«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

As crianças na pandemia

A verdade acima de tudo

Rosely Sayão
Psicóloga

Dizer a verdade às crianças, amorosamente, sem falsas
promessas, é o melhor a fazer
Falando sobre morte com as crianças 
Nunca a morte – bem como a ideia dela – esteve tão em evidência para nós quanto nestes tempos de pandemia. Diariamente lemos, ouvimos, falamos, assistimos a reportagens e trocamos ideias a respeito da doença provocada pelo covid-19, da gravidade dela e da morte.

Sofrimento e morte: eis os temas que têm ocupado lugar privilegiado em nossos pensamentos. Muitos perderam pessoas próximas, com quem tinham laços de parentesco ou de vínculo de afeto. O sofrimento decorrente dessas perdas tem sido muito intenso e o luto, nada fácil. Afinal, quase todos foram privados do funeral e do enterro, rituais que ajudam a organizar o luto das pessoas. Mesmo quem não perdeu alguém conhecido ou próximo sofre por empatia.

Já lemos opiniões e análises de que as notícias sobre o número de infectados e mortes poderia desumanizar a dor da perda de tantos brasileiros, já que se as informações acabam se transformando em números e estatísticas. Entretanto, nossa humanidade não permite que ignoremos por completo o fato de que o sofrimento, a angústia, a ansiedade e o medo, entre outros, nos rondam neste período de pandemia e não há vacina tampouco tratamento efetivo para a doença.

Nesse panorama, é importante perguntar: como ficam as crianças e os adolescentes nesse contexto? Vale lembrar que todos eles estão com acesso a todas as informações do mundo adulto. Como será que entendem e elaboram essas questões? Como a ideia de morte é percebida? Como responder às perguntas que nos fazem?

Primeiramente, é preciso lembrar que a ideia da morte varia de acordo com o estágio de desenvolvimento da criança, bem como com as experiências já vivenciadas. Por exemplo: uma criança de 4 anos pode não entender a morte no seu real significado, e outra, da mesma idade e mesmo estágio de desenvolvimento, por viver em locais de extrema violência, pode ter um entendimento mais pleno da finitude humana.
A MORTE NÃO É O FIM – Biblia.com.br 
Vamos lembrar que a aceitação da morte é difícil até para adultos e que, a partir dessa ideia, as crianças passaram a ser poupadas da ideia da morte, como se isso fosse possível! Muitas famílias não contam aos filhos pequenos sobre a morte de um parente próximo e até criam mentiras para explicar a ausência das pessoas que morreram. Em vez de dizer, por exemplo, “o vovô morreu”, dizem: “o vovô viajou”. No geral, devemos sempre respeitar a criança e dizer-lhe a verdade.

Ocultar a morte para evitar sofrimento não ajuda em nada:
a criança percebe que há pessoas tristes ao redor e
a relação de confiança sofre, então, uma quebra.

Dizer a verdade à criança a respeito da morte pode sofrer variações de acordo com a idade dela. Para as que estão na primeira infância pode ser útil recorrer a alguns mitos. Por exemplo: “vovô morreu e agora está no céu, com as estrelas”, uma fantasia que ajuda a criança a elaborar o conceito.

Crianças maiores já entendem o significado da morte quase como um adulto: “É o fim”, me disse uma garota de 10 anos. E quando essa compreensão chega, em geral chega acompanhada de medo – medo de perder os pais, medo da morte.

Acolher amorosamente esse medo, sem falsas promessas, é o melhor que podemos ofertar. Não podemos garantir que ela não morrerá, mas podemos aquietar o quanto possível essa angústia: “Irei sempre cuidar de você e de sua saúde, da minha também”. Isso dá segurança à criança. E quando eles perguntam o que não sabemos? “Por que as pessoas morrem?” é uma curiosidade frequente. Responder que é “porque toda a vida acaba” é um modo delicado de apontar a finitude da vida.

E os adolescentes? Com eles, a questão é mais complexa porque, em tempos de pandemia, de isolamento físico, de quebra do acesso ao mundo adulto que eles vinham conquistando, a ideia de morte pode acrescentar à ansiedade e à tristeza deles um fator perigoso. Muitos amigos psiquiatras têm relatado a procura de pais de adolescentes que têm falado de ideias suicidas. Nesses casos, é preciso procurar rapidamente um profissional.

No geral, devemos incentivar no adolescente o amor à vida e o cuidado com ela, em qualquer situação, e nunca o desafio da morte.

Fonte: O Estado de S. Paulo – .Edu – Especial Coronavírus – Domingo, 12 de julho de 2020 – Pág. 14 – Internet: clique aqui (acesso em: 13/07/2020).

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