«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O CANSAÇO DO PAPA SOLITÁRIO

Marco Politi
Il Fatto Quotidiano
06-12-2013


Uma tontura de cabeça, um encontro cancelado, 
um comentário brusco sobre as escolhas do novo pontífice. 
Quarta-feira passada, no arco de poucas horas, soou um sinal de alerta pelo Papa Bergoglio.
PAPA FRANCISCO

Depois da audiência geral na Praça de São Pedro – a temperatura estava fria – Francisco sentiu sua cabeça girar, e o leve mal-estar o obrigou a ir logo repousar, renunciando ao encontro com o cardeal Angelo Scola, que veio especialmente de Milão a lhe falar sobre uma futura visita à Expo 2015.

Não é pouca coisa. Scola foi o principal antagonista de Bergoglio no conclave: não por motivos pessoais, naturalmente, mas como expoente de outra plataforma. Scola ainda é uma das personalidades mais renomadas entre os bispos italianos, e uma boa relação com ele é decisiva para orientar a Conferência Episcopal Italiana na linha de reforma que o papa tem em mente.

Na realidade, Francisco está explorando exageradamente as suas forças. Aos 76 anos e com a responsabilidade de uma organização de mais de 1,1 bilhão de adeptos, o papa argentino não tirou um minuto de férias neste verão europeu. Ao contrário de João Paulo II, ele não se restaura com pequenas "fugas" na natureza e, ao contrário de Bento XVI, não se concede regularmente todos os dias uma hora de caminhada pelos jardins vaticanos.

Aos jovens da paróquia de San Cirillo, em Roma, ele disse no domingo passado que tira apenas meia hora de repouso depois do almoço e, depois, "de novo ao trabalho, até a noite". Francisco espera muito das suas forças. Há um motivo. Bergoglio sente que não tem muito tempo à disposição. Uma dezena de anos, antes de decidir, provavelmente também ele, passar o bastão. E dez anos na história da Igreja são muito poucos.

Na maré de elogios e de aplausos que o rodeia, o papa argentino está sozinho, muito solitário. Se ele se limitasse ao programa que muitos cardeais eleitores esperavam, não haveria problemas. Reorganizar o IOR e agilizar a Cúria são questões técnicas de uma realização nada difícil. Consultar os bispos mais frequentemente – como era pedido ao futuro pontífice durante as reuniões gerais antes do conclave – podia ser realizado com reuniões plenárias do Colégio Cardinalício mais frequentes e com uma ordem do dia precisa.

Mas Francisco está fazendo muito mais do que muitos dos seus eleitores imaginavam. (Isso aconteceu com João XXIII): 
  • Ele quer remodelar a Cúria desde os fundamentos, 
  • reorganizar o Sínodo dos Bispos, 
  • dar forma a uma nova abordagem às temáticas sexuais, 
  • levar o clero a abandonar atitudes burocráticas e autorreferenciais, 
  • mudar o estilo do poder episcopal, 
  • inserir as mulheres em postos de governo, 
  • imprimir com uma nova comissão (anunciada nessa quinta-feira) um novo impulso à luta contra a pedofilia, protegendo as vítimas e dando indicação aos episcopados.
Há uma pergunta que paira sobre o Palácio Apostólico: quem apoia Francisco? Com quais forças ele pode contar? A resposta é que um "partido" ou um "movimento" ativo entre clero e bispos pró-Francisco não existe. Não se reforma um aparato corpulento como o eclesiástico – milhares de bispos, centenas de milhares de padres e religiosos, uma rede de centros de poder grandes e pequenos – sem uma forte fileira de seguidores fiéis e comprometidos.

Na Cúria, uma equipe bergogliana ainda não existe. O novo secretário de Estado, Dom Parolin, é o homem certo (também pela sua forte marca sacerdotal) para trabalhar com Bergoglio, mas a maioria dos cargos curiais são provisórios.

Até agora, não se vê nos dicastérios curiais e no episcopado mundial uma patrulha compacta de cardeais, bispos e padres prontos para lutar pelas suas reformas como podiam ser os defensores da reforma gregoriana na Idade Média ou da reviravolta do Concílio de Trento. Os episcopados nacionais estão inertes. Muitos assistem passivamente às externalizações de Francisco. Muitos conservadores esperam em silêncio um passo em falso seu. Nas grandes organizações, o aparato sabe que é feito de borracha.

Nesse clima, as declarações do secretário de Ratzinger, Dom Gänswein, ao semanário alemão Zeit, espalharam inquietação. A revista, embora não entre aspas, escreveu que, para o braço-direito de Bento XVI, a decisão de Francisco de não morar nos apartamentos papais foi sentida como uma "afronta". Além disso, Gänswein, embora reconhecendo que o papa é apenas um, exclama, desconsolado, textualmente: "A cada dia, eu espero de novo o que será diferente (do que antes)".

Mais do que um encorajamento, uma rejeição ao novo curso. Francisco está sozinho, mesmo que o coração dos fiéis bata por ele.

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Sábado, 7 de dezembro de 2013 - Internet: clique aqui.
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''A reforma da Igreja terá um alto custo.
Preparemo-nos!''


Enzo Bianchi
Revista Jesus
Dezembro/2013


"Hoje, está novamente em curso, para a Igreja, uma primavera, inaugurada pelo Papa Francisco. O entusiasmo é muito: certamente eu não quero apagá-lo, mas, mais uma vez, sinto o dever de alertar a mim mesmo e os meus irmãos e irmãs na fé. Estamos dispostos a beber o cálice que Jesus bebeu (cf. Mc 10,38; Mt 20,22)?"
ENZO BIANCHI - teólogo e biblista italiano

Eu não posso esquecer que uma das minhas primeiras intervenções públicas, com uma certa ressonância, ocorreu durante um congresso organizado pelo padre Balducci e pelo padre Turoldo em Florença, no primeiro pós-Concílio, e se tornou depois um artigo publicado na revista Rocca. Era a temporada do entusiasmo, devido à primavera inaugurada pelo Papa João XXIII e pelo Vaticano II: temporada da "vitória" de um novo modo de viver a Igreja e de edificá-la por parte de todos os cristãos; temporada de "reforma" marcada por uma atmosfera de fervor e de impaciência; temporada em que eu senti, porém, muita presunção acerca dos desenvolvimentos possíveis daquela extraordinária reviravolta.

Surpreendendo muito os amigos com os quais se dialogava intensamente sobre reforma litúrgica, à época ainda em estudo, sobre vida eclesial em estado de conversão para uma conformidade mais profunda para a Igreja como o Senhor a quis e de diálogo na mansidão e na pobreza dos meios com a humanidade contemporânea, eu adverti contra um fácil otimismo. Se realmente tivesse sido tomado o caminho da reforma evangélica da Igreja e do seu ordenamento (papado, episcopado, laicato) – eu disse –, teríamos ido ao encontro de um tempo em que todo triunfalismo seria marcado por fadiga, por sofrimento e até por dilacerações porque há uma necessitas passionis [trad.: necessidade de paixão] da Igreja que se deve à necessitas passionis vivida pelo seu Senhor Jesus Cristo.

Aconteceria para a Igreja o que aconteceu com Jesus: as potências postas contra o muro pela "lógica da cruz" (1Cor 1,18) se desencadeariam e haveria também um "choque" com o mundo, já que, na vida eclesial, muitos teriam que sofrer (sim, é preciso dizer, penar!). Se de fato a conversão pessoal requer renúncia, fadiga, separações e, portanto, sofrimento, mais ainda a conversão das comunidades e das Igrejas.

Acima de tudo, se viveria uma dupla tentação: 
  • Ou render-se ao mundo, mundanizando-se, não mostrando mais a diferença cristã, esvaziando a cruz, diluindo o Evangelho, curvando-se às exigências do mundo; 
  • ou enfrentar o mundo com intransigência e munir-se das suas próprias armas: presença gritada, vontade de contar e de ser contado, atitude de grupo de pressão, assunção de tarefas não atribuídas pelo Senhor. 
Em todo o caso, continuava sendo mais difícil o caminho de "uma Igreja pobre e de pobres", de uma Igreja que contasse apenas com o Senhor e não com os "poderosos deste mundo" (1Cor 2,6.8; cf. Mt. 20, 25), de uma Igreja dialogante com os homens na mansidão e na liberdade, sem medo e sem a obsessão de ter que se defender e viver como fortaleza sitiada.

As Igrejas são diferentes, e é possível dizer que todas essas escolhas foram feitas, ora aqui, ora acolá, e de forma diferente nas diversas Igrejas. Sabemos bem o que a Igreja italiana escolheu, esquecendo que a sua liberdade não pode ser vivida como as outras liberdades de que o mundo fala, porque a Igreja nunca é tão livre como quando o mundo a contradiz e a humilha. Sim, para a Igreja, há uma paz que é mais maléfica do que toda guerra, "pax gravior omni bello"! [Trad.: pior do que a guerra é a paz]

Hoje, está novamente em curso, para a Igreja, uma primavera, inaugurada pelo Papa Francisco. O entusiasmo é muito: certamente eu não quero apagá-lo, mas, mais uma vez, sinto o dever de alertar a mim mesmo e os meus irmãos e irmãs na fé. Estamos dispostos a beber o cálice que Jesus bebeu (cf. Mc 10, 38; Mt 20, 22)? 


Toda reforma da Igreja, se for evangélica, tem um alto custo: 
para todos e também para o sucessor de Pedro, 
que não poderá esperar, ao menos de dentro da Igreja, dos seus, da sua casa, 
um fácil reconhecimento e uma fácil obediência

Será mais fácil que "publicanos e prostitutas" (cf. Mt 21,2; Lc 7,34, 15, 1), "samaritanos e estrangeiros" (cf. Lc 17, 38; Jo 4, 39-40) o escutem – como aconteceu com João Batista e Jesus.

Essas hipóteses perturbam, e não queremos ouvi-las. Porém, se aconteceu com Jesus, com o Senhor, há talvez um discípulo que seja maior do que o seu mestre (cf. Mt 10,24; Lc 6,40; Jo 15,20)? Ou um sucessor de Pedro que não conheça a paixão e a tentação de fugir dela, renegando o Senhor e o Evangelho? Agora, mais do que nunca, é hora de rezar por Pedro, não por uma glória mundana que nunca pode ser sua, mas porque, consolado pelo seu Senhor, ele permaneça firme e possa confirmar a nós, seus irmãos (cf. Lc 22,31-32), no árduo caminho rumo ao Reino.

* Enzo Bianchi, prior e fundador da Comunidade de Bose, é teólogo e biblista italiano.

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Segunda-feira, 9 de dezembro de 2013 - Internet: clique aqui.
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''O papado de Francisco não é apenas questão de estilo, 
mas um novo começo''

Entrevista com Wolfgang Beinert*


Michael Weiss
Religion.orf.at
04-12-2013


O teólogo e padre alemão Wolfgang Beinert, ex-professor da Universidade de Regensburg, fala sobre o "programa de governo" do papa, sobre as ideias realistas e irrealistas de reforma e sobre o debate renovado acerca dos divorciados em segunda união na Alemanha.
WOLFGANG BEINERT - teólogo católico alemão

Há poucos dias, o papa publicou o seu "programa de governo", a Evangelii gaudium. Como o senhor avalia esse documento?

Wolfgang Beinert: Acima de tudo, com grande entusiasmo, pois nele são ditas coisas pelas quais há apenas 20 anos se seria chamado a responder na Congregação para a Doutrina da Fé. Eu vejo um aspecto negativo, porém, no fato de que é um documento extremamente longo, em que foram enfiadas muitas coisas não relacionadas entre si. Por outro lado, o documento tem uma linguagem cheia de frescor, viva e – ousaria dizer – jovem. O cardeal Reinhard Marx disse que é raro que, ao ler um documento papal, também seja preciso rir, mas aqui era preciso e se podia – e ele tem razão.

Por quais coisas há 20 anos se seria chamado à Congregação para a Doutrina da Fé?

Wolfgang Beinert: Por exemplo, a relativização do papado que ali é empreendida. Diz-se que o papa não tem a obrigação de dizer alguma coisa sobre tudo e que também pode dizer, às vezes, coisas que podem ser discutidas. Ou a promessa de realizar realmente a colegialidade dos bispos. É algo que já foi decretado há 50 anos pelo Concílio, mas muito pouco derivou daí – e isso também está escrito no documento.

Francisco também se expressou claramente no documento contra o sacerdócio feminino. Foi uma surpresa para o senhor?

Wolfgang Beinert: Não. Mas o que isso significa precisamente? Recentemente, a esse respeito, ele disse que as portas estão fechadas, e agora, na Evangelii gaudium, escreveu que "não está em discussão". João Paulo II, no entanto, dissera que isso estava definitivamente excluído. São duas categorias diferentes de palavras que foram escolhidas. Se algo não está certo em um sentido definitivo, significa que justamente não está certo, e então devemos parar de falar sobre isso. Mas se eu disser que não está em discussão, eu não estou dizendo como as coisas serão amanhã. E as portas fechadas também podem ser reabertas.

Que reformas concretas o senhor considera que podem ser realisticamente implementadas com Francisco com relação ao papel da mulher? Diaconisas ou mesmo cardinalessas, como um abaixo-assinado suíço solicitou recentemente?

Wolfgang Beinert: Isso não seria um problema, de fato. Entre os cardeais do século XIX, seguramente havia leigos. O cardinalato é um título pessoal que é atribuído a uma pessoa específica, independentemente do seu status, consagrada ou não.

É algo realista com esse papa?

Wolfgang Beinert: Não devemos colocar obstáculos a ninguém. Eu não teria nenhum problema com isso. Embora, naturalmente, não basta um título. Mas a liderança de uma Congregação [vaticana], por exemplo, como cardinalessa ou não, eu poderia imaginar. Não só como telefonista do Vaticano.

E diaconisas?

Wolfgang Beinert: Pessoalmente, não acho grandes coisas. Nesse caso, a mulher voltaria a receber apenas o menor e mais baixo grau de consagração, que hoje ninguém sabe precisamente que significado pode ter. Portanto, se é preciso haver consagração, que sejam todos os graus, senão nada. É preciso ser consequente nisso.

Sobre Francisco, as opiniões divergem um pouco. Enquanto alguns acreditam que haverá grandes mudanças em nível dogmático, outros são da opinião de que ele está em continuidade com os seus antecessores e que só mudou o estilo. O que o senhor acha?

Wolfgang Beinert: Eu acredito que não é apenas uma questão de estilo, mas que realmente houve um novo começo. Depois da Evangelii gaudium, pode-se dizer isso com certeza. Nesse documento, não se dizem coisas muito diferentes das que foram ditas até agora, mas agora as coisas foram escritas. Com grande prudência, ousaria até dizer que, com Bento XVI, encerrou-se uma era papal, e agora é possível começar uma era completamente nova.

Na sua opinião, quando começou a era que o senhor considera como encerrada?

Wolfgang Beinert: Não se pode estabelecer isso com uma data exata. Fundamentalmente, começa com a Reforma, quando a Igreja começa a ter medo. E se torna absolutamente claro com o século XVII e depois com o Iluminismo. Naquele período, a Igreja é sempre contra apenas. Ela reage apenas, mas não age mais. E agora o papa toma a iniciativa e diz: devemos mudar certas coisas. Se realmente alguma coisa vai mudar, veremos, mas ao menos ele tem essa intenção e também a estabeleceu incontestavelmente.

Portanto, o senhor considera que o que está acontecendo agora é uma revolução ainda maior do que o Concílio Vaticano II?

Wolfgang Beinert: O Concílio Vaticano II, certamente, deu o início, mas foi mais uma andorinha, e uma andorinha só não faz verão. Além disso, também foi retraído muitas vezes, muito fortemente, por exemplo com Bento XVI... E agora claramente há uma nova abertura, que vai além do que o Concílio fez. Por exemplo, se o papa escreve que as declarações papais podem ser criticadas e que não são necessariamente decisões de última instância, isso, na realidade, é uma revogação do Concílio Vaticano I, se o entendermos em sentido estrito. O que Francisco faz é a continuação da implementação do Concílio Vaticano II. O Concílio lançou os fundamentos com os seus documentos, mas que não foram realmente implementados.

Como o senhor considera o modo pelo qual a mídia se comporta com o Papa Francisco? Como a ruptura com Bento XVI parece tão forte, ele é olhado, talvez, de uma forma totalmente acrítica?

Wolfgang Beinert: A imagem que transparece certamente já é muito eufórica. A esse respeito, eu sou um pouco mais atento, porque o papa, no fundo, não é apenas uma pessoa individual que tem todos os fios nas suas mãos, mas ele depende do trabalho dos seus colaboradores, assim como todo chefe. E eu tenho as minhas dúvidas de que todos colaboram com entusiasmo.

Na Alemanha, há algumas semanas, discute-se novamente o problema dos divorciados em segunda união na Igreja Católica. Que mudanças o senhor considera realistas?

Wolfgang Beinert: Eu sou da opinião de que se desencadeou uma confusão que não se consegue mais controlar. Vê-se isso, por exemplo, pelo fato de que um cardeal [Reinhard Marx] disse ao prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé que não se pode decidir algo desse modo. Há não muito tempo, tal coisa teria sido vista como uma monstruosidade. Portanto, alguma coisa vai acontecer.

O senhor conhece o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller, desde os tempos em que ele era bispo de Regensburg. O senhor acha que ele pensa que deve ser o guardião último da tradição?

Wolfgang Beinert: Suponho que sim. Eu o conheço desde a sua juventude e acredito que ele simplesmente não consegue entender isso. Ele sempre teve uma opinião forte, e o seu orientador de doutorado, o cardeal Lehmann, uma vez, na minha frente, o definiu como "insensível aos conselhos". Provavelmente, é terrivelmente difícil para ele admitir que opiniões diferentes também são católicas.

Tradução de Moisés Sbardelotto.

* Wolfgang Beinert nasceu em 1933 na cidade de Breslau (Alemanha), estudou Teologia em Bamberg e Roma. Doutorou-se com foco na história dos dogmas. Em 1972 foi  professor de Teologia Dogmática na Universidade de Ruhr-Bochum; de 1978 a 1998 foi professor de dogmática e história do dogma na Universidade de Regensburg. Foi aluno de Joseph Ratzinger.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Segunda-feira, 9 de dezembro de 2013 - Internet: clique aqui.

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