A nova CATEQUESE
Mais
conectada, atenta aos migrantes, evitando abusos:
as
regras para a Catequese 2.0
HuffPost.it
25-06-2020
O texto do novo "Diretório para a Catequese" foi apresentado,
quinta-feira, dia 25 de junho, no Vaticano.
Disse Dom Fisichella:
«É urgente realizar uma “conversão pastoral” a fim de liberar a catequese
de certos laços que a impedem de ser eficaz»
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"Diretório para a Catequese" Edição italiana - Libreria Editrice Vaticana |
Mais conectada, atenta aos migrantes, evitando abusos. Essas
são as regras para a Catequese 2.0. Sobretudo, a atenção à linguagem digital
e à cultura da globalização estão no centro do “Diretório para a
Catequese”, um volume de mais de 320 páginas que segue os anteriores análogos
de 1971 e 1997, aprovado pelo papa no dia 23 de março e apresentado nessa quinta-feira, 25 de junho, no Vaticano.
Entre as “novas problemáticas que a Igreja é chamada a viver”
na missão evangelizadora e que levaram o Pontifício Conselho para a Promoção
da Nova Evangelização a elaborar o novo “Diretório”, destacam-se
“particularmente duas”: “A primeira é o fenômeno da cultura digital que traz
consigo a segunda conotação, a globalização da cultura”.
“Tanto uma quanto a outra – afirma-se na apresentação, a
respeito da cultura digital e da globalização – estão tão interconectadas que
se determinam reciprocamente e produzem fenômenos que evidenciam uma
transformação radical na existência das pessoas. A exigência de uma formação
que esteja atenta a cada pessoa parece muitas vezes obscurecida diante dos
modelos globais que se impõem. A tentação de se adequar a formas de homologação
internacional é um risco que não deve ser subestimado, sobretudo no
contexto da formação para a vida de fé.”
“A catequese permanece inserida na sólida tradição que tem
caracterizado a história do cristianismo desde as suas origens”, explica o presidente
do Pontifício Conselho, Dom Rino Fisichella, e o secretário, Dom José Octavio
Ruiz Arenas.
“Ela permanece como uma particular
atividade formativa da Igreja, que, no respeito das diversas faixas etárias
dos fiéis, se esforça para tornar sempre atual o Evangelho de Jesus Cristo,
para que seja o sustento para um testemunho coerente.”
O novo “Diretório para a Catequese” está “em uma dinâmica de
continuidade” com os dois que o antecederam:
* o “Diretório Catequístico Geral”, aprovado por Paulo
VI no dia 18 de março de 1971, e
* o “Diretório Geral para a Catequese”, aprovado por
João Paulo II no dia 15 de agosto de 1997.
O documento, que assume muitas das indicações dadas pelo Papa
Francisco à Igreja na sua Evangelii gaudium,
“representa mais uma etapa na renovação dinâmica que a catequese está
realizando”. Por outro lado, “os estudos catequéticos e o esforço constante
de tantas Conferências Episcopais permitiram alcançar objetivos altamente
significativos para a vida da Igreja e o amadurecimento dos fiéis, que requerem
uma nova sistematização”.
Vale a pena ler e refletir sobre a Exortação Apostólica
Evangelii gaudium
de Papa Francisco.
Para baixar, ler e imprimir, clique aqui.
“Os Bispos, que são os primeiros destinatários deste
documento, em união com as Conferências Episcopais, as Comissões para a
catequese e os numerosos catequistas, terão a possibilidade de verificar a
elaboração sistemática que se quis compor de modo a tornar mais evidente a finalidade da catequese, que é o encontro
vivo com o Senhor, que transforma a vida”, explica-se. “O processo da
catequese – afirma-se – foi descrito com insistência no tecido existencial que
envolve as várias categorias de pessoas no seu ambiente vital.” Deu-se ainda um
amplo espaço ao tema da “formação dos catequistas, porque parece urgente
que se recupere o seu ministério na comunidade cristã”.
O texto – um verdadeiro manual enciclopédico, repleto de
sugestões, fontes, referência aos documentos magisteriais – não tem “qualquer
pretensão de estar completo, porque, por sua natureza, se destina às Igrejas particulares,
de modo que estas sejam estimuladas e auxiliadas na redação do seu próprio
Diretório”.
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DOM RINO FISICHELLA Prefeito do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização fez o lançamento do novo Diretório para a Catequese Vaticano, 25 de junho de 2020 |
Além de reconhecer “o papel fundamental dos batizados”,
uma vez que “todos os fiéis são sujeitos ativos da proposta catequética, não
receptores passivos ou destinatários de um serviço; por essa razão, são
chamados a se tornar autênticos discípulos missionários”, a referência também é
ao “compromisso e responsabilidade para identificar as novas linguagens com as
quais comunicar a fé”. E, em suma, ao “eixo” bergogliano da “transformação
missionária” da Igreja, que motiva a sua “conversão pastoral”.
Portanto, em vista da nova evangelização, a Igreja “é chamada
a se realizar ‘em saída’” e “se coloca em um estado permanente de missão”. “Esse
impulso missionário – afirma o número 40 – leva também a uma verdadeira
reforma das estruturas e das dinâmicas eclesiais, de modo que todas elas se
tornem mais missionárias” e, “como ‘discípulo missionário’, cada batizado é
um sujeito ativo dessa missão eclesial”.
Cultura digital
Uma das novidades da “metodologia da catequese” que se
destacam no novo diretório publicado pela Santa Sé é a referente às “linguagens
e os instrumentos digitais”. “No espaço ‘virtual’, que muitos consideram
não menos importante do que o mundo real, as pessoas adquirem notícias e
informações, desenvolvem e exprimem opiniões, comprometem-se em debates,
dialogam e procuram respostas para as suas perguntas”, afirma o número 213.
“Não avaliar esses fenômenos de forma adequada leva ao risco de parecerem
insignificantes para muitas pessoas.”
Na Igreja, “muitas vezes, é habitual uma comunicação
unidirecional:
* prega-se,
* ensina-se e
* apresentam-se sínteses dogmáticas.
Além disso, só com o texto escrito é difícil falar aos
mais jovens, habituados a uma linguagem que consiste na convergência da palavra
escrita, som e imagens”.
“As formas da comunicação digital – explica o ponto
214 – oferecem, pelo contrário, maiores possibilidades, na medida em que estão abertas
à interação. Por isso, além do conhecimento tecnológico, é necessário
aprender modalidades comunicativas eficazes, além de garantir uma
presença na rede que dê testemunho dos valores evangélicos.”
É assim que “as tecnologias de informação e de comunicação,
as redes sociais e os dispositivos digitais favorecem os esforços de
colaboração e de trabalho em comum, o intercâmbio de experiências e de
conhecimento mútuo” (n. 215).
Portanto, é
bom que “as comunidades se comprometam não apenas a enfrentar
esse novo
desafio cultural, mas também a corresponder às novas gerações com
os
instrumentos que já são de uso comum na didática” (n. 216).
Também é prioritário para a catequese “educar para o bom uso
desses instrumentos e para uma compreensão mais profunda da cultura digital,
ajudando a discernir os aspetos positivos dos aspetos ambíguos. Hoje em dia, o
catequista deve estar consciente de como o mundo virtual pode deixar marcas
profundas, especialmente nas pessoas mais jovens ou mais frágeis, e de
quanta influência pode ter na gestão das emoções ou no processo de construção
da identidade”.
Catequese com os migrantes
Entre as muitas perspectivas abordadas pelo documento do
Dicastério para a Nova Evangelização, também está a “Catequese com os
migrantes”. Sempre que possível, “a oferta de uma catequese que leve em
conta os modos de compreender e praticar a fé típicos dos países de origem
constitui um precioso apoio para a vida cristã dos migrantes, sobretudo para a
primeira geração” (n. 275).
“Reveste-se de grande importância – afirma-se – o uso da
língua materna porque é a primeira forma de expressão da identidade de cada
um.” A Igreja tem “uma pastoral específica para os migrantes, que leve em conta
a sua tipicidade cultural e religiosa. Seria injusto acrescentar aos vários
desenraizamentos que eles já viveram também a perda dos seus ritos e da sua
identidade religiosa”.
Além disso, “os migrantes cristãos, vivendo a sua fé,
tornam-se anunciadores do Evangelho nos países de acolhimento, enriquecendo
deste modo o tesouro espiritual da Igreja local e reforçando a sua missão com a
sua tradição cultural e religiosa”.
Evitar os abusos
Além disso, é preciso cuidar para evitar qualquer tipo de
abuso.
Os catequistas, afirma o texto, são
ajudados
“a identificar a modalidade correta
para viver a sua autoridade unicamente como
serviço dos irmãos” (n. 142).
“O catequista, por causa do seu serviço, desempenha um papel
para com as pessoas que acompanha na fé e é visto por essas mesmas pessoas como
uma pessoa de referência, que exerce uma certa forma de autoridade.” Por isso, faz-se
necessário que esse papel “seja vivido com o mais absoluto respeito pela
consciência e pela pessoa do outro, de modo a evitar qualquer gênero de
abuso, seja ele:
* de poder,
* de consciência,
* econômico ou
* sexual”.
Ao reafirmar o compromisso “a favor do amadurecimento humano
e cristão dos catequistas, a Igreja chama a atenção para a responsabilidade de
vigiar com determinação para que, na realização da sua missão, seja
garantida a todas as pessoas, especialmente aos menores e às pessoas vulneráveis,
a proteção absoluta de toda a forma de abuso” (n. 141). Em seus caminhos
formativos e através de “um diálogo honesto com o seu diretor espiritual, os
catequistas devem ser ajudados a identificar a modalidade correta para viver a
sua autoridade unicamente como serviço dos irmãos” (n. 142). Além disso, “para
não trair a confiança das pessoas que lhes são confiadas, devem saber
distinguir entre foro externo e foro interno e aprendam a ter grande
respeito pela liberdade sagrada do outro, sem a violar nem manipular de modo
algum”.
Nota
do IHU: Uma tradução de trabalho, não
finalizada, do novo “Diretório para a Catequese” em português está
disponível aqui.
Traduzido
do italiano por Moisés Sbardelotto.
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