«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A internet brasileira em risco

EDUARDO PARAJO

Difícil acreditar que concentrar em algumas teles o serviço de acesso prestado por 6.000 provedores seja uma mudança positiva

Está ocorrendo uma guerra silenciosa na internet brasileira. De um lado, mais de 6.000 provedores de acesso, serviços e conteúdo de internet -em sua maioria pequenas e médias empresas estabelecidas em mais de 4.000 municípios. Do outro, as poderosas concessionárias operadoras de telefonia, as teles, responsáveis por 80% do mercado de infraestrutura.


Os provedores defendem a manutenção do modelo atual, regido pela norma 4 de 1995, que prevê a separação entre telecomunicações e provimento de acesso/conteúdo. Esse modelo estipula que a tele pode vender acesso à internet, desde que por meio de empresa autônoma. A intenção original da norma foi permitir que provedores que não fazem parte dos poderosos grupos das teles pudessem demandar isonomia no uso da infraestrutura das teles.


Por que as teles não querem continuar a prestar serviços por meio desse modelo transparente? A resposta: porque pretendem eliminar de vez a concorrência.
Há anos as teles vêm pressionando o governo e a Anatel para que seja revogada a norma 4. Além da telefonia e da TV a cabo - serviço que vão explorar com a sanção do PLC 116 -, elas querem trazer para a rubrica das telecomunicações os serviços de valor adicionado (como são classificados os serviços dos provedores).


Que fique claro: o consumidor sempre pagou e vai continuar pagando pelo provimento de acesso. Tecnicamente, não existe internet sem provedor. Esse foi um jargão inventado pelas teles para enganar os consumidores e abocanhar sozinhas mais essa parcela do mercado.
Difícil acreditar que concentrar em algumas poucas grandes companhias (por sinal, líderes em reclamações nos Procons) um serviço hoje prestado por 6.000 empresas seja uma mudança positiva para o país.


Há discussões mais importantes a fazer: a melhoria das redes, o compartilhamento e a neutralidade no uso das redes, para garantir a não discriminação do conteúdo trafegado na internet. Esses tópicos é que são responsabilidade das teles e da Anatel.


O governo e a opinião pública são algumas vezes influenciados pelo discurso fácil e demagógico das teles, segundo o qual os serviços dos provedores seriam restritos à autenticação dos usuários, o que as teles fariam "de graça". Na verdade, os provedores fazem um trabalho de verdadeira inclusão, oferecendo, à parte o serviço de autenticação, segurança, e-mails, hospedagem de sites, resolução de nomes "dns" e atendimento ao internauta -além de uma enorme variedade de conteúdos.


Com o modelo vigente, o Brasil já tem mais de 81 milhões de internautas, sendo metade das classes C/D e E. O mercado de provedores é responsável por mais de 150 mil empregos, que deixarão de existir com essa etapa final da concentração.


O Brasil, hoje referência na produção de conteúdo em português na rede, corre o risco de simplesmente transferir para as teles - a maioria, de capital estrangeiro - a internet e o conteúdo de qualidade, já que os provedores que conhecemos não terão mais como viabilizar suas atividades.


EDUARDO PARAJO [foto acima] é presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira de Internet (Abranet).


Fonte: Folha de S. Paulo - Tendências/Debates - Segunda-feira, 26 de setembro de 2011 - Pg. A3 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2609201108.htm

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