«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Lobby judaico" e eleição fazem Obama hesitar, diz Carter

PATRÍCIA CAMPOS MELLO 
ENVIADA ESPECIAL AO RIO


Para ex-presidente dos EUA, atual mandatário, que tentará se reeleger em 2012, cede a pressões em sua política para o Oriente Médio

Pressionado pelo "lobby judaico" e pela proximidade das eleições, o presidente americano, Barack Obama, abandonou uma política correta para o Oriente Médio e passou a endossar as ambições de Israel de constituir um único Estado na região.


É assim, sem papas na língua, que o ex-presidente americano Jimmy Carter (1977-81: foto ao lado), do Partido Democrata, o mesmo de Obama, expressa sua insatisfação com a política externa dos EUA.


Ganhador do Nobel da Paz em 2002, Carter, 87, esteve no Rio para a reunião do The Elders [trad. livre: Os Anciãos] . Fundado por Nelson Mandela em 2007, o grupo reúne líderes como Carter e o sul-africano Desmond Tutu, que rodam o mundo tentando mediar grandes conflitos.

O Brasil não acatou recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA em relação à usina de Belo Monte e mantém seu embaixador na OEA, Ruy Casaes, afastado há seis meses. É motivo de preocupação?


Quando eu era presidente, os EUA sempre fizeram questão de honrar todas as decisões da comissão, e nós ficamos muito alarmados quando [o ex-presidente do Peru Alberto] Fujimori as rejeitou, há alguns anos.
Também ficamos muito apreensivos quando o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, rejeitou que o ex-prefeito Leopoldo López pudesse concorrer à Presidência. Fiquei muito surpreso ao saber que o Brasil também rejeitara decisão da comissão.
Não sei detalhes sobre a obra da usina, e entendo que a presidente Dilma está envolvida no projeto há anos. 
Conversamos com o chanceler [Antonio] Patriota sobre isso -segundo ele, a comissão exige que o Brasil faça várias coisas que já está fazendo.
De qualquer modo, fico muito preocupado com o fato de o Brasil, o mais poderoso país da América Latina, rejeitar decisões da comissão. Não quero que ela tenha sua influência reduzida em países que realmente deveriam cumprir suas recomendações.


Os EUA deveriam ter apoiado o pleito dos palestinos na ONU para que a entidade reconheça o Estado palestino como membro pleno?


Sim. O presidente Obama fez dois ótimos discursos: um em 2009, no Cairo, de diálogo com o mundo árabe, e um em maio, no qual disse que as fronteiras de 1967 deveriam ser mantidas com mudanças moderadas, acordadas por negociação. Esses discursos refletem de forma fiel o direito internacional e são políticas corretas do meu país.
Recentemente, porém, em várias decisões e em discurso na Assembleia Geral da ONU, Obama mudou sua abordagem. Hoje, não sei exatamente qual é a política do meu país para o Oriente Médio
O governo dos EUA está endossando a decisão de Israel de abandonar a solução de dois Estados. As políticas do premiê Benjamin Netanyahu [foto ao lado] visam estabelecer um único Estado, com Israel controlando todo o território entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo.


Por que o senhor acha que mudou a postura do presidente Obama em relação ao Oriente Médio? Isso está relacionado às eleições de 2012?


Sim, está. Existe uma enorme pressão do lobby judaico, de Israel, no meu país; é um grupo de interesse forte.
E eu acho que a maioria dos cidadãos judeus americanos é a favor da solução com dois Estados e concorda comigo, com as resoluções da ONU e com meu livro ["Palestine: Peace Not Apartheid", que causou enorme controvérsia nos EUA; Carter foi chamado de antissemita].
Mas hoje estamos apoiando uma política de promoção de apenas um Estado, em vez de dois, e isso vai ser uma tragédia para Israel. A minha principal meta de política externa sempre foi e continua sendo levar a paz a Israel.


O senhor esteve envolvido em negociações com líderes do Hamas para a libertação do soldado Gilad Shalit, em troca de prisioneiros palestinos. A troca acaba de ser feita com sucesso, e Netanyahu a contabiliza como grande vitória.


Eu sei exatamente qual era a oferta há dois anos; ela foi orquestrada pelo Egito. Netanyahu finalmente cedeu. Ele simplesmente disse sim a uma oferta que estava esperando por ele há dois anos.
A troca é positiva: muitos desses palestinos presos pelos israelenses eram mulheres e crianças. A certa altura, Israel tinha 11,6 mil prisioneiros palestinos; ainda tem muitos. Gostaria de ver mais mulheres e crianças soltas.


O sr. está decepcionado porque a prisão de Guantánamo [foto ao lado] ainda não foi fechada e há um aprofundamento pelo governo Obama de algumas das políticas da "guerra ao terror" de George W. Bush?


Sim, ele prometera [fechar Guantánamo] de forma muito clara. Há pressões muito severas no meu país desde o 11 de Setembro, e elas continuam. É muito preocupante.


A presidente Dilma Rousseff enfatizou a diferença entre "responsabilidade em proteger" e "responsabilidade ao proteger" em sua fala na ONU.


Eu vi, mas é uma nuance que não entendo muito bem.


Segundo o governo, o Brasil rejeita a intervenção militar automática por motivos humanitários, porque ela pode ter efeitos piores que a violação que pretendia combater.


Entendo: muitos "elders" discordam fortemente do que ocorreu na Líbia. Houve abuso na interpretação do mandato da ONU - não vejo como proteger vidas humanas bombardeando áreas civis
Não temos como saber quantos civis foram mortos por bombardeios da Otan e aeronaves não tripuladas ("drones") dos EUA. Mas a intervenção mandou uma mensagem muito forte a ditadores do mundo: haverá reação internacional quando abusarem de sua autoridade.


Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Sexta-feira, 28 de outubro de 2011 - Pg. A20 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2810201106.htm

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