«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A verdade sobre a "crise da dívida"

MARK WEISBROT

A direita venceu porque Obama escolheu colaborar com ela, tentando também aproveitar a "crise" fabricada

JÁ QUE a "crise da dívida" dos EUA vem recebendo tanto destaque na imprensa, vale a pena esclarecer o que é verdade e o que não é. Primeiro, o governo norte-americano não enfrenta uma "crise de dívida".
O serviço líquido da dívida pública dos EUA equivale a apenas 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) - o que não é muito nem em termos históricos nem na comparação internacional.

O deficit anual comparativamente grande que existe hoje (9,3% do PIB) se deve em larga medida à recessão e à recuperação fraca.

As projeções para o deficit em longo prazo são impulsionadas pelos custos da saúde no setor privado.
Eles influenciam os gastos públicos porque o governo dos EUA cobre quase metade dos custos de tratamentos de saúde, um nível quase duas vezes mais alto que o dos demais países desenvolvidos.

Jamais houve chance real de que os EUA decretassem moratória sobre sua dívida. Toda a "crise" foi fabricada desde o princípio, e os republicanos da Câmara dos Deputados usaram um truque legislativo para conseguir cortes de gastos impopulares que não foram capazes de impor à força pelas urnas.

E o truque funcionou: conseguiram um acordo que promete grandes cortes de gastos sem quaisquer aumentos nos impostos dos americanos ricos e muito ricos, cuja participação na renda nacional aumentou consideravelmente nas três últimas décadas.

A direita venceu porque o presidente Obama escolheu colaborar com ela, também procurando aproveitar a "crise" fabricada para implementar cortes que ofenderam e magoaram as pessoas que votaram nele. É claro que ele desejava elevar os impostos pagos pelos ricos, mas, ao aceitar como legítima a extorsão republicana, saiu derrotado nisso.

O pior estrago causado por essa "arma de distração em massa" - e pela capitulação do presidente Obama diante dela - é que o debate político nos EUA se alterou radicalmente. A falsa "crise da dívida" é vista como o principal problema e, de modo ainda mais absurdo, como causa da fraqueza da economia.
A economia americana mal cresceu neste primeiro semestre, e temos 25 milhões de pessoas desempregadas, trabalhando apenas em tempo parcial a contragosto ou que já desistiram de procurar emprego.

Já andamos um terço do caminho para uma "década perdida", e a virada do debate político na direção da redução do deficit tornará mais provável que percamos mesmo a década toda.
Caso o presidente Obama perca o controle das duas casas do Congresso e/ou a Presidência, na eleição do ano que vem, as causas terão sido a economia fraca, o desemprego alto e o fato de que permitiu que seus oponentes não apenas sabotassem a economia - o que fizeram alegremente - como redefinissem o debate econômico de modo a que o presidente e seu partido levem a culpa pela bagunça.

Assim, da próxima vez que alguém se queixar de que a maioria da América do Sul é governada por presidentes populistas de esquerda que brigam demais com as elites de seus países, lembre-se de que há tipos piores de liderança: por exemplo, o tipo que comete suicídio político em nome do "bipartidarismo".

Tradução de PAULO MIGLIACCI.

Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Quarta-feira, 3 de agosto de 2011 - Pg. A16 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0308201110.htm

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