«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

NÍVEL DAS UNIVERSIDADES ESTÁ CAINDO: CULPA DAS COTAS?

TESTEMUNHO DE UM PROFESSOR...
 
Maurício Abdalla
 
Prof. Dr. Maurício Abdalla
Departamento de Filosofia da UFES
Que ninguém se iluda: o nível da universidade está caindo. E não é algo tão novo.

Porém, que ninguém também caia no erro de relacionar isso às cotas sociais. Seria uma atribuição falaciosa de causalidade, que relaciona um problema a uma causa sem reflexão sobre o nexo causal entre os dois. Nem sequer relação de sucessão temporal existe, pois o problema real antecede a adoção de cotas.

Deixo aqui algumas causas desse declínio, que venho percebendo ao longo de minha vivência na UFES – Universidade Federal do Espírito Santo (como professor) desde 1995. Nenhuma delas está relacionada às cotas e, na verdade, todas as antecedem. Espalham-se entre alunos de diferentes extratos sociais e oriundos de escola pública ou privada:

- Dificuldade (por preguiça ou qualquer outra razão) de ler os textos solicitados pelo professor para a aula;

- Estudar textos teóricos em frente à TV, com música alta, com interrupção frequente, redes sociais ativadas e com falta de concentração;

- Faltar aulas frequentemente para ir a bares, bater papo nos CAs [Centros Acadêmicos] ou nas cantinas ou por mera falta de vontade (às vezes sob alegação de que "a aula é um saco");

- Copiar trabalhos de livros ou da internet, ou encomendar a terceiros seguindo inúmeros anúncios espalhados pela universidade oferecendo a terceirização de trabalhos, monografias e até dissertações;

- Gritar em grupos (essa é a nova forma de conversar) em corredores onde estão ocorrendo aulas ou próximo à sala de professores (que tentam estudar para melhorar o conteúdo das aulas ou fazer suas pesquisas);

- Conversar alto nas bibliotecas;

- Não saber o básico do português e usar ortografia de internet nas provas e trabalhos;

- Ficar conversando ou olhando vídeos pelos celulares e iPhones durante as aulas;

- Ter sido formado pela informação fragmentada e superficial dos meios de comunicação, apresentando dificuldade para o raciocínio complexo e sistemático;

- Estar na universidade apenas como uma continuidade da educação básica, sem nenhum interesse real nos conteúdos e pensando no diploma que lhe dará uma profissão;

- Falta de intimidade com a expressão de ideias pela escrita (para expressar ou interpretar);

- Escolher a sala de aula para bater-papo, ao invés dos espaços de vivência da universidade;

- Preocupar-se mais com o próximo micareta ou show de celebridade do que com a qualidade de seu desempenho acadêmico;

- Dedicar mais tempo ao Big Brother [reality show da TV] do que à análise do mundo real; mais à revista semanal do que às pesquisas sociais; mais às informações da Internet do que aos livros; mais ao comentário ou artigo de um jornalista do que às pesquisas de anos de professores empenhados em compreender o fenômeno mais profundamente etc...

A lista pode ter ficado incompleta, mas já por ela, podemos ver que não há nada que esteja relacionado ao extrato social do qual os alunos são oriundos ou à forma de ingresso na universidade.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 12 de novembro de 2014 – Internet: clique aqui.

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