«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Entenda qual é a responsabilidade de Bolsonaro e Pazuello nesta pandemia

 A dupla do balacobaco

 Eliane Cantanhêde

Jornalista, comentarista da Rádio Eldorado, da Rádio Jornal (Pernambuco) e do telejornal Globonews em Pauta 

No Brasil faltam oxigênio, vacina, ministro da Saúde e presidente, mas panela faz barulho

PAZUELLO (ministro da saúde) & BOLSONARO (presidente da república): "Simples, assim, um manda e o outro obedece". Frase saída da boca risonha do general Pazuello. Quinta-feira, 22 de outubro de 2021.

Afinal, o que o ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, foi fazer em Manaus? Não viu, não ouviu e não soube nada, nem que o caos estava instalado e que as pessoas estavam prestes a ver seus pais, filhos e amores morrendo asfixiados, por falta de oxigênio nos hospitais. Ele só foi lá para uma coisa: tirar foto. E aproveitou para empurrar cloroquina encalhada para a população em pânico, como poção mágica. 

O colapso de Manaus e a crise das vacinas são a história de uma tragédia anunciada.

* Cadê o oxigênio para o Amazonas?

* Cadê as vacinas para os brasileiros?

* Cadê as seringas e agulhas?

* Cadê um plano nacional detalhado com governadores e prefeitos?

Cadê o “dia D e a hora H”? Já foram em março, dezembro, fevereiro, janeiro e o último chute foi o dia 20, próxima quarta-feira. Se fosse uma guerra tradicional, os soldados do intendente ficariam sem armas, sem balas e sem coturnos. 

A ida de Pazuello a Manaus teve o efeito oposto ao desejado: jogou a tragédia devidamente no colo do governo federal e agravou de vez a irresponsabilidade criminosa do presidente Jair Bolsonaro na pandemia.

Os vídeos, fotos e depoimentos desesperados de médicos e parentes rodaram o mundo, revelando um pandemônio, um inferno. Bolsonaro tentou culpar o Supremo, a nova cepa do vírus, o raio que o parta. Não cola. E ainda produziu duas pérolas: “Do Brasil, cuido eu”, “Fizemos a nossa parte”. Sim, nós vimos. 

Mulher chora e lamenta a morte da mãe por falta de oxigênio, em hospital de Manaus (AM)

E por que Bolsonaro insistiu tanto em trazer um tico de vacina da Índia a toque de caixa? Anunciou avião para um bate-volta, enviou bilhetinho para o primeiro-ministro Narendra Modi e acionou o Itamaraty para implorar aos indianos ao menos 2 milhões de doses (para 210 milhões de habitantes...). Todo esse empenho, que nunca se dignou a ter contra a pandemia, foi com um único objetivo: tirar a foto do primeiro vacinado antes do governador João Doria. 

Foi tudo um blefe. Desde o início, a Índia desconversou, pois a prioridade, obviamente, eram 1,3 bilhão de indianos.

O governo brasileiro, porém, garantiu que as doses viriam, anunciou o voo para quinta-feira, adiou para sexta, contou com a autorização de uso emergencial da Anvisa hoje, convocou governadores para a próxima terça e marcou o início da vacinação para quarta. Puf! O cronograma evaporou. Era só parte da realidade paralela de Bolsonaro. Nem a Fiocruz pôde salvar. 

O presidente, que vai negar a pandemia até o túmulo, combate isolamento e máscara, chama de “maricas” quem leva ciência e vida a sério, desdenha dos agora quase 210 mil mortos e trabalha contra vacinas. “Não tomo, pronto!”, anunciou, para confirmação internacional de que tipo de pessoa preside o Brasil. E insiste em fazer campanha contra a obrigatoriedade da vacina – que salva vidas e é a única fórmula para vencer a pandemia e retomar a normalidade da economia e do País. 

A dupla Bolsonaro-Pazuello é do balacobaco. “Quem manda” se esmera em negar a pandemia e dar maus exemplos. E “quem obedece” virou chacota. Os dois produzem um espetáculo grotesco ao buscar um destino para milhões de doses de cloroquina que Bolsonaro pediu ao “amigão” Donald Trump, obrigou os laboratórios das Forças Armadas a produzir e agora empurra goela abaixo das secretarias de Saúde. 

Sem a vacina da Índia (que é para inglês ver e bolsonarista bater bumbo), sem uma gota da Pfizer ou da Moderna, sem negociação com a Sputnik 5, que corre por fora, Bolsonaro só tem uma chance de dar uma rasteira em Doria e tirar a foto antes dele: “roubando” para si a vacina “do Doria” e “da China” [como já vimos domingo, 17 de janeiro, isso não aconteceu]. Goste ou não, ela é a única no Brasil, onde faltam oxigênio, vacina, ministro da Saúde e presidente, mas panela faz barulho. Dilma Rousseff sabe disso. Bolsonaro está começando a aprender. 

Depois da festa, a ressaca

 Eliane Cantanhêde 

Mais uma que Jair Bolsonaro perde e ele some, cala e usa o general de escudo e continua a mentir

MÔNICA CALAZANS, enfermeira da região de Itaquera, capital (São Paulo) é a primeira pessoa a receber a dose da vacina CORONAVAC da Sinovac/Butantan - Domingo, 17 de janeiro de 2021

Passada a festa histórica da primeira vacinação em São Paulo, vem a ressaca e, com ela, a realidade de um Brasil onde o presidente da República nega a pandemia e combate a vacina, o ministro da Saúde oscila entre ignorância, prepotência e mentira e, nessas mãos, o futuro da imunização é incerto, não sabido e preocupante. 

Goste-se ou não dele, é graças ao governador João Doria que o Brasil pôde começar a vacinar e os Estados estão recebendo avidamente suas primeiras doses. Se dependesse do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Eduardo Pazuello, não haveria vacina nenhuma e estaríamos todos chorando as mágoas e os mortos com cloroquina (ou “tratamento precoce”, que a própria Anvisa desautoriza). 

Obrigado agora a engolir em seco e requisitar todas as doses de São Paulo, Bolsonaro atacou a Coronavac por meses, depois de desautorizar Pazuello e cancelar a compra de 46 milhões de doses já anunciadas aos governadores: “Vacina chinesa do Doria? Não vou comprar”; “Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”. Mais adiante, quando um voluntário se suicidou, o presidente acusou a Coronavac de “morte, invalidez e anomalia” e comemorou: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Danem-se os brasileiros. 

No fim, quem ganha? Derrotado e humilhado, o presidente, que mandava o brasileiro reagir à doença “como homem, não como maricas”, escondeu-se mudo no Alvorada, usando Pazuello como seu escudo, assim como Ricardo Salles no Meio Ambiente. Um manda, outros obedecem. Um erra, outros aguentam o tranco. E Pazuello diz que o governo federal pagou toda a pesquisa, importação e produção da Coronavac (??!!), culpa a umidade pelo colapso de Manaus, alega o fuso horário para justificar a falta de vacinas da Índia e jura que nunca indicou cloroquina. Espantoso. 

O “dia D” do general para a vacinação foi em março, dezembro de 2020, janeiro, fevereiro, voltou para janeiro e foi ontem graças a Doria e à Anvisa. E a “hora H” da entrega das doses a Estados seria às 9h, ficou para a tarde em alguns e acabou varando a madrugada para outros, com autoridades plantadas em aeroportos. Bem.

MINISTRO DA SAÚDE, PAZUELLO, em galpão de armazenagem (aeroporto de Guarulhos) com a presença de vários governadores de Estado, que participaram da cerimônia de início da distribuição da vacina CORONAVAC para todo o país. Segunda-feira, 18 de janeiro de 2021.

Se deixou milhões de testes jogados até perderem a validade, se não negociou nem diversificou acordos com laboratórios, se não providenciou nem seringas e agulhas, por que acertaria na distribuição de vacina? 

Depois da festa de domingo em São Paulo, mesmo assim, ontem foi dia de vacinação até no Cristo Redentor, no Rio, mas uma pergunta ronda o País: e quando essas doses acabarem? Seis milhões de doses não cobrem nem os profissionais de saúde e não há previsão para atingir uma população-alvo tão gigantesca. Assim como tem de contar com oxigênio da Venezuela, o Brasil não consegue vacinas da Índia nem insumos da... China. Talvez Bolsonaro tenha de ligar para o presidente Xi Jinping, desculpar-se pelos desaforos e pedir socorro. 

De um lado, o início da vacinação abriu uma onda de esperança e a sensação de que está tudo resolvido, aglomeração e abraços já! De outro, as doses disponíveis são poucas, a nova cepa do coronavírus é muito mais contagiosa e a falta de planejamento e de responsabilidade do governo federal não garante a continuidade da vacina. Logo, o temor é de que, neste primeiro momento, os casos, e em consequência as mortes, aumentem. 

E escrevam o que o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta diz:

cuidado com o uso que Bolsonaro pode fazer de eventuais acidentes de percurso. Se uma pessoa já contaminada for vacinada em período de incubação, corre o risco, sim, de pegar uma forma grave e até de morrer. Não custa muito para Bolsonaro forçar um nexo da morte com a vacina. O fato é que, depois de perder a foto, o timing e a glória pela vacina, ele vai contra-atacar. É só questão de tempo. E como.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Colunista – Domingo, 17 de janeiro de 2021 – Pág. A5 – Internet: clique aqui (acesso em: 19/01/2021); Terça-feira, 19 de janeiro de 2021 – Pág. A6 – Internet: clique aqui (acesso em: 19/01/2021).

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