«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 21 de março de 2021

A vacina é eficaz?

 Vacina de Oxford/AstraZeneca é ineficaz contra uma variante, a da África do Sul

 Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University 

No Brasil, o importante agora é saber se a Coronavac e a vacina da Oxford/AstraZeneca continuam eficazes contra a variedade de Manaus (P1), que assola o País

Linha de produção da vacina contra o novo coronavírus da AstraZeneca e Oxford, no Instituto Serum, em Pune, na Índia. Foto: Punit PARANJPE/AFP

O ano de 2021 começou bem. Os cientistas tinham desenvolvido e testado meia dúzia de vacinas que eram seguras e tinham eficácias altas contra o Sars-CoV-2. Tudo indicava que 2021 seria um ano dedicado à vacinação da humanidade. Mas o Sars-CoV-2 tinha outros planos. Passou 2020 sofrendo milhares de mutações e gerando centenas de novas variantes. 

Dessas centenas de variantes, logo descobrimos que algumas tinham maior capacidade de se espalhar causando um aumento brutal de casos. Foi o que aconteceu na África do Sul, no Reino Unido e agora no Brasil. 

Não demorou para os cientistas entenderem que era essencial descobrir se as vacinas disponíveis, geradas contra o vírus original, seriam capazes de proteger os vacinados quando se defrontassem com as novas variedades.

Para tanto, é necessário repetir os testes de fase 3: vacinar um grupo de pessoas, administrar placebo em outro grupo e medir quantas pessoas se infectam em cada grupo quando essas pessoas circulam em um ambiente em que a variante nova está presente. 

Essa é a maneira precisa de descobrir a eficácia da vacina contra uma nova variedade. Mas existe também uma maneira mais simples de ter uma primeira ideia de como a vacina vai se comportar. Para isso, basta estudar os anticorpos presentes nas pessoas vacinadas. Você coleta os anticorpos e compara a capacidade deles de bloquear a entrada do vírus original e das variantes em células humanas. 

Os resultados até agora são absolutamente claros, os anticorpos presentes no sangue de vacinados têm capacidade reduzida de bloquear a entrada das variantes nas células. Em alguns casos, essa redução é muito pequena, o que indica que a vacina muito provavelmente continua eficaz contra essa variedade. 

Em outros casos, a queda é maior e fica a dúvida se essa redução é suficiente para afetar a eficácia da vacina. E finalmente existem casos em que os anticorpos não conseguem evitar a entrada da variante nas células. O problema é que todos esses dados não passam de uma indicação de como a vacina vai se comportar no mundo real. É o caso dos anticorpos presentes em pessoas vacinadas com a Coronavac que não conseguem bloquear a entrada da variedade P1, de Manaus, em células humanas. 

A novidade agora é que foi publicado o primeiro estudo que compara diretamente pessoas vacinadas e não vacinadas frente a uma nova variedade do Sars-CoV-2. O estudo foi feito na África do Sul e envolve a vacina de Oxford/AstraZeneca e a variante do país africano (B.1.351). 

A vacina Oxford/AstraZeneca e a variante da África do Sul 

Quando a eficácia da vacina Oxford/AstraZeneca foi medida contra o vírus original, os estudos foram feitos no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul. Esses estudos demonstraram que a eficácia da vacina é de 70% (reduz a chance de o vacinado ter casos leves ou moderados de covid-19 em 70%). 

Mas, já naquela época, os cientistas ficaram desconfiados que os resultados do estudo na África do Sul mostravam eficácia reduzida. E talvez isso se devesse ao fato de a variante B.1.351 já estar se espalhando no país. A análise dos anticorpos presente nas pessoas vacinadas demonstraram que realmente eles tinham menos capacidade de evitar a invasão de células humanas pela nova variedade. 

Foi esse o motivo para os cientistas repetirem o estudo da fase 3 da vacina de Oxford/AstraZeneca na África do Sul, agora que a variante B.1.351 é dominante no país. Um grupo de aproximadamente 900 pessoas recebeu duas doses do imunizante e um segundo grupo, de também 900 pessoas, recebeu placebo. Esses dois grupos foram observados nas semanas subsequentes. 

O resultado desse experimento mostrou que, entre os que receberam o placebo, 20 em 714 pessoas se contaminaram e tiveram formas leves e moderadas de covid-19. Já entre os vacinados, 19 pessoas em 750 pessoas apresentaram formas leves e moderadas da doença. Como é fácil observar, esses dois números são muito próximos e um cálculo cuidadoso demonstrou que a eficácia da vacina de Oxford/AstraZeneca é de 10% nesse estudo. 

Ou seja, a vacina Oxford/AstraZeneca, que tem eficácia de 70% contra a cepa original do coronavírus, tem sua eficácia reduzida para 10% contra a variedade da África do Sul.

A conclusão do estudo é que essa vacina não é eficaz contra a variante da África do Sul. É bom lembrar que esse estudo foi feito pelos cientistas de Oxford e da AstraZeneca, que desenvolveram a vacina. 

Essa é a primeira comprovação que uma vacina produzida para proteger as pessoas do Sars-CoV-2 original pode ser completamente ineficaz perante uma nova variedade. Nos próximos meses, estudos semelhantes serão feitos em diversos locais do planeta para garantir que as vacinas continuam eficazes perante as novas variedades.

No Brasil, o importante agora é saber se a Coronavac e a vacina da AstraZeneca continuam eficazes contra a variedade de Manaus (P1), que assola o País. 

Mais informações: Efficacy of the ChAdOx1 nCoV-19 Covid-19 Vaccine against the B.1.351 Variant. NEJM DOI:10.1056/NEJMoa2102214 2021. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Saúde/Pandemia do Coronavírus – Sábado, 20 de março de 2021 – Pág. A21 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/03/2021). 

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