«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Ajudando os criminosos

 Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, reduz o poder de multar dos fiscais do Ibama

 André Borges

Jornalista - «O Estado de S. Paulo» 

Hoje há cerca de 130 mil processos de infração no Ibama, os quais somam aproximadamente R$ 30 bilhões em multas aplicadas por fiscais. Mudança é mais uma investida para rever regras de autuações

MINISTRO RICARDO SALLES do Meio Ambiente. Por incrível que possa parecer, desde que tomou posse não faz outra coisa que desmontar e dificultar de a fiscalização, a aplicação de multas aos infratores e o combate ao desmatamento ilegal e às queimadas na Amazônia brasileira!

Em mais uma investida para rever as regras sobre multas aplicadas contra crimes ambientais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinou novas mudanças no processo de apuração dessas autuações. Agora, as infrações terão que passar por autorização de um superior do agente de fiscalização que aplicar a punição, antes de serem confirmadas, passando por fases que, até então, incluíam a tramitação anterior com os próprios fiscais.

Hoje há cerca de 130 mil processos de infração ambiental no Ibama, os quais somam aproximadamente R$ 30 bilhões em multas aplicadas por fiscais.

A publicação das mudanças ocorre no momento em que Ricardo Salles é acusado pelo chefe da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, de atuar para favorecer madeireiros ilegais e grileiros de terras. O ministro não quer comentar o assunto. 

As alterações nas regras sobre multas foram publicadas em uma Instrução Normativa Conjunta nesta quarta-feira, 14 de abril, assinada por Ricardo Salles e os presidentes do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Fernando Lorencini. 

A avaliação de especialistas é de que a nova norma dá mais poder de decisão sobre as multas às “autoridades hierarquicamente superiores”, ignorando procedimentos anteriores que devem ser realizados pelos próprios fiscais. Além disso, prevê prazos mínimos de cinco dias para análises de infrações administrativas, o que praticamente inviabiliza o trabalho, dada a complexidade de muitas autuações. 

Inviabilizando as multas 

“A instrução normativa recém-publicada reduz a autonomia dos fiscais sobre a lavratura dos autos e concentra poder em um superior hierárquico não definido. Na prática, todos os atos de fiscalização deverão ser confirmados por uma autoridade hierarquicamente superior antes da instauração do processo sancionador”, avalia a especialista sênior em políticas públicas da organização Observatório do Clima, Suely Araújo. 

Ex-presidente do Ibama, Araújo afirma que o texto elimina a atuação da equipe de fiscais e a fase de análise de conformidade jurídica antes da realização de audiência de conciliação com o autuado. Pela nova regra, essa análise será realizada pelos próprios conciliadores, durante a reunião de conciliação, na qual estará presente o infrator. 

“Além disso, a instrução normativa estabelece prazos inexequíveis para vários atos. O prazo de cinco dias consta em vários dispositivos.

A intenção parece ser, no futuro, PUNIR OS PRÓPRIOS SERVIDORES, porque o governo sabe que esses prazos não serão cumpridos”, explicou.

De forma geral, a avaliação é de que o texto agrava os problemas do decreto que criou a conciliação ambiental (9.760/2019) e de uma instrução normativa  anterior. “As regras do processo sancionador ambiental, que já são objeto de ação no Supremo Tribunal Federal (STF) ficaram ainda mais inviáveis de serem implementadas. Mas a intenção é esta mesmo: o desmonte da política ambiental e de seus instrumentos”, comentou a especialista. 

Questionado sobre o assunto, Ricardo Salles negou que as mudanças vão engessar o trabalho dos agentes de fiscalização. “Não é nada disso. Quem faz a confirmação dos atos é o Ditec (diretor técnico ambiental), técnico de carreira do Ibama. Já é assim hoje em dia, porém, sem prazo”, declarou. 

A área de infração ambiental do Ibama está praticamente estagnada desde que Ricardo Salles decidiu interromper os processos para criar uma área de “conciliação” com a finalidade de firmar acordos com os infratores.

O Ibama não divulga dados, mas o Estadão apurou que...

... milhares de multas estão prescrevendo todos os dias porque os processos estão paralisados.

Em dezembro do ano passado, Salles escolheu mais um militar para comandar áreas ligadas à pasta, com a nomeação do tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo Wagner Tadeu Matiota. No mês passado, nomeou um advogado de 27 anos, Luciano Leão Machado de Campos, para cuidar dos cerca de cerca de 130 mil processos de infração ambiental, que somam aproximadamente R$ 30 bilhões em multas aplicadas por fiscais do Ibama. 

HELEN DE FREITAS CAVALCANTE

O absurdo dos absurdos 

No mês passado, Ricardo Salles nomeou uma advogada com experiência em anular e questionar multas ambientais para comandar as operações do Ibama no Acre. A nomeação de Helen de Freitas Cavalcante como superintendente do Ibama no Acre foi publicada por Salles nesta quarta-feira, 3, no Diário Oficial da União. 

O setor de infrações ambientais está entre os mais criticados da gestão ambiental de Salles após a paralisação das multas determinada pelo ministro. Em outubro de 2019, um decreto (9.760) suspendeu a cobrança de multas até a realização de uma audiência de conciliação com o autuado pelos fiscais. Em tese, a ideia seria fazer com que os órgãos fiscalizadores chegassem a um acordo, sem necessidade de contestação judicial, acelerando a aplicação das sanções. 

Na prática, um ano depois, o Ibama havia realizado apenas cinco audiências de um total de 7.205 agendadas. Até o fim do ano passado, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) não tinha feito nenhuma. As únicas multas pagas foram as aplicadas antes de a conciliação vigorar, conforme informações foram divulgadas pela organização Observatório do Clima, a partir de dados fornecidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Sustentabilidade – Sexta-feira, 16 de abril de 2021 – Pág. A17 – Internet: clique aqui (acesso em: 18/04/2021).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.