«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 14 de março de 2011

''O poder dos EUA está se reduzindo''



Michael Mandelbaum
Professor da Universidade Johns Hopkins

Denise Chrispim Marin - Correspondente / Washington

Sob o peso de uma dívida pública de US$ 14 trilhões e de um déficit fiscal de US$ 1,3 bilhão, os EUA não serão mais a mesma superpotência das sete décadas passadas. As ações militares e diplomáticas diminuirão, por resistência dos contribuintes americanos em pagar a conta. Regiões que precisam de apoio direto de Washington para construir suas instituições - da Líbia ao Haiti, do Afeganistão ao Iraque - mergulharão na "desordem".

A previsão sombria é de Michael Mandelbaum, professor de política externa americana da Universidade Johns Hopkins. Segundo ele, porém, mesmo com o aparente declínio americano, nenhuma outra potência alcançará os Estados Unidos nas próximas décadas. A seguir, trechos da entrevista.

Os Estados Unidos não têm hoje o mesmo peso em foros internacionais como no pós-2ª Guerra. Qual é o seu real poder?

Os Estados Unidos continuam a ser o país mais poderoso e importante do mundo. Mas, haverá uma contração do poder americano nos próximos anos por causa do peso maior dos programas de assistência e previdência social no orçamento do país. A geração do baby boom, americanos nascidos entre 1946 e 1964, começou a se aposentar. Os EUA serão obrigados a conduzir uma política externa com gastos menores. E não há outro país interessado em assumir o papel dos EUA no mundo, mesmo de forma complementar.

A China seria uma alternativa aos EUA?

A China não se tornará uma superpotência, como os EUA. Primeiro, a China é ainda um país muito pobre. Cresceu muito, mas a renda per capita continua muito baixa e há centenas de milhões de pessoas pobres no país. O foco de qualquer governo chinês estará sempre no espaço doméstico, no crescimento econômico interno, não na projeção de seu poder no mundo. Segundo, a China não assume responsabilidades no sistema internacional. Terceiro, os países do Leste Asiático suspeitam da China e preferirão contar com os EUA.

Outros emergentes não podem tocar essa agenda?

O Brasil se tornará mais importante na América Latina e no Caribe. A Índia, no Sul da Ásia. Para carregarem as tarefas atuais no mundo, não vejo nenhum outro substituto.

A redução do orçamento dos EUA em defesa e diplomacia levará a que tipo de mudança? O que é descartável na atual política externa?

As áreas vitais são o Leste da Ásia, o Oriente Médio e a Europa - as mesmas do período da Guerra Fria. A política de construção de nação conduzida desde o final da Guerra Fria - Bósnia, Kosovo, Haiti e Somália - não será repetida.

Por pressão doméstica ou outras razões?

Porque os EUA constataram que essas intervenções são muito custosas. Talvez sejam desejáveis, mas não são mais viáveis.

E em relação a países como Egito, Tunísia e Líbia. Os EUA podem se dar ao luxo de negar essa ajuda?

Eu acredito que os EUA podem e vão negar. E, com isso, não creio que a imagem do país como líder mundial sofrerá. Será uma surpresa se os EUA custearem essas intervenções porque os contribuintes americanos não querem mais pagar essa conta. Os EUA continuarão com suas atividades de contraterrorismo e de inteligência, em cooperação com outros governos e agências, e ainda podem se valer de seus mísseis de alcance continental. A questão não é mais enviar grandes contingentes de soldados nem adotar programas de construção de nações. Ou seja, não mais valer-se dos modelos de (George W.) Bush e de (Bill) Clinton. Essas políticas de intervenção militar não contam mais com o apoio popular.

Se não há substitutos para os EUA como superpotência, qual o destino dos países em reconstrução?

Haverá mais desordem no mundo. Não chegará ao caos. Mas, onde os EUA não puderem mais intervir, haverá desordem. O custo da liderança atrofiada será pior para o mundo do que para os EUA.

Qual sua avaliação sobre o desinteresse dos EUA pela América Latina?

A região não é importante na política de segurança nacional dos Estados Unidos, o que é bom para todo o mundo. Não há problemas na América Latina que afetem os EUA como existem em outras partes do mundo. E acho que não é de interesse da América Latina atrair a atenção dos Estados Unidos.

QUEM É Michael Mandelbaum
Referência no estudo da diplomacia dos EUA, ganhou fama como um dos maiores defensores de um imposto adicional sobre fontes não renováveis de energia para reduzir a dependência americana do petróleo. Mandelbaum também tornou-se especialista em Europa Oriental e Rússia. Ele fez doutorado na Universidade Harvard, mestrado na Universidade Cambridge e graduação em Yale.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Domingo, 13 de março de 2011 - Pg. A29 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110313/not_imp691285,0.php

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