«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 6 de março de 2011

VISÃO GLOBAL - Revolta no Oriente Médio e África


Thomas L. Friedman*
The New York Times

Há fatores menos óbvios na revolta
Além das questões conhecidas como desemprego e tirania, a eleição de Obama e o Google Earth têm ampla influência

Os historiadores do futuro passarão bastante tempo tentando entender como a autoimolação de um mascate tunisiano, Mohamed Bouazizi, em protesto contra o confisco de sua carroça de legumes, foi capaz de dar início a revoltas populares em todo o mundo árabe e muçulmano.

Conhecemos as grandes causas - a tirania, o aumento no preço dos alimentos, o desemprego entre os jovens e as mídias sociais. Mas, depois de visitar o Egito, tenho elaborado minha própria lista relacionando o que eu chamaria de "fatores menos óbvios" que alimentaram esta revolta em massa. Ei-los a seguir:

[1º] O fator Barack Obama: os americanos nunca compreenderam verdadeiramente o quanto foi radical - aos olhos do restante do mundo - o fato de termos eleito para a presidência um americano negro de sobrenome Hussein.
Estou convencido que a oportunidade de ouvir o discurso de Obama no Cairo em 2009 fez com que muitos jovens árabes dissessem a si mesmos: "Humm, vejamos. Ele é jovem, eu sou jovem. Ele tem a pele escura, eu também. O sobrenome dele é Hussein, e o meu também. O avô dele era muçulmano, o meu também. Ele é presidente dos EUA e eu sou um jovem árabe desempregado sem voz, voto ou possibilidade de decidir meu futuro". Eu incluiria isso entre as forças que abasteceram as revoltas.

[2º] O Google Earth: embora o Facebook tenha recebido todas as atenções no Egito, na Tunísia e no Bahrein, não podemos nos esquecer do Google Earth, que começou a perturbar a política do Bahrein em 2006. Neste país, a questão da desigualdade na distribuição das terras é um problema sério, principalmente para os xiitas que querem se casar e construir seus lares. Em sua edição de 27 de novembro de 2006, o Washington Post publicou uma reportagem sobre a situação: "Mahmoud, que mora numa casa com os pais, quatro irmãos e os filhos deles, disse que ficou ainda mais frustrado quando procurou o Bahrein no Google Earth e viu amplas extensões de terra desocupada, enquanto dezenas de milhares de xiitas, em sua maioria pobres, eram espremidos em pequenas áreas de alta densidade demográfica.

[3º] Israel: a rede árabe de TV Al-Jazira tem hoje uma grande equipe cobrindo a situação em Israel. Eis algumas das reportagens que têm sido transmitidas por ela ao mundo árabe: o ex-premiê israelense Ehud Olmert foi obrigado a renunciar por causa das acusações de que ele teria aceitado ilicitamente envelopes cheios de dinheiro oferecidos por um judeu americano que o apoiava. E, recentemente, Israel retirou a nomeação do general Yoav Galant para o posto de chefe do Estado-maior depois que ambientalistas israelenses levaram à abertura de uma investigação que resultou na conclusão de que Galant teria se apropriado de terras públicas perto de sua casa.
Isso deve ter provocado certa reação no Egito, onde a venda de terras aos aliados do regime num golpe que proporcionou imensos lucros tem sido amplamente comentada no Cairo. Quando o país vizinho leva à justiça seus principais líderes por acusações de corrupção enquanto líderes de seu próprio país são corruptos, é impossível não notar a diferença.

[4º] A Olimpíada de Pequim: nos anos 50, China e Egito eram grandes civilizações submetidas ao imperialismo e mergulhadas na mais profunda pobreza, principalmente no caso da China, diz Edward Goldberg, professor de estratégias de negócios do site The Globalist. Mas, atualmente, a China ergueu a segunda maior economia do mundo, e o Egito ainda depende do auxílio internacional para sobreviver.

[5º] O fator Fayyad: o premiê palestino, Salam Fayyad, apresentou ao mundo árabe uma nova forma de governo. Ela diz: julgue-me pelo meu desempenho, pelos serviços públicos que ofereço e não simplesmente pela minha insistência em "resistir" ao Ocidente e a Israel. Se somarmos tudo isto, o resultado é claro: temos uma poderosa convergência de forças impulsionando um amplo movimento por mudanças.

Estamos apenas no começo de algo imenso e, se não apresentarmos uma política mais enérgica, a diferença entre um bom resultado e um mau resultado para os EUA dependerá de como o rei da Arábia Saudita, com seus 86 anos, vai administrar tantas mudanças.

TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

* É COLUNISTA E ESCRITOR

Fonte: O Estado de S. Paulo - Sexta-feira, 4 de março de 2011 - Pg. A14 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110304/not_imp687494,0.php

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.