Mensagem do Papa aos bispos e ao povo brasileiros
Segundo o Papa, no momento em que o país “enfrenta uma das provas mais difíceis de sua história”
CNBB
O Papa
disse que a missão da Igreja no Brasil, mais do que nunca, é “ser instrumento de reconciliação, ser
instrumento de unidade (…). A Conferência Episcopal deve ser una neste momento,
pois o povo que sofre é uno”
Francisco estendeu carinhosamente, através dos bispos do Brasil, a mensagem também “a cada brasileiro e brasileira” e ao amado Brasil, país que em sua avaliação “enfrenta uma das provas mais difíceis de sua história”.
Leia, na íntegra, a mensagem do Papa aos bispos e ao povo brasileiros:
Queridos irmãos no Episcopado,
Por ocasião da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, quero me dirigir a vocês; e perdoem-me que o faça em espanhol, mas entre Brasil e Argentina há um idioma que todos entendemos: o “portunhol”, assim que vocês me entenderão. E, através de vocês, quero me dirigir a cada brasileiro e brasileira, no momento em que este tão amado país enfrenta uma das provas mais difíceis de sua história.
Desejo, em primeiro lugar, manifestar a minha proximidade a todas as centenas de milhares de famílias que choram a perda de um ente querido. Jovens, idosos, pais e mães, médicos e voluntários, ministros sagrados, ricos e pobres: a pandemia não excluiu ninguém no seu rastro de sofrimento. Penso de modo particular nos Bispos que faleceram, vítimas da COVID. Peço a Deus que conceda a todos o descanso eterno e que traga consolação aos corações enlutados dos familiares que muitas vezes nem sequer puderam despedir-se dos seus parentes amados. E esta partida sem poder despedir-se, esta partida na solidão mais despojada é uma das maiores dores de quem parte e de quem fica.
Queridos irmãos, ainda ressoa junto de nós o anúncio da vitória do Senhor Jesus sobre a morte e o pecado. O anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos! Como cantamos na Sequência do Domingo de Páscoa: “Duelam forte e mais forte: é a vida que enfrenta a morte. O Rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo!” Sim queridos irmãos, o mais forte está ao nosso lado! Cristo venceu! Venceu a morte! Renovemos a esperança de que a vida vencerá!
A nossa fé em Cristo Ressuscitado nos mostra que podemos superar esse momento trágico. Nossa esperança nos dá coragem para nos reerguemos. A caridade nos impulsiona a chorar com os que choram e a dar a mão, sobretudo aos mais necessitados, para que possam voltar a sorrir. E a caridade nos impulsiona a nós como Bispos a nos despojar. Não tenham medo de despojar-se. Cada um sabe de que coisa... É possível superar a pandemia, é possível superar suas consequências. Mas somente conseguiremos se estivermos unidos! A Conferência Episcopal deve ser una neste momento, pois o povo que sofre é uno.
Durante a minha inesquecível visita ao Brasil em 2013, ao referir-me à história de Nossa Senhora Aparecida, comentava que aquela imagem encontrada dividida, podia servir de símbolo para a realidade brasileira: “Aquilo que estava quebrado retoma a unidade. (...) Em Aparecida, logo desde o início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar esta lição: a Igreja deve ser instrumento de reconciliação” (Discurso, 27/07/2013).
E ser instrumento
de reconciliação, ser instrumento de unidade. Essa é a missão da
Igreja no Brasil: hoje mais do que nunca! Para tal, é preciso deixar de lado
as divisões, os desentendimentos.
É preciso nos encontrar no essencial. Com Cristo, por Cristo e em
Cristo reencontrar à “unidade do Espírito, pelo vínculo da paz” (Ef 4,3).
Somente assim vocês, como Pastores do Povo de Deus, poderão inspirar os fiéis católicos, mas também os demais cristãos e os homens e mulheres de boa vontade, em todos os níveis da sociedade, inclusive no nível institucional e governamental, poderão inspirar a trabalhar juntos para superar não somente o coronavírus, mas também outro vírus que há muito tempo assola a humanidade: o vírus da indiferença, que nasce do egoísmo e gera injustiça social.
Queridos irmãos, o desafio é grande. Porém sabemos que o Senhor caminha conosco: “Eis que estarei convosco, todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28,20) – nos diz Ele. Por isso, na certeza de que “não nos deu um espírito de covardia, mas de fortaleza, de amor e moderação” (2Tm 1,7), deixemos “de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus” (cf. Hb 12,1-2). Sempre Jesus! Nele está a nossa base, a nossa força, a nossa unidade.
Peço ao Senhor ressuscitado que esta Assembleia Geral produza frutos de unidade e reconciliação para todo o povo brasileiro e na Conferência Episcopal. Unidade que não é uniformidade, mas que é harmonia: essa unidade harmônica que somente o Espírito Santo confere. Imploro à Nossa Senhora Aparecida que Ela, como Mãe, fomente entre todos os seus filhos a graça de ser defensores do bem e da vida dos outros, bem como promotores da fraternidade.
A cada um de vocês,
queridos irmãos Bispos, aos fiéis que lhes foram confiados e a todo povo
brasileiro concedo de todo o coração a minha Bênção. E por favor, peço que não
se esqueçam de rezar por mim. O Senhor vos abençoe.
Observação: O texto, acima, da mensagem de Papa Francisco contém destaques que foram introduzidos por mim, não encontram-se no original.
Fontes: CNBB e Site Oficial do Vaticano – Quinta-feira, 15 de abril de 2021 – Internet: clique aqui & aqui (acesso em: 15/04/2021).
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