câncer.

Ao ligar-se ao RNA mensageiro de um gene, o micro-RNA pode evitar que as instruções atinjam seu alvo e também pode modular o sinal de outras maneiras.

Aumentando um pouco a complexidade, o doutor Pandolfi tem uma elaborada teoria que envolve micro-RNAs e pseudogenes. Para cada pseudogene existe um gene regular que codifica proteína. (Acredita-se que ambos derivem de um gene ancestral comum, o pseudogene rejeitado no passado evolucionário quando ele se tornou disfuncional.) Enquanto os genes normais expressam sua vontade enviando sinais do RNA mensageiro, os pseudogenes danificados ou são mudos ou falam coisas sem sentido.

Era o que se acreditava de modo geral. Pouca coisa é desperdiçada pela evolução, e o doutor Pandolfi acredita que os sinais de RNA dos genes e dos pseudogenes interagem através de linguagem que envolve micro-RNAs.

Em seu primeiro trabalho sobre as "marcas", os doutores Hanahan e Weinberg previram que dentro de 20 anos o circuito de uma célula cancerosa estaria mapeado tão completamente quanto os componentes de um chip de computador.

Hoje parece haver transistores dentro dos transistores. "Ainda acho que o diagrama das conexões, ou pelo menos seu esboço, poderá ser compreendido dentro de uma década", disse o doutor Weinberg por e-mail. "Os micro-RNAs podem ser mais parecidos com minitransistores ou amplificadores, mas seja qual for a representação eles ainda precisam ser soldados no circuito de alguma maneira."

Com tanto maquinário interno, os tumores malignos estão sendo comparados com órgãos rejeitados que brotam dentro do corpo.

Em seu trabalho complementar, Weinberg e Hanahan citaram duas "marcas emergentes" que a futura pesquisa poderá revelar como cruciais para a malignidade - a capacidade de uma célula aberrante reprogramar seu metabolismo para alimentar seu rápido crescimento e escapar à destruição pelo sistema imune.

Os pesquisadores ainda consideram a possibilidade de que as células possam trocar informação com micróbios da boca, pele, sistema respiratório, aparelho urogenital, estômago e sistema digestivo. Cada micróbio tem seu próprio conjunto de genes, que interagem com os do corpo humano trocando sinais moleculares.

"Eles enviam sinais metabólicos entre si - e estão constantemente enviando substâncias químicas que estimulam nossos processos biológicos", disse Jeremy K. Nicholson, presidente de química biológica no Imperial College em Londres.

Pessoas de diferentes locais geográficos podem abrigar diferentes ecossistemas microbianos. No ano passado, cientistas relataram evidências de que o microbioma japonês adquiriu um gene para a enzima que digere algas marinhas. O gene, que não é encontrado no aparelho digestivo dos norte-americanos, pode ajudar na digestão das algas usadas em sushis. A ideia de que pessoas em diferentes regiões do mundo tenham coevoluído com diferentes ecossistemas microbianos pode ser um fator para explicar por que elas costumam sofrer cânceres diferentes.

A composição do microbioma também muda. Com higiene, dieta e antibióticos, os níveis do micróbio Helicobacter pylori no trato digestivo humano têm diminuído nos países em desenvolvimento, e junto o câncer de estômago. Ao mesmo tempo, porém, o câncer de esôfago aumentou.

O doutor Zhiheng Pei, da Universidade de Nova York, disse que dois tipos de ecossistemas microbianos foram identificados no esôfago humano. Seu laboratório descobriu que as pessoas com esôfago inflamado ou com uma condição pré-cancerosa chamada esôfago de Barrett têm maior probabilidade de abrigar o que chamou de microbioma Tipo 2.

"As características do câncer: a próxima geração" poderá ter uma sequência - com modificações inesperadas como no filme "Jornada nas Estrelas".

O inimigo dentro de nós é tão formidável quanto invasores vindos do espaço. Para vencê-lo, a ciência mergulha no universo da célula viva.

Fonte: Folha de S. Paulo/The New York Times - Ciência & Tecnologia - Segunda-feira, 29 de agosto de 2011 - Pg. 5 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/ny2908201115.htm

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