«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Historiador vê PT no poder como "década das chances perdidas"

GABRIEL MANZANO


Em livro, Marco Antonio Villa avalia era petista no Planalto como 
tempo de improvisação, atraso e ocupação de poder
Prof. Marco Antonio Villa - historiador - Universidade Federal de São Carlos (SP)

O décimo aniversário do PT [Partido dos Trabalhadores] no poder, que o partido festejou junto com seus 30 anos de vida, começou nos sindicatos, passou por palanques e acabou nas livrarias. Década Perdida - Dez anos de PT no Poder, que o historiador Marco Antonio Villa lança na segunda-feira, é uma dessas "comemorações", mas fora do programa oficial. Como já avisa o título, trata-se de uma crítica pesada aos oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto, mais os dois primeiros de sua sucessora, Dilma Rousseff.

Adversário antigo do petismo e das esquerdas em geral, Villa não se dedica a um balanço consolidado de grandes temas - saúde, educação, economia, programas sociais. Preferiu criar uma linha do tempo e ir contando, ano por ano, uma história que, ao final das 280 páginas, reprova praticamente tudo no governo . Do Fome Zero ao Trem Bala, das virtudes éticas às alianças com as velhas elites, da "improvisação na economia" ao "desmanche da indústria", ele chega, enfim, à constatação-título: "Foi uma década perdida para o País. Perdemos um momento único na história recente do capitalismo".
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O olhar do autor se dirige mais para atitudes, estilos, o modus operandi. E o que ele vê, no dia a dia da era petista, é a improvisação como método, o desperdício como rotina, muita propaganda, personalismo do chefe e permanente confusão entre Estado, governo e partido.

Já no começo ele ironiza a decisão de Lula de suspender o gasto de US$ 700 milhões com a compra de caças franceses, para usar o dinheiro no Fome Zero. Era um dinheiro que não existia, diz ele: aqueles milhões seriam linhas de crédito fornecidas pelos fabricantes do avião. A alfinetada dá o tom do que virá: as portas se abrindo aos velhos caciques antes tão criticados, as entranhas do mensalão, PT enfraquecido e ascensão do lulismo, a "marolinha' da crise de 2008 que custou ao Tesouro R$ 282 bilhões, o discurso otimista na economia enquanto o País vivia "o mais longo ciclo de baixo crescimento desde o real".

Por trás de tudo, apenas um projeto de poder, diz o historiador: Lula "infantilizou a política e privatizou o Estado". Eliminou o debate de ideias, mesmo no PT, ao reduzir tudo a disputas pessoais. E ganhava todas, porque o País "vivia, naquele momento, enfeitiçado pelo seu carisma". Mas como explicar, entre tantos erros, os altos índices de aprovação popular? Villa os atribui à "eficiente propaganda governamental, ao desinteresse popular pela política e à inexistência de uma eficaz ação oposicionista".

Quanto a esta, Villa não perde a chance de alfinetá-la, achando-a temerosa, acomodada e, em grande parte, culpada, também, por este Brasil-2013. Que ele define como "uma sociedade invertebrada, amorfa, sem capacidade de reação".

Três perguntas para Marco Antonio Villa:

1. Por que foi uma década perdida?
Resposta: Com a estabilização econômica, o País tinha todas as condições de dar um grande salto. Mas a opção foi pela simples manutenção do que estava dando certo. Por que isso? Porque o PT não tinha (e não tem) um projeto nacional. O que ele tem é um projeto de poder, de tomar o Estado.

2. Seu relato não menciona grandes marcas da era Lula, como os programas sociais? Por quê?
Resposta: Os programas sociais tiveram - estruturalmente - um papel nocivo. Se, é óbvio, é necessário que existam - e nem foram criados pelo PT - sua razão é dar uma sustentação momentânea aos miseráveis. O programa não é uma solução. A solução depende de uma transformação econômico-social. O PT quer mudar, por exemplo, o sertão nordestino? Criar condições para que possa caminhar com as suas próprias pernas? Ou deseja, como fez em toda a sua gestão, mantê-lo atrelado aos coronéis?

3. Petistas argumentam que o autoritarismo e o projeto de controle da mídia são visões radicais de uma minoria que não manda no PT, e que dizer o contrário é coisa da direita.
Resposta: O PT, no seu todo, não gosta de democracia. A variação é apenas de tom. O DNA petista é leninista. Odeia a diversidade, a contradição, a oposição. O sonho petista é controlar a imprensa. No mensalão, fez de tudo para impedir o livre funcionamento do Supremo [Tribunal Federal]. Mas perdeu. E quem ganhou foi a democracia brasileira.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Política - Sábado, 30 de novembro de 2013 - Pg. A6 - Internet: clique aqui.

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