«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 22 de outubro de 2011

A coexistência com a desigualdade [Boa análise!]

MOISÉS NAÍM


Os americanos estão por fim furiosos com a concentração de renda e riqueza existente no país


Ficar preso em um congestionamento de trânsito é mais suportável caso as demais faixas estejam se movendo. Ao observar os outros carros avançando, você tem a esperança de que sua vez por fim chegará.


Mas se todas as faixas ficarem paralisadas por tempo demais, a paciência se esgota e o mau humor aflora.


E se a polícia surgir e autorizar apenas alguns seletos veículos a deixar suas faixas, por um caminho aberto especialmente para eles, é provável que surja um tumulto.


Essa metáfora quanto às consequências políticas da mobilidade econômica foi proposta em 1973 pelo professor Albert Hirschman [foto abaixo], para explicar as mudanças na tolerância dos países pobres com relação à desigualdade de renda. A ideia era simples e poderosa: nos países pobres, basta um mínimo de mobilidade social propelida pelo crescimento econômico para gerar grande paciência e estabilidade política. Quando as pessoas veem que seus parentes, vizinhos e conhecidos melhoram de vida, se dispõem a esperar que a vez delas chegue.


A metáfora oferecida por Hirschman sobre a situação dos países pobres também ajuda a entender o que está acontecendo hoje em algumas das nações mais ricas do planeta. 
Exceto que, nesse caso, os "indignados" de Madri, as multidões do movimento "Ocupe Wall Street" ou os manifestantes italianos e gregos estão saindo dos carros e entrando em confronto com a polícia não só por conta do congestionamento em sua faixa de trânsito, mas, sim, porque seus carros estão indo para trás e hoje eles prestam mais atenção àqueles que continuam a avançar graças a truques, privilégios e filas furadas, coisas que costumavam tolerar ou ignorar.


Há mais de um século, Alexis de Tocqueville escreveu que a maior tolerância dos norte-americanos com relação à desigualdade, se comparados aos europeus, resultava da maior mobilidade social no país.
Mas isso acabou; ao menos por enquanto. A longa e pacífica coexistência com a desigualdade de renda e riqueza está chegando ao fim.


Os americanos estão furiosos com o fato de que os presidentes de algumas companhias do país ganham 343 vezes mais que o trabalhador médio dos EUA. Disparidades de renda assim não são novidade. A novidade é a intolerância ao fato de que alguns poucos concentram riquezas insondáveis, e os ricos continuam a se sair melhor mesmo em meio à crise.


Os ricos ou estão se beneficiando de resgates e outras medidas de estímulo ou são imunes à austeridade fiscal que os governos dos países em crise tiveram de adotar para estabilizar suas economias. E nada conduz mais gente às ruas em protesto do que cortes nos orçamentos governamentais.


Fica claro que estamos entrando em novo território político quando Mitt Romney [foto ao lado], o candidato que lidera a disputa pela indicação presidencial republicana e inicialmente classificou o "Ocupe Wall Street" como "perigoso", agora diz que "compreendo perfeitamente o que aquelas pessoas estão sentindo. O povo deste país está irritado".
Sim, está. E as pessoas continuarão irritadas até que o trânsito comece a se mover de novo em sua faixa de rodagem. Ou pelo menos nas de seus amigos e vizinhos.


Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Sexta-feira, 21 de outubro de 2011 - Pg. A20 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2110201118.htm

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