A violência nossa de cada dia!!!
Briga já motiva mais morte que vingança
Bruno Paes Manso
Levantamento inédito traça perfil dos assassinatos de hoje:
aumentou porção de mulheres mortas e crimes com facas cresceram
Depois de mais de uma década de homicídios em queda em São Paulo, mudou o perfil dos assassinatos na capital. A vingança, que nos anos 1990 e 2000 era o motivo principal das mortes, perdeu a relevância. - Atualmente, as discussões são a razão principal dos homicídios - em 13% dos casos.
- Um dos dados preocupantes é que 19% das mortes têm indícios de execução, crimes normalmente premeditados e planejados.
- Nos dias de hoje, aumentou a proporção de mulheres assassinadas (11,3%) e
- diminuiu a fatia dos que morrem por arma de fogo (61%).
- As facas (16%) e as agressões (10%) são mais recorrentes.
"Os homicídios caíram muito na década passada e, por isso, é necessário uma melhor compreensão do tipo de homicídio nos dias de hoje", analisa a pesquisadora Lígia Rechenberg, do Instituto Sou da Paz.
No auge da epidemia, ao longo dos anos 1990 e começo dos 2000, a rivalidade entre moradores de bairros de periferias provocava longos círculos de vingança. Um homicídio podia provocar a reação de amigos e parentes da vítima, levando a novos ataques contra os suspeitos da autoria do crime. Essa lógica da vendetta [trad.: vingança] provocava novas rixas e assassinatos, que vitimaram principalmente jovens com menos de 30 anos.
Essa engrenagem de vinganças aparecia nos levantamentos da época. O Anuário da Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por exemplo, com base em boletins de ocorrência de 2003, apontou que 28% das mortes naquele ano ocorreram por vingança. As drogas (tráfico e rixas) e as brigas por motivos fúteis (12%) vêm em seguida.
Atualmente, são dois os principais motivos para os homicídios. No caso das discussões, em 48% dos casos a vítima morreu por arma branca. Nesses casos, além da elevada vitimização de mulheres, morrem pessoas mais velhas - mais da metade dos assassinados em São Paulo hoje tem mais de 30 anos.
Já a elevada proporção de mortos com indícios de execução (19%) e o alto porcentual de encontros de cadáveres mostra o aspecto mais preocupante: a importância no quadro atual dos crimes com suspeitas de terem sido praticado por facções e por policiais matadores - recorrentes ao longo de 2012.
Uma dos casos aconteceu no dia 5 de janeiro no Campo Limpo, zona sul, e vitimou sete pessoas, entre elas Laércio de Souza Grimas, o Dj Lah. Policiais foram acusados pelo crime. Eles teriam agido em represália a uma gravação de um PM executando uma pessoa na mesma rua no mês anterior.
A revolta em torno da ocorrência motivou protestos contra o "extermínio da juventude negra nas periferias", que fizeram parte das jornadas de junho. "As agressões praticadas por PMs nos manifestos revelaram para a classe média o despreparo da PM. Só que nas periferias as balas não são de borracha. São de verdade", diz o professor de História Douglas Belchior, da UNEafro.
Evento
O estudo completo do Instituto Sou da Paz será divulgado nesta quinta-feira, 12 de dezembro, a partir das 14 horas, no seminário "10 anos do Estatuto do desarmamento: Avanços e desafios para a redução dos homicídios no Brasil". Em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o evento é aberto ao público.
Pesquisadores, gestores públicos e legisladores apresentarão os mais recentes dados sobre violência armada, pesquisas inéditas, além de análises sobre a implementação da legislação de controle de armas no Brasil.
Para saber mais detalhes, clique aqui.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Quarta-feira, 11 de dezembro de 2013 - Pg. A21 - Internet: clique aqui.
Comentários
Postar um comentário