«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 28 de março de 2021

Brasil em queda livre!!!

 Avanço na mortandade e fracasso na economia

 Rolf Kuntz

Jornalista 

Governo falhou em duas áreas cruciais: na defesa da saúde e na ação econômica. Resumindo, não fez nada que devia fazer!

Jair Bolsonaro & Paulo Guedes: fracasso total, seja na economia, seja no combate à Covid

Com pandemia solta e economia emperrada, o Brasil supera 300 mil mortes pela covid-19, acumula recordes de óbitos e encerra março com uma combinação perversa:

* inflação em alta,

* desemprego elevado e

* dezenas de milhões de pessoas à espera de uma nova rodada de auxílio emergencial, suspenso em janeiro. 

Completado um ano de pandemia, o presidente da República nomeou seu quarto ministro da Saúde e patrocinou a formação de um comitê coordenador de ações contra a covid. Ao atribuir a liderança ao senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, Jair Bolsonaro se manteve, cautelosamente, longe dessa função. Pressionado, defendeu a vacinação, mas aproveitou a ocasião para propagandear, mais uma vez, seu famigerado tratamento precoce. Há ociosidade na maior parte da indústria, mas excesso de trabalho em funerárias e cemitérios. 

Grandes erros do governo converteram o País em epicentro da pandemia, fator de risco para todo o mundo e ameaça grave aos vizinhos. Mas isso é apenas parte de um balanço raro, se não único, no chamado mundo ocidental. Além de se destacar pelo fracasso federal na crise sanitária, o Brasil saiu do grupo das dez maiores economias. Passou da 9.ª para a 12.ª posição, em 2020, segundo a Austin Rating, ficando abaixo de Canadá, Coreia do Sul e Rússia, elevados aos 9.º, 10.º e 11.º lugares. 

Mas a saúde econômica do Brasil é pior que a de muitos países a partir da 13.ª posição – concorrentes com mais investimentos produtivos, maior integração global e melhor educação. Pelo tamanho do produto interno bruto (PIB), Austrália, Espanha e Indonésia ficaram logo abaixo do Brasil, segundo a Austin Rating, e os dois primeiros países poderão ultrapassá-lo em 2021. 

Não se trata, no entanto, de enfrentar um concurso internacional, mas de reconhecer e atacar problemas acumulados em muitos anos. O Brasil já andava muito mal quando chegou a pandemia. Em 2019 o PIB cresceu só 1,4%, menos que em 2018, segundo ano de retomada depois da recessão de 2015-2016. No primeiro trimestre de 2020 a produção foi 2,1% menor que nos três meses finais do ano anterior. No ano passado, o recuo de 4,1% resultou também de problemas anteriores à covid-19. O crescimento em 2021, estimado em 3,6% pelo Banco Central, será insuficiente para anular a queda. Realinhar o País ao resto do mundo será ainda mais demorado. 

Incompetência total do Governo Federal em governar o país em meio à crise: quem paga a conta, como sempre, são os mais pobres, os mais indefesos, os sem emprego formal

O governo Bolsonaro parece jamais haver percebido a dimensão e as características da crise brasileira, iniciada muito antes do novo coronavírus e já visível no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. A industrialização, iniciada há cerca de um século e acelerada a partir dos anos 1940, vem sendo revertida. Mas essa desindustrialização é um desmoronamento, em nada comparável com as mudanças observadas no mundo mais avançado, onde ocorre, há anos, a passagem para uma chamada fase pós-industrial. 

O governo, segundo alguns analistas, vai mal na economia por ter abandonado sua agenda liberal. Mas nunca existiu essa agenda, e se tivesse existido teria sido uma bobagem. Problemas de competitividade vão muito além de falhas sanáveis com base em cartilhas liberais para jardins de infância. 

É bobagem falar sobre o peso da tributação e ignorar a qualidade – e a funcionalidade – dos impostos.

Antes de ser pesada, a tributação brasileira é ruim: encarece o investimento produtivo, afeta a competitividade e é tremendamente regressiva, limitando o poder de consumo da maioria.

Mudanças, no entanto, envolvem custos.

Vamos diminuir os impostos indiretos e aumentar os diretos, atingindo a escala superior de rendimentos, como nos países desenvolvidos?

Estão todos de acordo? Mais ou menos? 

Outras questões também ultrapassam a cartilha. Como explicar o poder de competição do agronegócio e de algumas indústrias de transformação, exemplificadas pela Embraer? Pessoas andam impressionadas com as maravilhas tecnológicas produzidas por fintechs e aplicadas à atividade rural. São maravilhas, sim, mas, antes da atuação dos jovens produtores de belos equipamentos, a agropecuária brasileira já era uma das mais competitivas, com décadas de modernização e de aumento de produtividade. 

Dá para entender essa história sem a contribuição da Embrapa, de outras instituições de pesquisa, de grandes escolas de agronomia e de boas políticas de financiamento e de garantia de preços? E a Embraer – ela saiu do nada, a partir da decisão de um grupo de empresários corajosos e criativos, num ambiente aberto ao livre empreendimento? Não há relação, por exemplo, com o Instituto de Tecnologia de Aeronáutica [ITA], ou com o empurrão inicial proporcionado pelo governo, ou com alguma ideia de estratégia nacional e com as condições de financiamento? 

Políticas de desenvolvimento podem resultar em protecionismo e em distribuição de favores, como no caso dos “campeões nacionais”. Mas, concebidas e aplicadas com seriedade e inteligência, podem ser fontes de vigor e de progresso econômico e social.

Que tal deixar o besteirol de liberalismo versus antiliberalismo e redescobrir a boa discussão sobre desenvolvimento?

Fonte: O Estado de S. Paulo – Espaço aberto / Opinião – Domingo, 28 de março de 2021 – Pág. A2 – Internet: clique aqui (acesso em: 28/03/2021).

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