«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

''A ameaça dos lobbies vaticanos vai além da questão sexual''

Entrevista com John Allen Jr.

Paolo Mastrolilli
Vatican Insider
13-06-2013

O vaticanista norte-americano John Allen reflete sobre os comentários do Papa Francisco sobre o "lobby gay" e os enquadra nos esforços que o pontífice está fazendo para reformar a Cúria.
John Allen Jr. - Especialista norte-americano em Vaticano
Eis a entrevista.

O que o papa quis dizer, na sua opinião?

John Allen Jr.: É preciso lembrar que a frase sobre o "lobby gay" surgiu no contexto do escândalo Vatileaks, e a questão mais importante era quem estava agindo atrás das cortinas. A teoria era de que, talvez, houvesse alguns homossexuais envolvidos, não pelo fato de serem homossexuais, mas porque todos aqueles que têm um segredo a manter poderiam ser suscetíveis a pressões ou a chantagens. O que mais preocupa não é a orientação sexual, mas se há alguém que esteja agindo contra os interesses do papa.

Como funciona esse "lobby" dentro do Vaticano?

John Allen Jr.: Eu não tenho certeza de que se trata de um verdadeiro "lobby"... Eu duvido que haja reuniões ou apertos de mão secretos como saudação. De todos os modos, as pessoas que têm uma vida dupla (por razões sexuais, por dinheiro ou por qualquer outro motivo) muitas vezes sentem uma afinidade natural com outras pessoas que são como eles.

Esse comentário se referia aos esforços do papa para reformar a Cúria, aos abusos sexuais ou a ambos?

John Allen Jr.: Ele tem a ver com a reforma da Cúria Romana, na qual Francisco quer ter a certeza de que as decisões são tomadas pelos motivos certos, e não por pressões ocultas.

Na sua opinião, quando vai começar essa reforma e qual será a chave dos procedimentos do papa?

John Allen Jr.: Obviamente, Francisco está tomando o seu tempo, mas ele entendeu claramente que foi eleito pelos cardeais de todo o mundo com um mandato de reforma, porque eles estavam cansados do que consideravam como o mau governo do Vaticano.

Como foram recebidas as ações do Papa Francisco nos Estados Unidos?

John Allen Jr.: Até agora, Francisco goza de grande simpatia nos Estados Unidos. Um estudo recente revelou que 82% dos católicos norte-americanos aprovam o papa. Pelo fato de, em geral, estarem divididos, isso já é um pequeno milagre.

Tradução de Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Sexta-feira, 14 de junho de 2013 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521000-a-ameaca-dos-lobbies-vaticanos-vai-alem-da-questao-sexual-entrevista-com-john-allen-jr
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Papa teria admitido existência de
"lobby gay" no Vaticano


Rachel Donadio
The New York Times / Roma

Site divulga trechos da fala de Francisco durante reunião privada sobre dossiê que recebeu do antecessor, Bento XVI

Há anos, talvez séculos, esse era um dos segredos de Polichinelo que corriam em Roma: há prelados na hierarquia do Vaticano que são gays. Mas os cochichos ganharam amplitude esta semana, quando o papa Francisco, em audiência privada, teria admitido a existência de um "lobby gay", que operaria no Vaticano, competindo por poder e influência.

Num encontro da Confederación Latinoamericana y Caribeña de Religiosos y Religiosas [Conferência Latino-americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas]  no dia 6 deste mês, o papa referiu-se a um dossiê que recebeu do antecessor, Bento XVI: 
" 'O lobby gay' é mencionado no relatório, e existe mesmo, está aí. (...). Precisamos ver o que é possível fazer", 
disse Francisco, segundo síntese aproximada da reunião, publicada no site chileno Reflexión y Liberación [ver foto acima].

Na terça-feira, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, não desmentiu a notícia sobre a fala do papa, dizendo apenas que não faria comentários sobre um encontro privado. No fim do dia, o grupo latino-americano, uma organização regional que congrega padres e freiras de diversas ordens religiosas e é conhecida pela sigla Clar, confirmou as observações papais e divulgou um pedido de desculpas, no qual o grupo se diz consternado com a publicação do relato da reunião pelo site chileno.

Faz tempo que o "lobby gay" é alvo de especulações no Vaticano, as referências mais recentes à sua existência foram feitas em reportagens repletas de detalhes indecorosos, com base em fontes anônimas, publicadas pelo jornal La Repubblica e pela revista Panorama [ambos italianos] em março, pouco antes do conclave no qual o papa foi eleito.

As reportagens dizem que, antes da súbita decisão de se aposentar, em 28 de fevereiro, o então papa, Bento XVI, se exaurira com diversos escândalos de corrupção - envolvendo, entre outras coisas, as ações do que foi descrito como uma rede de padres gays que recorria à chantagens para obter influência e traficar segredos de Estado.

As reportagens informam que um dossiê secreto, feito por três cardeais encarregados por Bento XVI de investigar um escândalo de vazamentos de documentos, revelou as atividades da rede, da qual também faziam parte indivíduos não eclesiásticos, que poderiam chantagear clérigos homossexuais.

Na época, o Vaticano qualificou as reportagens de serem "não comprovadas, inverificáveis e completamente falsas".

Para os católicos, a notícia de que talvez existam gays no Vaticano - uma instituição para a qual a prática da homossexualidade é um pecado grave - deve cair como uma bomba. Mas antigos observadores da Cúria não se abalaram com os comentários do papa Francisco.

Um funcionário do Vaticano, diz não se espantar com o fato de Francisco ter mencionado um "lobby gay", mas observa que o texto publicado sobre a reunião é pobre em "tom e contexto".

"Numa instituição tão grande quanto o Vaticano, é natural que haja homossexuais", diz o funcionário. "Mas de conivência ou cooperação interna, eu nunca tive conhecimento."

Outros dizem que os comentários do papa estão de acordo com sua ênfase na abertura e transparência.

"Um lobby de pessoas que se chantageiam umas às outras prolifera quando você evita falar sobre o assunto", diz Alberto Melloni, historiador do Vaticano. "O papa está certo em falar. Assim, rompe-se o mecanismo que favorece a chantagem."

"A questão aqui é a chantagem e a vulnerabilidade a ela, não a homossexualidade", acrescenta Melloni.

De acordo com o resumo da fala do papa ao grupo latino-americano publicado pelo site chileno, Francisco afirmou que está adotando mais medidas para melhorar a governança no Vaticano, incluindo a instalação de uma comissão de oito cardeais, que ele nomeou em abril.

Para se ter acesso à matéria original publicada
pelo site chileno "Reflexión y Liberación",
clique sobre este link:

Tradução de Alexandre Hubner.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Quinta-feira, 13 de junho de 2013 - Pg. A21 - Internet: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/6/13/papa-teria-admitido-existencia-de-lobby-gay-no-vaticano

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