«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sobram palavras, faltam líderes [Muito esclarecedor!]

CLÓVIS ROSSI

Em 2009, o G20 levantou US$ 1,1 trilhão para a economia; agora, há obsessão com os cortes

Em abril de 2009, os líderes do G20 chegaram para uma cúpula em Londres gritando que fariam tudo, tudo, tudo o que fosse necessário para debelar o incêndio que assolava o planeta.
Não conseguiram evitar o que o FMI chamaria de "A Grande Recessão", mas lograram impedir a depressão, que seria o apocalipse econômico-social.


Dois anos e meio depois e na antevéspera de nova cúpula (Cannes, novembro), seus ministros de Economia reúnem-se em Nova York e, de novo, anunciam uma "resposta internacional forte e coordenada" para apagar o novo incêndio.
Tudo resolvido, então? Nem por sombra. Em 2009, o G20 armou suas palavras com a impressionante cifra de US$ 1,1 trilhão em estímulos para sacudir a economia. Agora, o espírito é oposto: há uma obsessão com o corte de gastos. Só os EUA se autoimpuseram um ajuste de US$ 4 trilhões, que, se depender apenas do fundamentalismo dos republicanos, virão todos do corte de gastos.


Dá até para dizer que os líderes do mundo rico não aprendem as lições da história. A grande depressão de 1929 foi combatida com o "New Deal", um pacote de estímulos similar ao adotado em 2009. Mas o então presidente Roosevelt cancelou os estímulos prematuramente e a recessão voltou, em 1937.


É justo dizer que o presidente Barack Obama e seu secretário do Tesouro, Timothy Geithner, insistiram em apontar aos europeus, desde que a crise amainou em 2010, o exemplo de 1929/37. Inutilmente.


Está havendo uma leitura errada da crise da dívida - que é apenas um dos focos do novo incêndio. Paul de Grauwe [foto acima], catedrático de Economia da Universidade de Louvain (Bélgica), lembra em artigo recente que o problema da dívida não foi causado por má gestão das finanças públicas, exceto na Grécia.
Tem a ver, isto sim, com a explosão da dívida privada, que aumentou de 50% para 70% do PIB, entre 1999 e o início da crise, em 2007. Os governos, ao contrário, reduziram sua dívida.
Quem mais se endividou, escreve De Grauwe, foi a banca: "O crescimento da dívida bancária na zona do euro chegou a superar 250% do PIB em 2007".


Com a crise, a dívida privada foi estatizada, inclusive grande parte da dívida bancária. Quando a crise amainou, os mercados apunhalaram os benfeitores pelas costas, ao cobrar juros obscenos para rolar a dívida. Os governos, acovardados, entoaram então o cantochão do "corta, corta, corta", como se fizesse sentido combater a anemia econômica com a redução de gastos.


Tem-se, então, outro foco de incêndio, na forma de desaceleração econômica em alguns países, recessão em outros e, por extensão, o obsceno desemprego que a presidente Dilma Rousseff mencionou na ONU.


Fecha o círculo a inapetência ou incompetência para abrir a caixa preta da banca (quem deve para quem, quem está exposto onde). Daí vem outro foco do incêndio: a desconfiança no sistema bancário, o que equivale a jogar areia nas engrenagens do sistema capitalista.
Sem bala na agulha para repetir Londres-2009, Cannes-2011 corre o risco de ser apenas palavras, palavras, palavras.


Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Domingo, 25 de setembro de 2011 - Pg. A23 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2509201112.htm

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