«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 13 de março de 2021

4º DOMINGO DA QUARESMA – ANO B – HOMILIA

 Evangelho: João 3,14-21 

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos:

14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19 Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20 Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21 Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus. 

Alberto Maggi

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas), teólogo e biblista italiano

 

Um Deus diferente de tudo que imaginamos 

A liturgia deste domingo apresenta-nos a conclusão do longo encontro entre Jesus e o fariseu Nicodemos, chefe dos judeus, isto é, membro do Sinédrio; é o terceiro capítulo do Evangelho de João, versículos 14 a 21. Nessa conclusão do discurso, Jesus demoliu três pontos fundamentais da espiritualidade farisaica, e quais eram eles?

* A concepção da vida eterna como uma recompensa concedida no futuro por um bom comportamento no presente;

* o julgamento de Deus, um Deus que julga, recompensa e castiga os homens de acordo com seu comportamento e, terceiro,

* a verdade como uma doutrina a ser observada. 

Assim, Jesus começa referindo-se a um episódio bem conhecido da história de Israel, quando, no exílio, no êxodo no deserto, houve a praga de cobras venenosas que mataram pessoas; então Moisés levantou uma vara com uma serpente de cobre e quem olhasse para ela se salvava. Então, Jesus se refere a este episódio para dizer que “o Filho do homem deve ser levantado”. O que o Filho do homem significa? O homem que possui a condição divina. Este não é um privilégio exclusivo de Jesus, mas uma possibilidade para todos os que creem. João, no prólogo, disse: “Quem quer que o receba, ele dá a habilidade de se tornarem filhos de Deus”. E Jesus diz: “Quem acredita nele”, acreditar em quem? No Filho do homem: acreditar que cada um de nós vem ao mundo porque é um desígnio de amor da parte do Pai, um desígnio que Deus quer realizar. Quem acreditar nisso, e aqui está a novidade, “tem a vida eterna”. É a primeira vez que Jesus fala neste evangelho de vida eterna e ele nunca falará dela com termos no futuro, mas sempre no presente.

Para Jesus, a vida eterna não é uma condição adquirida após a morte, mas uma qualidade de vida já nesta existência que permitirá ao indivíduo não experimentar a morte.

O segundo elemento de apoio da espiritualidade farisaica, como de toda religião, é um Deus que julga, um Deus que recompensa os bons e pune os maus. Mas o Pai de Jesus não é assim; o Pai de Jesus é amor, é uma comunicação de amor incessante e crescente, cabe ao homem aceitar ou não este amor.

Então, não é um Deus que julga e menos ainda que condena as pessoas, será o povo que, ao recusar esta oferta de amor e de vida, permanece na esfera da morte.

Jesus o faz com a imagem da luz: a luz é a fonte da vida, quem odeia a luz? Duas categorias: os maus porque têm medo de serem descobertos e os que vivem nas trevas. Se a pessoa vive no escuro, sempre no escuro, quando chega essa fonte de luz, essa luz o incomoda e ele se esconde ainda mais no escuro. Portanto, Jesus fala aqui não de um julgamento da parte de Deus, mas de um julgamento que as pessoas fazem consigo mesmas, excluindo-se desta fonte de vida. 

E, finalmente, o terceiro é o da verdade. Jesus acabou de dizer que quem faz o mal odeia a luz e agora esperaríamos como o oposto “quem faz o bem”; em vez disso, Jesus afirma “E todo aquele que faz a verdade”. O contrário de fazer o mal, não é fazer o bem, mas fazer a verdade, porque...

... neste evangelho fazer a verdade não significa seguir uma doutrina, mas fazer o BEM.

Enquanto que uma doutrina pode dividir, pode separar as pessoas umas das outras, fazer o bem é o que nos aproxima. 

Desse modo, Jesus garante que quem faz o bem alcançará sempre a luz e, quando chegar o momento do encontro com Deus, que é luz, esta luz não absorverá o homem, mas será o homem que absorverá a luz, que se fundirá com ele, ela irá expandir sua pessoa e torná-lo eterno e indestrutível. 

Traduzido do italiano e editado por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

O que nos salva, o que é determinante em nossa vida de fé não é a observância rigorosa e, até mesmo, fanática, de uma doutrina, a realização de uma série de ritos e práticas religiosos, mas a nossa capacidade de fazer o BEM, viver na BONDADE, viver o e no AMOR! É isso que Jesus, concluindo o seu colóquio com o fariseu Nicodemos, deixa bem claro.

É muito difícil, para as pessoas habituadas à prática religiosa, aceitar que Deus não julga, que Deus não pune, que Deus não castiga, que Deus “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45). Afinal, se Deus é justo como é que pode tratar, da mesma maneira, pessoas boas e más?

Acontece que Deus e os critérios que Ele usa são completamente diferentes dos nossos! Não há ódio, não há sentimento de vingança, não há ofensa, não há rancor em Deus. Esses sentimentos e posturas humanos não estão presentes em Deus! Essa é a grande novidade de nosso Deus!

Não é a lei, não é a norma, não são as regras que interessam a Deus, mas o AMOR, o BEM, o PERDÃO, enfim, a MISERICÓRDIA, como gosta de salientar Papa Francisco.

Aqui reside uma imensa surpresa para aquelas pessoas que vivem sua fé e sua religiosidade de modo muito rigoroso e piegas. Pois, essas pessoas imaginam que, por serem rigoristas, beatas, “religiosas” merecerão, por parte de Deus, um tratamento especial. Era isso que pensavam, também, os fariseus, na época de Jesus.

A decepção deles com Jesus será a mesma daqueles que, nos tempos de hoje, imaginam um deus à sua imagem e semelhança!

 

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie – IV Domenica Queresima – 14 marzo 2021 – Internet: clique aqui (acesso em: 13/03/2021).

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