«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Uma iniciativa para transformar a educação pública [É bom conhecer]

JAIR RIBEIRO*
Escola Estadual de Primeiro Grau "Alexandre Von Humboldt" - Lapa (S. Paulo)

Pode até ter virado um repisado clichê, mas não custa repetir: o nosso maior desafio como nação é melhorar a qualidade da educação básica. Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda estamos longe de vencer essa guerra.

Mais de 25% das crianças cursando o 4.º ano não sabem ler e escrever de forma adequada à sua série. Ainda temos Estados com cerca de 80% de alunos que não conseguem sequer produzir um pequeno parágrafo! (Prova ABC - 2013)

Mais de 50% dos jovens de 14 a 18 anos estão fora do ensino médio. A evasão está aumentando e apenas 10% dos que se formam no ensino médio dominam o conteúdo esperado para as suas séries

E a estatística recente que mais me chocou: cerca de 25% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos não completaram o ensino médio, não estudam e não trabalham (estudo da Fundação Seade, agosto 2013). Ou seja, estamos jogando pelo ralo o tal bônus demográfico brasileiro, um verdadeiro absurdo!

Com uma realidade dessas, como estranhar os fracos índices de produtividade do trabalhador brasileiro? Como reclamar e olhar com ares de surpresa para a existência do chamado apagão de mão de obra? Como não perceber aí a causa fundamental dos altíssimos índices de criminalidade (mais de 5 mil homicídios por ano, seis a cada hora!) e da enorme e devastadora desigualdade de renda presente em nosso país?

Particularmente, entendo que o desafio da melhoria da nossa educação pública não deve ser apenas delegado aos governos. Por sua relevância, é algo que requer o envolvimento de toda a sociedade civil.

Talvez o leitor que me acompanha até aqui pergunte: o que eu, empresário, executivo ou profissional liberal e leitor desse jornal, posso fazer? Arrisco a sugerir um caminho.

Primeiro, passe a acompanhar mais de perto e a se familiarizar com o assunto por meio de sites como o do Movimento Todos pela Educação e outras fontes sérias. Na sequência, profissionais como você, com vocação, preparo e experiência em execução e gestão de projetos e empresas, podem se envolver diretamente. De preferência procurando apoiar programas já existentes e testados.

Há cerca de dez anos cofundei a Parceiros da Educação, uma organização que promove parcerias entre empresas, empresários ou executivos e as escolas públicas do Estado de São Paulo (hoje também estamos no Rio de Janeiro). Já são mais de 60 escolas no programa, impactando a vida de dezenas de milhares de crianças. Nosso objetivo se subdivide em dois. O primeiro é elevar o aproveitamento dos alunos das nossas escolas. O segundo, em função da nossa experiência de uma década, impactar e influenciar positivamente as políticas públicas dos Estados e municípios em que atuamos.

Como resultado dessa inserção na política pública, apoiamos, com outras 15 das mais representativas organizações ligadas à educação, um programa bastante ambicioso da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo que tem um objetivo tão claro quanto inspirador: transformar significativamente o nosso sistema de ensino estadual, colocando-o entre os 25 melhores do mundo em 20 anos, além de transformar a carreira do professor numa das dez mais desejadas e respeitadas do Estado (Educação - Compromisso de São Paulo, clique aqui.).

Um dos pilares transformacionais desse programa consiste na ampla difusão das escolas de período integral. Nesse modelo os alunos entram às 7 horas da manhã e saem às 4 da tarde. Os professores, selecionados na rede pública, têm dedicação exclusiva a apenas uma escola e para tanto recebem um aumento salarial de 75%. No ensino médio há disciplinas eletivas propostas por professores e alunos, clubes juvenis, e cada aluno desenvolve o seu Projeto de Vida, em que o jovem escreve seu sonho e traça um plano de como concretizá-lo. Todas as escolas contam com estruturas bem mais completas e adequadas, com laboratórios de ciências e salas de informática.

Hoje são 70 unidades nesse modelo. Em 2014 teremos 182 escolas em regime integral em todo o Estado. O plano é que até 2018 tenhamos mil - 25% da rede - dentro do novo padrão. Trata-se de uma iniciativa revolucionária, que efetivamente nos pode levar a alcançar a ambiciosa meta que o Estado se propôs a perseguir.

Iniciei uma parceria com uma escola em tempo integral da zona oeste de São Paulo, a Alexandre Von Humboldt, em janeiro de 2012. Já no primeiro ano de parceria conseguimos aumentar o índice de aproveitamento da escola (Idesp) em 76% - ante 7% da média da rede e 34% das demais escolas do programa de ensino integral. Um salto fantástico em apenas um ano, resultado de uma articulação entre o Estado, a escola e a parceria com a sociedade civil!

Vale ressaltar que a base era baixa. Não obstante, este ano esperamos um novo salto, ainda que não tão grande como o do primeiro ano, mas ainda bastante expressivo.

Por fim, e talvez mais importante do que todas essas estatísticas, compartilho com os leitores o fato de que a sensação de satisfação ao ver o desenvolvimento da escola e o impacto nos alunos e nos professores é algo maior e muito especial, que proporciona um sentimento de realização indescritivelmente gratificante.

Pois bem, queremos expandir a Parceiros da Educação para apoiar o projeto de crescimento das novas escolas de período integral, participando ativamente da construção de algo verdadeiramente transformador. Temos mais de 170 unidades à procura de parceiros em dezenas de municípios do nosso Estado. Junte-se ao nosso grupo! Garanto que será das coisas mais gratificantes que você fará na sua vida. Um processo tão incrível que começa por reeducar a nós mesmos.

* EMPRESÁRIO, É MEMBRO DO CONSELHO ESTADUAL DA EDUCAÇÃO.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Espaço aberto - Sábado, 30 de novembro de 2013 - Pg. A2 - Internet: clique aqui.

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