«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 1 de março de 2011

Carta aberta ao teólogo José Antonio Pagola


Publicamos aqui a carta aberta escrita pelo padre espanhol Federico Carrasquilla (foto acima) de El Prado, sobre o livro de José Antonio Pagola, Jesus. Aproximación histórica.(português: Jesus.  A carta foi publicada no sítio Religión Digital, 30-01-2011. A tradução é de Anete Amorim Pezzini.

O livro, na íntegra, pode ser baixado do site de uma paróquia espanhola aqui: http://www.sancarlosborromeo.org/docs/Libro_Pagola.pdf

Eis a carta.

Medellín, 12 de fevereiro de 2011.
Mui querido Padre José Antonio:
Receba minha saudação fraterna.
Escrevo-lhe de Medelín, na Colômbia, em pleno coração da América Latina, não somente para juntar-me a todos aqueles que desejaram manifestar a sua solidariedade, sua admiração e sua proximidade nestes tempos de cruz e de sofrimento, mas, acima de tudo, também para expressar-lhe a maneira como li a partir de Jesus e a partir destes povos pobres, tudo o que lhe aconteceu.
Fiz essa reflexão com outras pessoas, sacerdotes e leigos que também quiseram unir-se ao que lhe quero manifestar.
Este foi o resultado de nossa leitura de fé, sobre o que lhe aconteceu. E é o que agora queremos compartilhar.

De imediato, digo-lhe que sentimos profundamente felizes por tudo que lhe aconteceu!! Sim! FELIZES!.
FELIZES, em primeiro lugar, porque tudo que você passou foi de uma maneira claríssima para nós, “por causa de Jesus”! Tudo o que você sofreu foi simplesmente porque nos falou de Jesus como o percebemos no Evangelho: um Deus que realmente se tornou um de nós, vivendo como pobre. Talvez por nossa sensibilidade latino-americana, seu livro nos chegou mais ao coração, e talvez, por isso mesmo, não nos escandalizamos com as críticas e as incompreensões, pois se o que aconteceu com você foi por falar-nos do Jesus pobre do Evangelho é apenas normal o que lhe aconteceu: a cruz é inerente, hoje como em todos os tempos, à fidelidade ao Jesus do Evangelho. O próprio Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9:23). Também Pedro advertiu sobre isso quando falava às suas comunidades “Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Não é a cruz a marca do verdadeiro testemunho de Jesus?” (1Pd 2, 19-20). Por isso, com toda a razão, dizem os fatos que “os discípulos ... Retiraram-se, pois, da presença do Conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus.” (At 5,41). Um autor disse que “só são críveis as testemunhas que confirmam com seu sangue o testemunho que dão”. Você é daquelas pessoas que têm autoridade moral em nosso mundo para falar-nos de Jesus. E isso nos faz muito felizes!!

FELIZES, em segundo lugar, porque você não somente sofreu por causa de Jesus, mas também “sofreu como Jesus, da maneira de Jesus”. Sua maneira de reagir ante as acusações e as críticas pareceu-nos profundamente evangélica. Sua atitude humilde e simples ao aceitar fazer as “correções” que lhe pediram, sua atitude pobre e impotente para enfrentar as injustiças e as incompreensões, tornou-o, também para nós, muito próximo de nosso povo pobre. Ademais, esse é talvez, hoje, o mais duro e o mais difícil: não somente sofrer por causa de Jesus, mas também reagir à maneira de Jesus, precisamente porque se pensa que a única maneira de responder à injustiça é criando mais incompreensões, mais rejeições. As duas conferências tão evangélicas, tão profundamente denunciadoras, feitas a partir do não poder, na Universidade da Cantábria, nos dias 3 e 4 de novembro de 2010, encheram-nos de imenso gozo e esperança. Era o que estávamos esperando há tempo: alguém que nos falasse, a partir do Jesus do Evangelho sobre a maneira de situarmo-nos neste mundo e nesta Igreja que nos toca viver. Estamos cansados de ouvir críticas contra todos (verdadeiras, é claro!), mas que não se abrem para a esperança, que não suscitam o entusiasmo. Você colocou o “dedo na ferida”: disse-nos e repetiu-o que a saída para os cristãos e para a Igreja é pura e simplesmente VOLTAR PARA JESUS DE NAZARÉ!! Você recordou-nos de que não é o suficiente sofrer por Jesus, mas que também é necessário reagir como Jesus. E isso nos deixou muito felizes!!

FELIZES, em terceiro lugar porque tanto a sua maneira de reagir quanto o seu livro, mesmo com todo o escândalo que tem sido feito, serviu profundamente para “pregar Jesus”. Como disse Paulo aos Filipenses por ocasião de sua prisão “E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho” (Fil 1:12). Sobretudo para nós na América Latina, seu livro chegou-nos como um ar fresco. Tenha certeza de que sua maneira de apresentar-nos Jesus ajudou a milhares de pessoas (não é exagero) a conhecer e a viver melhor o Jesus do Evangelho; que muitíssimos cristãos, sacerdotes e religiosas em toda a América Latina, especialmente os que trabalhamos em um meio pobre, sentimo-nos confirmados em nossa fé e em nossa maneira de viver Jesus, com seus escritos e, sobretudo, pela maneira como reagiu ante a opinião contrária de alguns. Muitas vezes fizemos esta reflexão: “Não vale muito mais o que nos doou que os aborrecimentos que lhe vieram desse lado? Não nos está confirmando o que Jesus disse: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa?” (Mt 5:11). Achamos que as incompreensões e perseguições que você está padecendo são uma confirmação do que Jesus disse e preveniu-nos. Cremos que vale muitíssimo mais o que você com sua vida e seus escritos ofereceu-nos, os que estamos mais pertos dos pobres, que todas as incompreensões que você teve de padecer. Sempre pensamos que somente o que se deixou evangelizar pelos pobres pode suportar os sofrimentos com uma atitude de pobre. Tudo o que lhe aconteceu, nós temos tomado e recebido como a marca de autenticidade de seu anúncio de Jesus. E isso nos fez muito felizes!!
Por isso, desde que li seu livro sobre Jesus, dediquei-me a oferecê-lo e recomendá-lo aos que me cercavam, atrevendo-me a acrescentar “um pequeno guia” para sua leitura, o qual eu acrescento para você no final.

FELIZES, em quarto lugar, ao compreender que, lidas de uma maneira mais consentânea com a mentalidade e a ciência moderna, as críticas e suspeitas que a Hierarquia lhe fez, longe de perturbar a nossa fé, no-la confirmava; longe de retirar o valor de seu livro, podiam ajudar-nos a compreendê-lo em seu justo sentido. Por isso, fiz um comentário a essas críticas, o qual também eu acrescento ao final.

Padre José Antonio: OBRIGADO pela sua vida. OBRIGADO pela sua maneira de reagir ante essa situação dolorosa que está suportando. OBRIGADO por ajudar-nos a viver e a compreender melhor o Jesus do evangelho. OBRIGADO por recordar-nos que a divindade de Jesus se nos revela em seu rosto de homem pobre. OBRIGADO por fazer-nos entender melhor as boas novas de Jesus. Você nos confirmou em nossa fé, porque tudo o que você sofreu foi “por causa de Jesus, à maneira de Jesus e para a proclamação de Jesus”. Não lhe parece que temos razão para estar felizes?

Pe. Federico Carrasquilla. Sacerdote diocesano de El Prado, de 76 anos.
Conte com minha oração, carinho e solidariedade, minha e de milhares de pessoas na América Latina.
Padre Federico Carrasquilla.
Sacerdote diocesano de El Prado, de 76 anos de idade e 52 de sacerdócio.

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Comentário à nota do episcopado espanhol sobre o livro de Pagola
Quando saiu o livro de J. A. Pagola, entusiasmei-me e busquei divulgá-lo de todas as formas que me foi possível. Inclusive fiz um comentário ao livro que é uma espécie de guia para que os leitores pudessem tirar dele o maior proveito possível. Já havia elaborado esse comentário (minha interpretação), quando me chegou a nota do Episcopado Espanhol que dava uma interpretação extremamente crítica e negativa ao mesmo livro. Li várias vezes a nota, e voltei a reler o livro, levando em consideração a interpretação que lhe dava o Episcopado. Compartilho convosco o fruto de minha reflexão.

A nota é uma interpretação do texto de J. A. Pagola. E é a primeira coisa que se deve ter presente: trata-se de uma interpretação: a do Episcopado Espanhol, pois, segundo as regras da hermenêutica ─ ciência da interpretação ─, “um texto e um fato têm sempre muitas interpretações, nunca somente uma; nenhuma interpretação pode ser apresentada como a única interpretação, mas qualquer interpretação tampouco é válida” [1].
Depois de ler a interpretação que o Episcopado dá ao livro, comparei-a com a interpretação que eu também havia feito desse mesmo livro, e devo confessar com toda a honestidade que, em minha interpretação, não encontrei nada dos desvios doutrinais que o Episcopado anotara, e isso me deu muita alegria. Em vez disso, dei-me conta de que aquilo que o Episcopado propõe como verdadeira interpretação da doutrina da Igreja era precisamente o que eu havia compreendido em minha leitura do livro. E isso me deu mais alegria ainda.

Não obstante, parece-me que o importante, em última instância, não é ficar sabendo que minha interpretação está em consonância com a doutrina da Igreja (o que é muito valioso e necessário), mas que a leitura do livro me sirva, sirva-nos, para conhecer melhor a Pessoa de Jesus, e fazer dela uma chave para ler nossa vida [2].  Por isso, a grande alegria para mim foi constatar que o livro de Pagola permitiu-me entrar na Pessoa de Jesus de uma maneira totalmente fiel à doutrina da Igreja.

Por isso, tomei a Nota do Episcopado como uma chamada que o Senhor me fazia por intermédio do Magistério Episcopal Espanhol: que a minha interpretação do livro de Pagola havia sido feita sempre em consonância com a doutrina da Igreja, e havia evitado outras interpretações que me podiam levar para longe da verdadeira doutrina da Igreja. Por isso, dei graças ao Senhor pela leitura dessa Nota, pois ela deu-me a segurança de que nenhum dos erros que a Nota do Episcopado manifestava aparecia em minha interpretação, e, ao contrário, tudo o que dizia que deveria ser a doutrina verdadeira da Igreja, eu havia encontrado na leitura do livro.

Notas:

1. GADAMER G. H. Verdad y método. Isso se pode apreciar bem claramente ao comparar as diferentes traduções existentes da Bíblia: nenhuma é igual à outra e, não obstante, todas são feitas a partir do mesmo texto hebreu ou grego, e todas têm a aprovação da Igreja.
2. Isso é o que expressa São João no final do Evangelho: “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome.” (Jo 20: 30-31).

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Pistas para ler com mais proveito o livro: ''Jesus. Abordagem histórica'', de José Antonio Pagola

Trata-se de um livro sobre Jesus que merece não somente ser lido, mas também relido como o queria João XXIII ao convocar o Concílio. Isso porque não somente tem uma abordagem muito original e completa, mas também principalmente porque, em essência, sua leitura é um convite pessoal ao leitor para recriar, a partir da vida de cada um, a imagem de Jesus que nos quer transmitir. Por isso, pareceu-me que pode ajudar aos leitores do livro, de um lado a ter bem presente na leitura o que me parece que são as contribuições do próprio autor sobre a Pessoa de Jesus e, de outro, as chamadas que faz para continuar cada um sua leitura  a partir de sua vida pessoal.

CONTRIBUIÇÕES

Penso que as contribuições mais fundamentais do livro são as seguintes.
Centra tudo o que diz em que o mais importante, o central, o fundamental da fé cristã está na PESSOA DE JESUS. O objetivo do livro ─ está dito no epílogo (que é um resumo estupendo de tudo o que é discutido no livro) ─ é VOLTAR PARA JESUS. Todo o livro deve ser lido como um convite, não para conhecer os ensinamentos de Jesus, mas para entrar em Sua Pessoa, em Seu mundo, como o que centra e define a fé cristã. Cada página do livro é como uma “revelação” apaixonante e sempre nova do que é a Pessoa de Jesus.
Essa centralidade absoluta da Pessoa de Jesus, que constitui a originalidade absoluta e única da fé cristã e que a distingue da qualquer outra crença ou religião é uma “centralidade descentrada”, ou seja, a Pessoa de Jesus constitui a totalidade da fé cristã, mas essa Pessoa de Jesus somente se a compreende em referência ao Pai e ao Reino. É, portanto, um centro que obriga a pessoa a não permanecer em si, mas a descobrir em Jesus uma maneira nova de revelar Deus como Pai e a acolher Sua proposta de sociedade, o Reino de Deus. Jesus é, portanto, incompreensível sem Deus como Pai e sem Sua Obra: o Reino, que é, ao mesmo tempo, a Obra e o Reino do Pai.

A Pessoa de Jesus é uma proposta de vida. Não se nos oferece nem para seguir seus ensinamentos nem simplesmente para realizar Sua obra, mas para entrar em comunhão com Sua Pessoa e, a partir daí, desenvolver Seus ensinamentos e encontrar a maneira de colaborar em Sua Obra que se torna, então, a obra de cada um. É o que expressa o convite de Jesus a segui-lo que constitui o “tipo de relacionamento entre as pessoas ─ seus discípulos ─ e sua Pessoa”.

A Pessoa de Jesus, Suas propostas, Sua Obra são incompreensíveis sem o pobre. Tudo de Jesus tem a marca do pobre: Seu conceito de Deus e Sua proposta do Reino; Suas atitudes, Seus compromissos, Sua linguagem, Suas relações, os meios que utiliza. É impressionante a maneira como o autor vai mostrando, sem fanatismos, mas com o radicalismo decorrente da própria prática de Jesus, como tanto Sua Pessoa quanto toda a Sua atividade e todos os Seus compromissos são feitos a partir do pobre e têm a marca do pobre.
Mas talvez o mais interessante do livro seja que ele tem duas facetas:   [1ª] é um livro de uma espiritualidade profundamente cristológica elaborada a partir do mais recente que as ciências bíblicas trazem e, ao mesmo tempo, [2ª] é um livro de exegese bíblica sobre Jesus, redigido em uma linguagem e com uma perspectiva de pura espiritualidade. O interesse do livro não é dar-nos a conhecer os resultados das últimas investigações científicas sobre Jesus, mas atualizar o que disse São João no final de seu Evangelho: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20: 30-31). O livro parece ser uma paráfrase desse texto. Mas, ao mesmo tempo, pode-se lê-lo como um livro científico sobre Jesus, escrito com todos os elementos da ciência bíblica e da hermenêutica de hoje, mas elaborado em um ambiente de misticismo e de espiritualidade que convida a não permanecer no puramente científico, mas ir até a Pessoa de Jesus, que é a que dá sentido e também a liberdade aos aportes científicos.
Por isso, pode-se dizer então que é um livro da espiritualidade cristológica mais pura e fascinante, uma vez que é um livro científico sobre Jesus escrito com as contribuições do mais recente da ciência bíblica, mas que se lê como um puro livro de espiritualidade. E esses dois pontos de vista são verdadeiros.

TAREFAS

O livro é ao mesmo tempo e talvez sem que o autor desejasse, um convite a que o leitor continue e complete o livro realizando as seguintes tarefas:
A vivência de tudo o que o livro oferece, o leitor tem de fazê-lo não a partir das ideias que o livro expõe, mas a partir de sua realidade pessoal. Precisamente se a Pessoa de Jesus é uma proposta de vida, a maneira de vivê-la, as práticas e os compromissos concretos têm de sair da realidade concreta da pessoa que se sente atraída pela Sua Pessoa e Sua Proposta.
Tudo o que Jesus diz tem, então, um valor iluminador, não primordialmente normativo. A Pessoa de Jesus se nos dá para iluminar nossa vida, não para dar-nos normas ou leis sobre a maneira como devemos agir. E cada pessoa tem de elaborar essa iluminação a partir da sua situação pessoal, para tirar daí a maneira de viver de Jesus.

Assim como o livro desenvolve magnificamente a maneira como Jesus olha para Deus, a ideia ou o conceito que Ele tem de Deus, é preciso elaborar, a partir do que ele diz, o conceito que Jesus tem do homem que é um conceito essencialmente relacional. Jesus ─ e isso aparece em todas as páginas do livro ─ concebe a pessoa como “um ser de relação”: relação antes de tudo com Deus Pai, que é a relação fundante, e relação com os outros, que é o que concretiza e torna real a relação com o Pai. Somente pode ter relacionamento com o Pai, quando se tem relacionamento com seus filhos.

Igualmente, não basta dizer que o pobre ocupa um posto essencial na própria pessoa de Jesus e em Suas propostas, mas que é necessário, a partir de sua prática, que o livro no-la oferece em cada página, elaborar a maneira como Jesus olha ao pobre, que é uma maneira absolutamente original. Em termos de hoje, diríamos que Jesus não olha o pobre a partir da perspectiva sociológica, como o que carece de algo, como o “pobrezinho”, mas como o portador do novo homem, como sujeito do Reino.

Como conclusão dos pontos anteriores, poder-se-ia dizer que tudo o que o autor nos fala sobre Jesus exige que cada pessoa que lê o livro, invente sua maneira de relacionar-se com Ele, sua maneira pessoal de viver de Jesus.

Jesus fala do Reino como sua Obra; propõe um “império”. É necessário ter bem presente que os meios que Jesus utilizou para realizá-lo são os meios pobres. Isso aparece, sobretudo, nos capítulos sobre a Paixão e sobre a Ressurreição. É aí que está a debilidade “política” da proposta e da experiência  de Jesus, que, por outro lado, é profundamente política e, simultaneamente, sua força transformadora na história. Jesus é absolutamente coerente em toda a sua vida; Sua Paixão e Sua Ressurreição têm a mesma “marca” daquilo que, ao longo de sua vida, constituiu a maneira de enfrentar as opções e de construir Seu Reino. As tentações do início de suas atividades mostraram o que viveu ao longo de Sua vida pública e que continuou na Sua Ressurreição: Sua opção pelos meios pobres, Sua rejeição radical em apoiar-se no poder e nos meios de poder para construir Seu Reino.

Por último, parece-me que o leitor está convidado a recriar qual seria a imagem de Maria que Jesus teve a partir do que expõe o autor, tanto sobre a maneira como Jesus se relacionou com Ela, como a partir da posição que ocupou no anúncio de sua Boa Nova.

CONCLUSÃO

Espero que essas notas ajudem aos leitores do livro a encontrarem nele uma ferramenta supremamente atual e eficaz para conhecer melhor a pessoa de Jesus, apaixonar-se cada vez mais por Ele e descobri-lo não somente como uma boa nova para a gente e o mundo de hoje, mas também como a única Boa Nova de que necessita a pessoa e o mundo de hoje, para orientar a história em direção ao caminho de uma nova humanidade.

Espero que estas notas possam ajudar aos leitores do livro a encontra nele uma ferramenta extremamente atual e eficaz para conhecer melhor a Pessoa de Jesus, a apaixonar-se cada vez mais por Ele e descobrir-lo não apenas como uma boa nova para as pessoas e mundo de hoje, mas também a única Boa Nova de que a pessoa e do mundo hoje necessitam, para orientar a história até o caminho de uma nova humanidade.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 28/02/2011 http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40970

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