«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

''Não podemos tratar Breivik como um louco'' [Importante análise!]

ENTREVISTA:
JEAN ZIEGLER - sociólogo e ex-político suíço

Jamil Chade

Especialista alerta que grupos radicais têm encontrado terreno fértil para atrair simpatizantes com base no medo e na crise

O fortalecimento do discurso de extrema direita na Europa ameaça a democracia e precisa ser contido 

O alerta é do acadêmico e ex-político suíço Jean Ziegler [foto], um dos sociólogos de maior prestígio na Europa. Em entrevista ao Estado, Ziegler aponta para o "terreno fértil" que partidos extremistas encontram para recrutar simpatizantes, com base no discurso do medo, na crise e numa apatia política dos demais partidos.

No próximo mês, o sociólogo lança mais uma obra no Brasil, Ódio ao Ocidente, da Editora Cortez. A seguir, os principais trechos da entrevista.

A polícia norueguesa acredita que Anders Breivik agiu sozinho. O sr. considera que foi um ato isolado?

Certamente o autor é um monstro e não há outra palavra para descrevê-lo. Mas ele é revelador. Deixou um testamento de mil páginas, com uma ideologia clara e sólida, adotou uma estratégia militar e contava com recursos. Tudo isso é sério e não podemos tratar Breivik como um louco. O incidente requer uma posição séria de todas as forças políticas da Europa para repensar sobre o que ocorre.

Por que esse incidente é tão revelador?

Porque ele mostra o que ocorre quando grupos políticos usam o medo, a xenofobia e o racismo para ganhar espaço e poder. O resultado pode sair do controle. Pessoas como esse assassino agem supostamente para liberar a Europa dos imigrantes e de políticos que defendem esses imigrantes. A proteção da Europa é o grande projeto.

Como é que, apesar dos esforços, a Europa não conseguiu evitar a volta do extremismo de direita?

Há duas fontes para esse ressurgimento. Esses grupos alimentam-se do êxito visto entre os ultraconservadores americanos. Outro fator é a crise econômica. Hoje, existem 18 milhões de desempregados na Europa. Há um sentimento claro de insegurança e medo do amanhã. E é nessa base que grupos neonazistas, por exemplo, encontram espaço. A crise é profunda na Europa e extremistas não têm tido dificuldade para recrutar jovens que nunca conseguiram trabalho e querem explicação para o que os atinge.

Qual tem sido a repercussão política dessa tendência de fortalecimento dos grupos extremistas?

Esses grupos criam movimentos políticos legalizados para chegar ao poder e fortalecem os que existiam. Na Suíça, o partido UDC já é o maior do país e, em outubro, vencerá facilmente as eleições. Na França, Marine Le Pen poderá ter mais votos que os socialistas em 2012. Na Holanda, o país mais multicultural da Europa, a extrema direita tem amplo eleitorado.

Mas esses partidos tomaram a decisão de se distanciar do massacre em Oslo.

Claro. Não estou dizendo que são a mesma coisa. A xenofobia e o racismo passaram a ser aceitos no debate público e esse é o perigo.

Como o sr. acha que a Europa deve reagir agora ?

Esse incidente pode ser um fator fundamental. Os partidos europeus precisam reagir e despertar contra o risco real do extremismo. O discurso racista e xenófobo é inimigo da humanidade e não pode ser autorizado. Ele fere a democracia. Partidos de centro e esquerda adotaram um tom de conciliação com a extrema direita e isso está sendo mortal. O extremismo deve ser visto como ele é: uma peste.

Qual deve ser o modelo usado para garantir que esse multiculturalismo possa existir?

Não posso pensar em um modelo mais exemplar que o do Brasil. O multiculturalismo é a sociedade brasileira e líderes europeus deveriam olhar um pouco para o Brasil para tentar tirar algumas lições de que a existência de diferentes grupos não enfraquece a sociedade. Muito pelo contrário.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Domingo, 31 de julho de 2011 - Pg. A15 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110731/not_imp752321,0.php

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