«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 13 de agosto de 2011

O etanol sob ameaça


Celso Ming

O governo Dilma e, mais particularmente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, carregam o risco de serem responsabilizados pelo esvaziamento do Programa do Álcool, um dos maiores sucessos da economia dos últimos 36 anos.

O consumo de álcool cresce à proporção de 5% ao ano, mas a produção está estagnada. Neste ano, as destilarias do Centro-Sul não devem oferecer mais do que 21 bilhões de litros, quebra de 17,25% sobre a produção de 2010.

A safra da cana-de-açúcar, matéria-prima do álcool e do açúcar, está no seu auge no Centro-Sul (80% da produção do País). E, no entanto, falta álcool. Os produtores já importaram neste ano 150 milhões de litros de álcool produzido de milho dos Estados Unidos para completar o abastecimento.

Há 5 anos não há renovação dos canaviais. A produção deve cair 8,4% neste ano em relação a 2010, para 510,2 milhões de toneladas. As causas imediatas são conhecidas: o plantio não cresce não há investimento nem em novas áreas nem no fortalecimento das culturas existentes. Afirmar que o clima não ajudou é fugir do coração do problema. A questão de fundo está nos custos de produção, que subiram e vão destruindo o maior argumento econômico a favor do etanol, produto não mais tão competitivo como era há alguns anos.

Os preços de mercado não ajudam, por não transporem a barreira da gasolina, cujos preços estão artificialmente estancados por decisão do governo. O álcool tem 70% da capacidade energética da gasolina. Ou seja, com o mesmo volume de álcool um carro flex roda 70% do que é capaz com gasolina. Significa que os preços do álcool ao consumidor não podem passar dos 70% dos preços da gasolina. Quando isso ocorre, o dono de um carro flex (40% do mercado) opta pela gasolina.

A atual relação de custos e preços está produzindo distorções também fora da cultura da cana e no setor sucroalcooleiro. Está também elevando o consumo físico de gasolina. Em 2010, foi 19% maior do que o de 2009; nos primeiros seis meses de 2011, já foi 6,6% maior. Por isso, a Petrobrás, que até 2009 exportava excedentes de gasolina, está sendo obrigada a abastecer-se no mercado externo. No ano passado, importou 505,1 bilhões de litros. Neste ano, essa importação pode subir 100%.

O último reajuste dos preços da gasolina no varejo foi em 2006, quando o barril de petróleo Brent, referência da Petrobrás, custava US$ 63. Hoje custa US$ 110. Mantega não admite o reajuste dos preços da gasolina e a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), faixa de imposto embutida no litro de gasolina, por fazer política anti-inflacionária com o caixa da Petrobrás.

O represamento dos preços da gasolina corresponde a um subsídio próximo dos 20%, um pedaço da conta que não é pago pelo consumidor - é tirado do caixa da Petrobrás. Essa é uma das principais razões pelas quais a empresa perde capacidade de investimento com recursos próprios, como admite seu presidente, com alguma relutância para não contrariar seus chefes no governo.

Enfim, o represamento dos preços não está sangrando somente a Petrobrás. Está esvaziando o setor produtor de açúcar e álcool, um dos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro.



Fonte: O Estado de S. Paulo - Economia - Sábado, 13 de agosto de 2011 - Pg. B2 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-etanol-sob-ameaca,757973,0.htm

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