«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O fundamentalismo religioso é tema de congresso teológico espanhol


Mensagem final do XXXI Congresso de Teologia da Associação João XXIII. Madri (Espanha)


Religión Digital (11/07/2011)


Eis o texto.

De 8 a 11 de setembro, celebramos o XXXI Congresso de Teologia, com a participação de 700 pessoas de diversos continentes e múltiplas identidades culturais, religiosas e étnicas, para refletir sobre o fenômeno dos fundamentalismos, suas principais manifestações, causas e consequências nos diversos cenários geoculturais: Ásia, África, América
Latina e Europa.

1. Os fundamentalismos são a manifestação mais eloquente da incapacidade dos seres humanos para viver em harmonia em meio à diversidade e convertem as discrepâncias em barreiras de incomunicação. Alimentam a intolerância, são inimigos da diversidade e podem se manifestar em qualquer ideologia.

2. O fenômeno fundamentalista, cada vez mais generalizado, se apropria de todas as parcelas da existência humana: pessoal e social, religiosa e cultural, política e econômica. Isso pode ser comprovado no avanço dos partidos xenófobos e islamófobos, no fanatismo de líderes religiosos que queimam livros sagrados e nos atentados terroristas cometidos em nome de Deus. Coincidindo com o 10º aniversário do 11 de setembro, queremos ter uma recordação especial pelos atentados desse dias nos Estados Unidos, sem esquecer os do 11 de março em Madri, do 7 de julho em Londres, do 21 de julho em Oslo, e outros, assim como as invasões violentas de países e as agressões contra sua população civil por parte das potências imperiais.

3. Prestamos uma atenção especial aos fundamentalismos religiosos, cujas características mais importantes são: a absolutização da tradição; a busca de um fundamento inamovível em um mundo em mudança; a pretensa compreensão literalista dos textos sagrados fora do marco cultural e histórico em que foram escritos; o esquecimento da inevitável crítica; a pretensão de verdade absoluta em um mundo caracterizado pela complexidade e pela incerteza; a dependência de uma autoridade indiscutível frente à insegurança crescente; a defesa de uma moral imutável em uma sociedade em permanente transformação; a fé em um Deus conhecido, que legitima suas próprias convicções e opções; a sacralização do profano; a dogmatização do opinável; e a recusa ao diálogo.

4. Na Igreja Católica, o fundamentalismo costuma se canalizar através dos movimentos neoconservadores, empenhados em levar a cabo a restauração eclesiástica ao extremo, e de não poucas atuações intolerantes da hierarquia, que minimizam e inclusive negam aspectos fundamentais do Concílio Vaticano II e condenam o trabalho dos teólogos, teólogas e movimentos renovadores.

5. Pudemos comprovar algumas dessas atitudes na recente Jornada Mundial da Juventude, que ofereceu uma imagem autoritária e patriarcal da Igreja, alheia aos problemas reais dos jovens, e fomentou a exaltação do pontífice, até cair na papolatria, uma das mais nítidas expressões do fundamentalismo. E tudo isso com o apoio e a legitimação das diversas instituições municipais, autonômicas, militares e empresariais.

6. Objeto de rigorosa análise crítica por parte das teólogas feministas das diversas tradições religiosas foi o fundamentalismo patriarcal, que fomenta a desigualdade, mantém os papéis de gênero e se traduz no controle absoluto da ordem social pelos homens, que impõem a submissão das mulheres, recorrem à violência e chegam ao extremo do feminicídio.

7. Os fundamentalismos se estendem pelos diversos setores sociais e instalados nas cúpulas da maioria das religiões, da política, da economia e inclusive dos Estados, que tomam suas decisões autoritariamente, sem a consulta da sociedade e sem fomentar a democracia participativa. Nós mesmos, por muito longe que creiamos estar de atitudes fundamentalistas, não estamos livres de nelas incorrer. Por isso, é necessário estar vigilantes e ter uma atitude sempre autocrítica.

8. Cremos que o melhor antídoto contra os fundamentalismos seja: a renúncia à possessão absoluta da verdade e sua busca coletiva, o respeito ao pluralismo, a convivência frente à coexistência, o direito à diferença, a interculturalidade e o diálogo inter-religioso orientados ao trabalho pela paz e pela justiça, a solidariedade com os excluídos, a defesa da natureza e a igualdade entre homens e mulheres. As religiões possuem em suas próprias fontes exemplos luminosos e recursos para superar os fundamentalismos, que são: a dignidade das pessoas, o tecido comunitário, a aceitação dos outros, o perdão, a misericórdia, a opção pelos pobres e marginalizados e a hospitalidade.

Madri, 11 de setembro de 2011.

Tradução de Moisés Sbardelotto.

Leia, também, o excelente e esclarecedor artigo do teólogo Leonardo Boff sobre este assunto do fundamentalismo (é antigo, mas permanece atual!), acesse:


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – On-Line – 12/09/2011 – Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=47284

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