Má alimentação gera prejuízo de US$ 3,5 tri por ano, afirma FAO

Tarso Veloso
Jornal VALOR ECONÔMICO
04-06-2013
ALAN BOJANIC - Representante da FAO Brasil
Os custos sociais e econômicos da alimentação deficiente no mundo chegam a US$ 3,5 trilhões por ano, segundo o relatório da FAO "Estado da Agricultura e Alimentação 2013: Sistemas de Alimentação para uma Melhor Nutrição", obtido com exclusividade pelo Valor. Publicado pela primeira vez em 1947, o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aborda um tema diferente a cada ano. Em 2013 o tema central foi como o sistema alimentar pode ajudar a melhorar a nutrição.

Segundo o estudo, a desnutrição materna e infantil ainda impõe um fardo maior do que o excesso de peso e obesidade, embora o último continue aumentando nas regiões em desenvolvimento. O desafio, segundo o representante da FAO Brasil, Alan Bojanic, é continuar o combate à fome e desnutrição ao mesmo tempo em que se deve prevenir ou reverter o surgimento de obesidade. O estudo será divulgado hoje em Roma.

"Apesar de o número de pessoas subnutridas no mundo ter se reduzido nos últimos anos, 868 milhões de pessoas ainda estão em situação de subnutrição, sem ingerir os nutrientes que precisam diariamente. Precisamos ter uma abordagem abrangente na nutrição. Não só distribuir alimentos, mas também produzir com alta qualidade em todas as regiões do planeta", disse Bojanic.

Entre 1990 e 2011, a prevalência da desnutrição nos países em desenvolvimento diminuiu cerca de 16 pontos percentuais, de 44,6% para 28%. Mesmo assim, existem 160 milhões de crianças raquíticas nos países em desenvolvimento hoje, em comparação com 248 milhões em 1990. "São vários fatores [que explicam a redução]. O reconhecimento do problema é o primeiro. Em seguida veio a disponibilização de recursos para grupos vulneráveis como, por exemplo, o Bolsa Família. Por fim, a educação alimentar é fundamental e isso passa por programas do governo como as compras da agricultura familiar para as escolas", disse Bojanic.

A prevalência global de sobrepeso e obesidade tem aumentado em todas as regiões, em sua maioria entre adultos. Entre 1980 e 2008, houve aumento de 24% para 34% de adultos com sobrepeso e obesos em todo o mundo. A prevalência somente de obesidade aumentou ainda mais rápido, dobrando de 6% para 12%. A região com mais obesos e adultos acima do peso é a América do Norte. Ao todo, 70% da população se enquadra nessas duas categorias. Em 1980, o percentual era 42%. A Ásia hoje registra níveis de sobrepeso e obesidade inferiores aos da África.

Essa alta nos níveis de sobrepeso e obesidade elevou os custos diretos de saúde, segundo análise feita pela FAO, com o resultado de 32 estudos entre 1990 e 2009 feitos em vários países de alta renda, bem como no Brasil e na China. Segundo o estudo da FAO, os custos diretos para adultos com despesas totais de saúde relacionadas à obesidade variaram de 0,7% a 9,1% dependendo do país. O custo dos cuidados de saúde para as pessoas com sobrepeso e obesidade é cerca de 30% superior ao de outras pessoas.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Terça-feira, 4 de junho de 2013 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/520668-ma-alimentacao-gera-prejuizo-de-us-35-tri-por-ano-afirma-fao

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