«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O que está acontecendo no Chile? [É o que não acontece aqui!]



PAULA LOUZANO E GREGORY ELACQUA

Quanto mais uma sociedade tem acesso à educação, maior a demanda por qualidade; portanto, o Chile parece ser vítima de seu próprio sucesso

Há mais de dois meses, os estudantes estão em greve no Chile.
Mais de 70% da população apoia o protesto. É paradoxal que o melhor sistema de educação da região esteja vivendo uma crise, enquanto o Brasil, com indicadores educacionais bem piores, pareça satisfeito.

O Chile tem o mais alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da região. Noventa por cento dos jovens chilenos têm ensino médio completo, e mais de 50% estão no ensino superior. No Brasil, menos de 40% dos jovens conseguem terminar o ensino médio, e 10% chegam à universidade.

Quanto mais gente em uma sociedade tem acesso à educação, maior é a demanda por sua qualidade e pela ampliação do acesso a níveis mais altos. Portanto, o Chile parece ser vítima de seu próprio sucesso. O país fez a lição de casa na educação básica.

Além de aumentar seu acesso e conclusão, ampliou a jornada escolar criando um único turno. Todos os alunos têm sete horas de aula, e os professores trabalham em uma só escola. O gasto por aluno, além de maior que o nosso, é proporcional à renda da família: as escolas que atendem aos mais pobres recebem mais dinheiro.

A diferença no desempenho entre os pobres e os ricos já diminuiu, como mostrou a prova internacional do Pisa, mas a desigualdade ainda incomoda os chilenos.

Uma de suas reivindicações é que se escreva na Constituição que a qualidade da educação seja um direito garantido pelo Estado.

O grande problema está no ensino superior - estopim das manifestações. Mais de 75% do gasto está nas mãos das famílias.

O aumento no acesso incluiu os mais pobres - sete de cada dez estudantes são os primeiros da família a ingressar em um curso superior -, mas eles têm dificuldades em pagar as mensalidades, e as bolsas de estudos são escassas.

As taxas de juros do crédito educativo são altas para o padrão chileno - de 6% a 8% ao ano -, e os graduados acabam comprometendo parte importante de sua renda no pagamento da dívida. Mais de 40% estão inadimplentes.

Soma-se a isso a percepção de que o Estado chileno não é capaz de fiscalizar as universidades privadas, que por lei não podem ter lucro, nem de garantir que elas entreguem uma educação de qualidade.

O progresso econômico do país, a diminuição da pobreza e a entrada dos chilenos na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aumentou a expectativa da sociedade sobre o seu desenvolvimento social.

Apesar de haver se distanciado dos países da região, o Chile olha para o mundo desenvolvido e percebe que ainda está longe de ser um país equitativo e justo.

Os jovens chilenos, ao contrário dos brasileiros, não parecem dispostos a esperar até 2020 para ter uma educação de qualidade para todos. Devemos aprender com o vizinho que ampliou as oportunidades educacionais e transformou a educação em prioridade nacional.

Não há dúvidas de que o Chile vai sair fortalecido dessa "crise".
Pena que nós, brasileiros, não estejamos passando pelo mesmo tipo de problema.

PAULA LOUZANO é doutora em educação pela Universidade Harvard (EUA) e pesquisadora da Fundação Lemann.
GREGORY ELACQUA é diretor do Instituto de Políticas Públicas da Universidade Diego Portales, no Chile.

Fonte: Folha de S. Paulo - Tendências/Debates - Opinião - Quarta-feira, 31 de agosto de 2011 - Pg. A3 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz3108201108.htm

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