«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

''A Igreja precisa da sua reforma''

Entrevista com Dom Javier Echevarría 

Antonio Macaluso
Corriere della Sera
15-12-2013

O Opus Dei está com Papa Francisco
Javier Echevarría - bispo prelado do Opus Dei

O que pensam no Opus Dei sobre o Papa Francisco? Como acolheram, em uma das mais poderosas e ramificadas costelas da Igreja Católica, a eleição de um jesuíta e as suas medidas surpreendentes?

Eis a entrevista.

Invertamos a pergunta: o que o papa pensa do Opus Dei? Vocês se encontraram duas vezes. Diz-se que ele é um devoto do seu fundador, São Josemaría, é verdade?

Dom Echevarría: O Santo Padre me expressou a sua alegria e concedeu a sua bênção para o trabalho apostólico da Prelazia, que ele conhece bem. Dentre outras coisas, quando era arcebispo de Buenos Aires, ele tinha relações com diversos fiéis do Opus Dei. E ele conhece São Josemaría. Há alguns anos, ele veio visitar o seu túmulo, aqui em Roma, e se deteve em oração por nada menos do que 45 minutos. É uma demonstração prática da intensidade e da generosidade da oração de quem é agora o sucessor de Pedro.

Desde o início, o Papa Francisco se mostrou um pontífice "revolucionário", com escolhas inquietantes...

Dom Echevarría: E as pessoas logo reconheceram no Papa Francisco um sacerdote autêntico, que reza muito e sabe ouvir quem está à sua frente. Ao mesmo tempo, é austero consigo mesmo. Ele quer aprofundar aquela bela imagem de Bento XVI, que ansiava por uma Igreja cada vez mais semelhante à casa de Nazaré. Para que ela se torne isso realmente, não basta renunciar aos bens materiais (alguns são necessários para o trabalho e para uma normal vida familiar e social), é preciso – como Francisco nos ensina – amar a pobreza por amor.

De fato, desde o início, o papa se referiu a uma Igreja "pobres entre os pobres", capaz de ir às periferias, e ele mesmo escolheu um estilo sóbrio. Como o Opus Dei vê tudo isso, ele que é considerado, por muitos, com ou sem razão, como uma organização certamente não para cristãos pobres?

Dom Echevarría: Na realidade, poderíamos dizer que o Opus Dei nasceu justamente nas periferias, nos anos 1930, em Madri. E, desde então, muitas pessoas continuam exercendo esse tipo de compromisso em todo o mundo, ajudando os pobres, os doentes, homens, mulheres e crianças em dificuldade de Nova Deli a Manila, Lima, Manchester, Kinshasa. Além disso, permita-me esclarecer que o Opus Dei não se volta apenas aos ricos: muitos fiéis da Prelazia, em diversas partes do mundo, não conseguem chegar ao fim do mês e enfrentam essa dificuldade com heroísmo e com fé, sem fazer barulho.

Ainda não passou o primeiro ano de pontificado, e o papa fez escolhas importantes com relação aos seus colaboradores, com uma clara intenção de reformar – não sem resistências – a Cúria. Também com relação à transparência financeira e à reforma do IOR, ele está mostrando determinação. Como o senhor julga essa estratégia?

Dom Echevarría: Não cabe a mim indicar o que é prioritário, mas sim ao Santo Padre. Na minha experiência, eu encontro nos diversos dicastérios e na Santa Sé em geral muitas pessoas que trabalham sem se pouparem. Mas, certamente, a reforma é necessária mesmo assim: embora bem organizadas, as estruturas humanas nunca conseguirão estar perfeitamente à altura da tarefa de levar o Evangelho a todo o mundo. Por isso, a Igreja, como bem diz o papa, não pode se confundir com uma ONG, mas sempre deve se fundamentar na fé em Cristo, como uma esposa fiel.

No rastro de João Paulo II e de Bento XVI, o Papa Francisco impulsiona o tema da Nova Evangelização: como o Opus Dei responde a esse apelo?

Dom Echevarría: O Papa Francisco está ajudando todo o mundo a ressaltar a cultura do ser, da vida, em contraste com a do ter, que às vezes sufoca as sociedades economicamente mais desenvolvidas. E ele fala da santidade comum: uma mulher que cria os seus filhos, um homem que trabalha para trazer o pão para casa, os doentes. Esse tipo de santidade é o que o Ocidente deve redescobrir. Não um caminho para poucos iniciados, mas sim um convite que o Senhor dirige a todos. Nos países de tradição cristã, o Opus Dei – através de atividades de formação espiritual – oferece um caminho de redescoberta da fé em meio às ocupações comuns. É essa a Nova Evangelização: reacender nos cristãos, que talvez se sentem cristãos apenas por "pertencimento cultural", o calor de uma relação viva e pessoal com Deus.
Papa Francisco e Dom Javier Echevarría

O Papa Francisco falou de uma Igreja como "hospital de campanha", que também deve se ocupar daqueles que abortaram ou se divorciaram. Para 2014, está previsto um sínodo sobre a família, e o papa enviou um questionário em que pediu que os bispos se expressem sobre essas questões. Qual é a posição do Opus Dei?

Dom Echevarría: O homem contemporâneo experimenta profundos sofrimentos na vida profissional, nas relações sociais e até mesmo na própria família. Como cristãos, somos chamados a pôr a mão na massa, a olhar para os outros com o mesmo olhar de Cristo, cheio de amor e misericórdia. Quando um cristão ajuda um amigo, é como Cristo que cura, sem repugnância para com aqueles que precisam ser curados. O sínodo sobre a família vai nos estimular a redescobrir a beleza do amor, da fidelidade, daquele clima familiar que também é construído com palavras e atitudes de serviço, sem nos esquecermos daqueles que sofreram feridas justamente nesse campo.

Em entrevista ao Corriere della Sera, a presidente do Movimento dos Focolares, Maria Voce, pediu um maior peso para as mulheres dentro da Igreja. O senhor concorda?

Dom Echevarría: Certamente. Posto que, como lembrou o Santo Padre, a Igreja é mulher, basta pensar no papel central de Nossa Senhora. O tema da mulher não é novo, e o próprio desenvolvimento da Igreja também foi sustentado pelas mulheres. E o Opus Dei sempre viu a mulher em um papel central.

O que o senhor pensa do papel e das responsabilidades das classes dirigentes na crise que há anos tem atingido o mundo ocidental e, em particular, países como a Itália?

Dom Echevarría: Penso que não podemos jogar tudo sobre as classes dirigentes sem antes nos interrogarmos sobre o que – seja qual for o nosso papel na sociedade – fazemos todos os dias. Não podemos pensar apenas em jogar as responsabilidade em cima dos outros, de uma classe dirigente que nós escolhemos e que nós podemos, no entanto, condicionar. Portanto, interroguemo-nos primeiro sobre como vivemos, sobre como trabalhamos, sobre como estamos na relação com os outros, com a nossa família. Entra-se e sai-se de uma crise, e para fazer isso também é preciso o compromisso de cada um de nós, não só de quem governa.

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Segunda-feira, 16 de dezembro de 2013 - Internet: clique aqui.

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