«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Deus está vendo

 O festival da hipocrisia religiosa

 Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV 

André Mendonça, advogado geral da União, fez do Supremo Tribunal Federal (STF) um altar religioso e de sacrifício da Constituição

ANDRÉ MENDONÇA - Advogado Geral da União, o "terrivelmente evangélico", segundo Bolsonaro, misturando Estado Laico com cristandade moderna

Não basta ser terrivelmente evangélico. O chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, quis provar a Jair Bolsonaro que tem uma procuração de Deus ao dizer que «os cristãos estão dispostos a morrer por sua fé». Na sessão do STF que julga a liberação de igrejas e cultos em meio à pandemia, transformou a Corte num altar religioso e de sacrifício da Constituição. 

Quem não achou tudo isso uma barbaridade não enxerga o buraco obscurantista em que o Brasil se meteu. Candidatíssimo a uma vaga no Supremo, Mendonça vem atuando como advogado particular do bolsonarismo desde que era titular no Ministério da Justiça e capanga da honra do presidente. Desta vez, deixou claro que estado laico uma pinoia, só faltou jurar sobre a Bíblia. 

Imagine um sujeito desse no STF, responsável pelo destino de pautas de interesse coletivo e não apenas daqueles que rezam sob sua cartilha. O teatro de Mendonça em defesa da liberdade religiosa não disfarça que religião para ele e para os interesses para os quais advoga é a cristã. «Mistura do mal com atraso» é uma boa descrição. 

Uma tarde inteira perdida com uma discussão nonsense [= sem sentido], que teve a participação de outros defensores dessa aberração, com citação ao diabo e mentiras sobre a eficácia das medidas de isolamento.

Aglomerar pessoas em espaços fechados é zombar da morte no momento em que os hospitais estão lotados, não temos vacina e que já enterramos mais de 340 mil brasileiros. 

Se pastores e agentes públicos que manipulam a fé alheia com interesses políticos e econômicos fossem de fato tementes, deveriam imaginar que Deus está vendo tudo isso.

Charge de Montanaro em alusão à decisão de Kassio Marques Nunes sobre liberação de cultos presenciais - João Montanaro/Folhapress

Mas a desfaçatez com que mandam seus fiéis para o corredor da morte é prova de que nem eles acreditam no que pregam. Nem no próprio Deus. 

Enquanto perde-se tempo com cortina de fumaça, nem reza braba para que a CPI da Pandemia saia do papel. Bolsonaro agradece. [Felizmente, o STF obrigou o presidente do Senado a instalar a CPI da Pandemia, uma vez que há assinaturas suficientes de senadores que a solicitam.] 

Fonte: Folha de S. Paulo – Espaço aberto – Quinta-feira, 8 de abril de 2021 – 22h57 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (acesso em: 09/04/2021).

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