«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 30 de março de 2021

A criatura quer controlar o Criador!

 Comandantes das Forças Armadas pedem demissão em protesto contra Bolsonaro

Igor Gielow, Vinicius Sassine, Gustavo Uribe e Daniel Carvalho 

Inédita, crise militar é a maior desde 1977, mas fardados trabalham para baixar a temperatura, afinal apoiaram o homem...

Da esquerda para a direita, Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica), Ilques Barbosa (Marinha), Bolsonaro, Fernando Azevedo e Edson Leal Pujol (Exército), todos pediram demissão. Foto: Sergio Lima - 22.nov.2018/AFP

Pela primeira vez na história, os três comandantes das Forças Armadas pediram renúncia conjunta por discordar do presidente da República. 

Todos reafirmaram que os militares não participarão de nenhuma aventura golpista, mas buscam uma saída de acomodação para a crise, a maior na área desde a demissão do então ministro do Exército, Sylvio Frota, em 1977 pelo presidente Ernesto Geisel. 

Na manhã desta terça, Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) colocaram seus cargos à disposição do general da reserva Walter Braga Netto, novo ministro da Defesa. 

Braga Netto tentou dissuadi-los de seguir o seu antecessor, o também general da reserva Fernando Azevedo, demitido por Jair Bolsonaro na segunda-feira (29 de março), que também estava na reunião. 

Houve momentos de tensão na reunião, segundo relatos.

Com efeito, na nota emitida pelo Ministério da Defesa, é dito que os comandantes serão substituídos — e não que haviam pedido para sair.

É uma forma de Bolsonaro asseverar autoridade em um momento conturbado, evocando princípio de hierarquia. Ao mesmo tempo, evitar amplificar a crise. 

Na reunião, segundo relatos feitos à Folha, o comandante da Marinha teve um momento de exaltação com o novo ministro da Defesa, Braga Netto. Insatisfeito com a demissão de Azevedo, o almirante apontou que a mudança pode gerar apreensão no país e que afeta a imagem das Forças Armadas. 

Em entrevista à CNN Brasil, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, negou o episódio de tensão na reunião e negou qualquer mudança na atuação das Forças Armadas. 

O ministro Braga Netto disse que nada muda nas Forças, muito pelo contrário, as Forças Armadas têm um papel, dentro da Constituição, de hierarquia, de disciplina, de manter a paz”, afirmou Faria. 

Segundo ele, Braga Netto, que deve tomar posse como ministro da Defesa na terça-feira (6 de abril), é “mais moderno”, mais novo. Faria disse ainda que o colega de governo deve escolher para os comandos nomes mais antigos de sua turma (1978) ou das turmas seguintes. 

O recado é bem claro: não existe nenhuma mudança de postura em relação a este tratamento com as Forças Armadas, até porque o presidente já é capitão, o vice-presidente é general, tem vários militares em posições importantes do governo. Então, não existe nenhuma animosidade, muito pelo contrário”, afirmou. 

General da reserva Braga Netto, novo Ministro da Defesa de Bolsonaro

A tendência, hoje, é a de que seja indicado o atual secretário-geral do Ministério da Defesa, almirante Garnier Santos, para o comando da Marinha, e o comandante militar do Nordeste, general Marco Freire Gomes, para o comando do Exército. Para a Aeronáutica, ainda não há um nome definido. 

O fato de Freire Gomes não estar entre os três mais antigos generais de quatro estrelas causou ruídos no Exército, levados a Bolsonaro pela ala militar do Planalto, mas o tema não é visto como incontornável. 

Há reverberações. Generais do Alto-Comando do Exército afirmaram que a pressão pela saída de Pujol vai alienar ainda mais Bolsonaro da Força, o contrário do movimento proposto. 

O mal-estar pelo anúncio inesperado da saída de Azevedo, que funcionava como pivô entre as alas militares no governo, o serviço ativo e o Judiciário, foi grande demais. 

O motivo da demissão sumária do ministro foi o que aliados dele chamaram de ultrapassagem da linha vermelha:

Bolsonaro vinha cobrando manifestações políticas favoráveis a interesses do governo e apoio à ideia de decretar ESTADO DE DEFESA para impedir lockdowns pelo país.

O presidente falou publicamente que “meu Exército” não permitiria tais ações. Enquanto isso, foi derrotado no Supremo Tribunal Federal em sua intenção de derrubar restrições em três unidades da Federação, numa ação que não foi coassinada pelo advogado-geral da União, José Levi — ajudando a levar à sua queda, também na segunda. 

Enfrentar medidas de governadores para tentar restringir a circulação do novo coronavírus, que já matou 310 mil pessoas, é a obsessão do presidente desde que ele capitulou ante o governador João Doria (PSDB-SP) e abraçou a causa da vacinação. 

As restrições têm menos apoio popular do que a imunização, e o presidente acredita que lockdowns e afins dificultarão ainda mais seus planos de reeleição pelo natural efeito negativo na economia. Sua popularidade vem em queda. 

Ele chegou a comparar as medidas a um estado de sítio, uma impropriedade, mas só a referência a um instrumento de exceção levou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, a questionar suas intenções. 

Em reuniões na segunda, segundo interlocutores, os três comandantes concordaram que seria importante fazer uma transição pacífica e controlada, com consenso sobre os nomes dos substitutos. 

Há o temor de agitação nos quartéis, até porque nesta quarta (31 de março) serão completados 57 anos do golpe que deixou os militares mais de duas décadas no poder, até 1985. A palavra de ordem é acalmar os ânimos. 

A lembrança do episódio de Frota em 1977 é viva na cabeça dos oficiais-generais, todos formados em turmas em anos próximos. 

Mas há diferenças: vivia-se uma ditadura em abertura por Geisel, e Frota se opunha a isso. Além do mais, ele era ministro — a pasta da Defesa só viria a ser criada em 1999, e ficou com civis à sua frente até 2018. O ministério, aliás, se acostumou com crises: 5 de seus 12 titulares até aqui saíram de forma conturbada. 

Os comandantes se encontraram com Azevedo nesta manhã, na Defesa. Braga Netto conversou com eles na sequência. 

Todos eles são mais antigos do que o ministro, jargão militar para dizer que se formaram em turmas anteriores à dele. Isso tem um peso grande no esquema hierárquico das Forças. 

General Edson Leal Pujol (ex-Comandante do Exército) e general da reserva Fernando Azevedo e Silva (ex-Ministro da Defesa)

O mais agastado era Pujol, desafeto de Bolsonaro desde o ano passado, por divergências na condução do combate à pandemia: enquanto o presidente adotava uma agenda negacionista, o general lhe ofereceu o cotovelo em vez de um aperto de mão. 

O presidente tentou removê-lo do comando, sem sucesso por falta de apoio de Azevedo. Recentemente, cobrou uma posição crítica ao Supremo Tribunal Federal devido à restauração dos direitos políticos de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Azevedo e Pujol não repetiram o ex-comandante Eduardo Villas Bôas, que gerou celeuma ao pressionar a corte em 2018 a não conceder um habeas corpus ao ex-presidente, o que abriu caminho para seus 580 dias de prisão. 

Pujol também foi duro ao dizer claramente que os militares tinham de ficar fora da política, no fim de 2020. A insatisfação do serviço ativo com a gestão do general Eduardo Pazuello, que não foi à reserva, à frente da Saúde foi outra fonte de estresse. 

O trabalho de Braga Netto agora será acertar uma acomodação de nomes. Para Marinha e Aeronáutica, Forças de menor peso relativo, a sucessão deverá ser menos nevrálgica do que no Exército. 

Ambas as Forças estão reunidas nesta tarde de terça para discutir os nomes a serem indicados para Braga Netto. 

Em reunião na noite de segunda, o Alto-Comando da Força elencou os nomes à mesa, todos os mais longevos com quatro estrelas sobre os ombros. 

A partir desta quarta (31 de março), o mais longevo será José Luiz Freitas (Operações Terrestres), que irá à reserva em agosto. O mais antigo, Decio Schons (Departamento de Ciência e Tecnologia), deixa a ativa neste dia. 

O segundo mais antigo é o chefe do Estado-Maior, o número 2 da hierarquia, Marco Antônio Amaro dos Santos. Ele trabalhou com Dilma Rousseff (PT), o que dificulta suas chances. 

Mais obstáculos se colocam para o terceiro, Paulo Sérgio (Diretoria de Pessoal, que cuida da saúde dos fardados). Ele concedeu uma entrevista elencando as medidas restritivas que fizeram o Exército ter um índice de contaminação muito menor do que o da população, irritando o presidente. 

Laerte Souza Santos (Comando Logístico) é o próximo da lista, mas era chefe do general Eugênio Pacelli, que perdeu o cargo após ter portarias de controle de armas derrubadas por ordem de Bolsonaro. 

O próximo na fila é o comandante do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes. 

Todos são próximos de Pujol, mas Freire Gomes tem simpatia no Palácio do Planalto por ter seguido uma carreira muito próxima à de Luiz Eduardo Ramos (Brigada Paraquedista, Forças Especiais), o general que agora foi para a Casa Civil e é um dos mais antigos amigos de Bolsonaro. 

Ele sai como favorito para o lugar de Pujol, portanto. O fato de não ser o mais antigo não é impeditivo: já houve outros comandantes que foram escolhidos na mesma condição. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Poder – Terça-feira, 30 de março de 2021 – 12h33 – Atualizado às 17h26 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (acesso em: 30/03/2021). 

Que a política permaneça ao largo dos quartéis, diz general Rêgo Barros

 Leandro Colon 

General deixou o Planalto no ano passado após desgaste com o presidente da República

Gen. Otávio do Rêgo Barros

O general Otávio do Rêgo Barros, da reserva do Exército, afirmou nesta terça-feira (30 de março) à Folha que a política deve permanecer distante dos quartéis. 

Reforço a importância da independência das FA (Forças Armadas), como instituição de Estado, para a promoção da paz social, bem como para a superação dos desafios de toda ordem aos quais a sociedade é submetida. Que a política permaneça ao largo dos quartéis”, afirmou. 

O general, porém, evitou tecer mais comentários sobre a crise instalada no Ministério da Defesa, com as demissões do general Fernando Azevedo e Silva do cargo de ministro e dos três comandantes das Forças Armadas. “Estive afastado de todo esse processo e seria leviano de minha parte aportar opinião”, disse o general. 

Pela primeira vez na história, os três comandantes das Forças Armadas pediram renúncia conjunta por discordar do presidente da República. 

O tom da declaração de Rêgo Barros vai na linha do teor da carta divulgada por Azevedo após ser demitido por Bolsonaro no começo da tarde de segunda-feira (29 de março). O general agradeceu o presidente e disse que, “nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado” [= ou seja, não como uma instituição a serviço de uma pessoa: o presidente Bolsonaro]. 

Nos bastidores, a avaliação é de que Azevedo deixou o primeiro escalão da Esplanada porque se recusou a politizar as Forças Armadas.

Como mostrou a Folha, Bolsonaro decidiu demitir o ministro da Defesa porque está insatisfeito com o afastamento crescente do serviço ativo das Forças Armadas do governo. No seu lugar, foi nomeado o general Braga Netto, então ministro da Casa Civil. 

O general Rêgo Barros deixou o Planalto desgastado com Bolsonaro. O seu cargo de porta-voz foi extinto em outubro pela Presidência da República. 

O general da reserva já não fazia pronunciamentos oficiais desde março, após, segundo assessores presidenciais, incômodo de Bolsonaro com o protagonismo que o militar ganhou à frente do posto. 

Pouco depois, em artigo publicado no jornal Correio Braziliense, ele fez críticas indiretas ao presidente e à gestão. Rêgo Barros se somou a outros militares que se tornaram vozes críticas a Bolsonaro depois de passarem por cargos civis. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Poder – Terça-feira, 30 de março de 2021 – 15h18 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (acesso em: 30/03/2021).

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