«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 3 de abril de 2021

Domingo de Páscoa – Ano B – HOMILIA

 Evangelho: João 20,1-9

 No 1 primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2 Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: «Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram.»

3 Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4 Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5 Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6 Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7 e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8 Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.

9 De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.

 

Alberto Maggi

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano

Como experimentar o Cristo vivo, ressuscitado? 

«Se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é vazia e vazia é também a nossa fé». Esta é a afirmação peremptória de São Paulo na primeira carta aos Coríntios. Mas, apesar dessa afirmação, é surpreendente que nenhum evangelista nos evangelhos descreva a ressurreição de Jesus. A imagem tradicional que conhecemos de Cristo saindo vitorioso com a bandeira da vitória da sepultura não está nos evangelhos, mas sim em um apócrifo, no evangelho de Pedro, um texto do segundo século. Mas se nenhum evangelista descreve a ressurreição de Jesus, todos eles dão indicações preciosas sobre como experimentá-lo ressuscitado no que era a experiência comum da Igreja primitiva. Como escreve Paulo, ainda aos coríntios, que «Jesus ressuscitado apareceu a Cefas», isto é, a Pedro, «aos doze e depois apareceu a mais de 500 irmãos». 

No evangelho considerado o mais antigo, o de Marcos [Mc 16,1-8], há o anúncio da ressurreição, mas não o encontro com o ressuscitado que é enviado de volta à Galileia. De fato, o jovem no túmulo disse às mulheres: «Não tenhais medo, vós estais procurando Jesus Nazareno, o crucificado, ele ressuscitou, ele não está aqui». Esta será a mensagem constante de todos os evangelistas. É inútil procurar Jesus no lugar dos mortos. Ele diz: «Ele vai adiante de você para a Galileia, lá vós o vereis». Porém, alguém se pergunta, mas por que adiar a importante experiência do Cristo ressuscitado por três ou quatro dias? Jesus morreu em Jerusalém, foi sepultado em Jerusalém, depois ressuscitou em Jerusalém, os discípulos estão em Jerusalém, por que Jesus disse que se eles quiserem vê-lo, devem ir para a Galileia? 

Descobrimos isso no Evangelho de Mateus [Mt 28,1-10], onde este encontro na Galileia é mencionado três vezes, quando o anjo repete o anúncio às mulheres: «Ele não está aqui, ressuscitou e vos precede na Galileia, aí o vereis». Esta mensagem é confirmada pelo próprio Jesus, que então disse às mulheres: «Ide e anunciai aos meus irmãos que vão para a Galileia, lá me verão». 

Os discípulos partem, vão para a Galileia, mas o evangelista escreve que «os onze, entretanto, foram para a Galileia no monte que Jesus lhes indicara». Se três vezes há um convite para ir à Galileia para experimentar o Cristo ressuscitado, Jesus nunca indicou uma determinada montanha. Por que os onze sobem a montanha? Qual é essa montanha onde é possível experimentar o Cristo ressuscitado? A montanha em Mateus é o monte das bem-aventuranças. O que o evangelista quer dizer? Que a experiência de experimentar o Cristo ressuscitado não foi um privilégio concedido há dois mil anos a um pequeno grupo de pessoas, mas a todos os fiéis que viverão as bem-aventuranças. Vivendo as bem-aventuranças, experimenta-se o vivente [= Cristo]. 

Da mesma forma, no Evangelho de Lucas [Lc 24,1-8], há a mensagem conhecida, quando as mulheres vão ao túmulo, encontram o caminho bloqueado por alguns homens: «Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo e quando Jesus aparece? Ele se manifesta aos discípulos de Emaús repetindo os gestos da Última Ceia [Lc 24,13-35]. O evangelista escreve que «quando estava à mesa com eles, pegou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o a eles», igual à última ceia.

Na ceia, Jesus se faz pão, para que aqueles que o comem possam fazer-se pão com os outros.

Nesta dinâmica do amor recebido e do amor comunicado experimenta-se a presença do Cristo ressuscitado. Na verdade, escreve o evangelista: «Então seus olhos se abriram e eles o reconheceram». 

Da mesma forma, no Evangelho de João [Jo 20,1-9], temos a figura de Maria Madalena chorando, soluçando em frente a um túmulo, mas enquanto ela olha para o túmulo, ela não percebe que aquele que ela chorou como morto estava, na realidade, vivo. Mas para experimentá-lo vivo, ela deve parar de olhar para o túmulo e se virar e, só quando ela se volta para trás, é que ela vê que Jesus está ao seu lado. No Evangelho de João, Jesus, quando se manifesta ressuscitado aos seus discípulos, a primeira palavra que pronuncia é «Paz a vós». Não é um desejo, Jesus não diz que a paz esteja convosco, é um presente. A paz é tudo o que contribui para a felicidade, para a plenitude da vida das pessoas. Então, Jesus ressuscitado a primeira coisa que ele faz com os seus é dar a plenitude desta vida. E, em seguida, lhes dá um mandato: «Como o Pai me enviou, eu também vos envio». Qual é o significado desta expressão? Jesus foi a testemunha do amor fiel do Pai. Quem está com ele e, como ele, é testemunha deste amor, poderá experimentar na sua existência o Cristo vivo ressuscitado.

Jesus não os envia para anunciar uma doutrina, mas Jesus os envia para ser a ternura de Deus para a humanidade.

 Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

Celebrar a Páscoa é celebrar a vitória de Jesus Cristo sobre as forças que tentaram impedi-lo que trazer ao mundo, de trazer aos seres humanos a verdadeira felicidade, o verdadeiro sentido da vida, a verdadeira essência do viver humano.

Mas, por que alguém tentaria impedir Jesus, o Nazareno, de realizar esse intento? Porque, para dominar os seres humanos, é preciso desviá-los do verdadeiro sentido da vida! Isso se faz por meio de um duplo movimento:

1º) Oferecendo aos homens e mulheres um deus falso (ou vários deuses falsos)! Levando-os a adorar, a venerar um deus que não existe, que não é verdadeiro. O ser humano passa a depositar nesse deus(es) falso(s) toda a sua confiança e a sua vida. Isso se dá com o deus-dinheiro, com o deus-poder, com o deus-fama, com os deus-beleza etc. Com isso, domina-se a mente e os corações deles!

2º) Colocando no lugar da verdadeira felicidade, que é a vivência do AMOR, da IGUALDADE, do RESPEITO, da FRATERNIDADE de todos por todos, algo falso! A felicidade passa a ser a busca de realização dos desejos, apetites, paixões de cada indivíduo. Se “eu” estou feliz, então “tudo” está bem! O mundo passa a girar em volta de minha pessoa! Eu vejo, enxergo e penso, apenas e tão somente, em mim mesmo(a)!

Todos os evangelhos lidos entre Sábado da Vigília Pascal e Domingo de Páscoa nos recordam outro caminho para a FELICIDADE PLENA que Deus deseja a cada um de seus filhos e filhas:

a) Para Marcos, a felicidade está em voltar às raízes, voltar à experiência original e autêntica com Jesus de Nazaré, a qual foi realizada na Galileia, na convivência com as pessoas mais humildes, mais pobres e sofredoras! O ressuscitado, somente, pode ser experimentado e vivenciado em meio aos fracos!

b) Para Mateus, a felicidade está em tomar as bem-aventuranças, que Jesus proclamou sobre a montanha (Mt 5,1-12a), como uma meta de vida. É ir contra a correnteza do mundo! Para Cristo, para Deus, felizes, ou seja, «bem-aventurados» são os pobres, os que sofrem, os que lutam pela justiça, os que promovem a paz e a concórdia, os perseguidos por causa da Justiça divina...

c) Para Lucas, a felicidade deve ser buscada no encontro mais íntimo que nós, homens e mulheres, podemos ter com Deus, o qual se dá na Eucaristia, no partir do pão, como ele nos apresenta na aparição de Cristo aos discípulos da vila de Emaús.

d) Finalmente, para o quarto Evangelho, aquele de João, a felicidade reside em sermos testemunhas da PAZ e do AMOR do Pai que se manifestou, de modo pleno, em Jesus de Nazaré. O verdadeiro cristão, a verdadeira cristã é aquele(a) que manifesta, através de seus gestos, palavras e atitudes, a TERNURA de Deus para com todos, indistintamente! E isso não é nada simples ou fácil!

Santa Páscoa a todos vocês! 

Fonte: CENTRO STUDI BIBLICI “G. VANNUCCI” – Videomelie e trascrizione – Domenica di Pasqua – 1 aprile 2018 – Internet: clique aqui (acesso em: 31/03/2021).

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