12º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia
Evangelho: Mateus 10,26-33
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à narração do Evangelho deste Domingo:
José María
Castillo
Teólogo
espanhol
O MEDO INERENTE AO AUTÊNTICO
TESTEMUNHO
No Discurso da Missão
(capítulo 10 de Mateus), quando Jesus envia os apóstolos, encontramo-nos diante
deste texto (preocupante) sobre o tema do medo. O texto está redigido de
modo que o medo é mencionado quatro vezes. É um texto repetitivo, insistente. O
que faz pensar que o Evangelho apresenta este assunto como um problema com o qual
se deve ter muito cuidado. Estamos diante de um problema grave e bastante
perigoso. Sem dúvida, mais perigoso do que suspeitamos.
Por que esse medo?
E, sobretudo, que consequências
entranha este desagradável assunto?
A primeira coisa e a mais evidente,
que aparece neste texto do evangelho de Mateus, é que a pregação do Reino de
Deus confronta o pregador com situações muito perigosas para quem se dedica
a essa tarefa. Quer dizer, o reinado de Deus é um assunto que dá medo. E
dá medo porque é origem e fonte de situações muito perigosas.
Que Deus será, de verdade, o Rei, que será,
portanto, aquele que mandará e cuja vontade se imporá na consciência
dos cidadãos, isso – se é que se toma a sério e se aceita firmemente –
resulta ser a mais grave de todas as ameaças. Sobretudo, ameaça para quem tem o
poder e com o poder se impõem aos demais.
O reinado de Deus é um anúncio que
dá medo aos que têm o poder e não estão dispostos a deixá-lo. Basta pensar que,
se quem manda é Deus e sua vontade se impõe, perdem toda a sua força todos
os que nos submetem e nos impõem sua vontade. Aqui reside o segredo e a essência
do assunto.
Em última análise, o que Jesus está
dizendo – sem dizê-lo assim – é que, quando se prega o Reino, porém isso se
transmite de maneira que não dá medo pregá-lo, então, deve-se
perguntar-se se realmente o que anunciamos é o Reino de Deus ou é outra
coisa, que pode parecer-se ao anúncio do Reino, porém que, na realidade,
não é tal coisa.
O Reino de Deus não se anuncia
impunemente!
E, se é que se anuncia com impunidade
e até com aceitação e aplauso, então, há de perguntar-se se o que se
anuncia é o Reino de Deus ou, na realidade, se anuncia outra coisa. Por
exemplo, pode ocorrer que se anuncie e propague a religiosidade, a piedade, a
devoção, a submissão à Igreja..., o que seja. Porém, não o Reino de Deus. O
Evangelho é assim. E as experiências de Jesus são como são.
Jesus, com seu Evangelho, é
bondade, é misericórdia, é perdão, é liberdade. Porém, se aceitamos, de
fato, Jesus (com seu Evangelho), vamos seguir indiferentes diante de tanto
sofrimento, tanta injustiça, tanta cobiça, tanto escândalo..., como estamos
vendo, vivendo e suportando?
Que o Senhor Jesus nos dê forças
para viver, neste mundo tal como é, a luz e a vida do Reino que Ele mesmo
anunciou!
Traduzido do espanhol por Pe.
Telmo José Amaral de Figueiredo.
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