«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 21 de março de 2021

Como lidar com os negacionistas

 1º) Discurso coerente e bom senso podem convencer a maioria

 Daniel Martins de Barros

Psiquiatria 

Negacionismo estruturado da pandemia, como estratégia de comunicação, só funciona por se aproveitar da inevitável tendência gregária do ser humano

 

Existem dois comportamentos principais que negam a existência da pandemia. Um é o macabro movimento estruturado, com propósitos e métodos, estratégias de comunicação, tudo para embaralhar as informações sobre a covid-19. Ele não tem um alvo fixo, uma vez que a realidade por vezes se impõe de tal forma que se torna impossível continuar negando o que é evidente. 

Inicialmente tentaram negar a existência da doença; posteriormente sua gravidade; e agora negam a eficácia dos meios de preveni-la. Os agentes desse negacionismo nem precisam estar convencidos de suas crenças irracionais – embora muitos estejam. Suas motivações muitas vezes são meramente políticas. 

Tal mecanismo é responsável por mais mortes do que podemos calcular,

... mas ele só funciona por se aproveitar da inevitável tendência gregária do ser humano. Nosso cérebro é programado para buscar a relação com os outros, para nos inserir no grupo e não nos permitir ficar isolados. 

Sentir-se excluído dispara um alarme em nós já que isso era uma condenação à morte para nossos antepassados. Então, quando grupos conseguem ligar determinadas crenças a sua pretensa ideologia, há uma tendência muito forte a que todos aqueles que se identificam com o grupo acatem tais crenças. Afinal ela passa a fazer parte da identidade daquele grupo, e não aderir a elas seria pôr em risco essa sensação de pertencimento. 

Felizmente a maioria das pessoas não está nos extremos.

Há os que se identificam mais com um lado ou com outro, mas não a ponto de pespegar imediata e totalmente as convicções de seu grupo como distintivos a ser exibidos. Elas se inclinarão a acreditar mais em determinadas mensagens, mas não são refratárias às evidências. 

São elas o alvo de nossos esforços. Os extremistas radicais dificilmente abandonarão sua irracionalidade.

Mas se insistirmos num discurso público coerente, com bom senso e sem apelar a extremos opostos, refrearemos ao menos sua influência perniciosa sobre a maioria das pessoas.

O que, considerando tudo, é uma conquista e tanto. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Saúde / Colunista – Domingo, 21 de março de 2021 – Pág. A12 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/03/2021).


 2º) É preciso de ciência e pensamento crítico no combate à desinformação

 Marcelo Knobel

Professor Titular de Física e Reitor da UNICAMP 

A pandemia evidenciou a importância das instituições públicas de pesquisa e das universidades e amplificou as vozes dos cientistas, mesmo assim, somos inundados diariamente com promessas de curas milagrosas

 

A ciência vem sendo atacada e maltratada. Além da falta de investimento, o negacionismo científico e as pseudociências têm encontrado terreno fértil para prosperar nas redes sociais em um momento de tantas incertezas com relação ao futuro. A pandemia evidenciou a importância das instituições públicas de pesquisa e das universidades e amplificou as vozes dos cientistas, jornalistas e divulgadores da ciência, que têm atuado incansavelmente para combater as falácias e achismos que pululam de todos os lados. 

Mesmo assim, observamos estarrecidos retrocessos preocupantes e, especialmente durante a pandemia, somos inundados diariamente com promessas de curas milagrosas, questionamento às vacinas e negação de fatos consolidados, como a importância do distanciamento e do uso de máscaras. 

Neste momento, engajar-se no combate às pseudociências (métodos e práticas duvidosas que se disfarçam de ciência) e à desinformação (informação falsa ou enganosa que é espalhada deliberadamente) é um imperativo ético e humanitário. Mas como fazer isso? 

Um dos caminhos é divulgar a ciência:

a) Mostrar o árduo trabalho dos pesquisadores e a importância de investir na formação de pessoas e de infraestrutura continuamente, para podermos pelo menos sonhar com um país soberano e um desenvolvimento sustentável. 

b) Promover o conhecimento e o encantamento pela ciência, mostrar a sua incrível beleza, como ela permeia a nossa vida e até onde conseguimos avançar graças a ela. E, ao mesmo tempo, alertar para o absurdo e o perigo das pseudociências e do negacionismo, que pode ir muito além do aparentemente inofensivo terraplanismo.

c) O principal, porém, é que nós, como sociedade, façamos todo o esforço para conhecer melhor os métodos científicos e estimular o pensamento crítico e para encarar a realidade, por mais dura que seja, demonstrando confiança nos resultados da ciência, que, como disse Edward O. Wilson (em Consilience: The Unity of Knowledge), “não é uma filosofia nem um sistema de crenças”. “É combinação de operações mentais que se tornou gradativamente o hábito das pessoas educadas, uma cultura de iluminações descoberta por uma feliz reviravolta da história, que levou ao modo mais efetivo de aprender sobre o mundo real já concebido.” 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Saúde / Análise – Domingo, 21 de março de 2021 – Pág. A15 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/03/2021).

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