«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

30º Domingo do Tempo Comum – Ano Litúrgico “A”

José Antonio Pagola*


Evangelho: Mateus 22,34-40

O PRIMEIRO


Em certa ocasião, os fariseus se reuniram em grupo e fizeram a Jesus uma pergunta que era motivo de discussão e debate entre os setores mais preocupados em cumprir, escrupulosamente, os seiscentos e treze preceitos mais importantes sobre o sábado, a pureza ritual, os dízimos e outras questões: “Mestre, qual é o mandamento principal da Lei?”.


A resposta de Jesus é muito conhecida entre os cristãos: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma, com todo teu ser”. Este é o mais importante. Em seguida acrescentou: “O segundo é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo”. E concluiu com esta afirmação: “Estes dois mandamentos sustentam a Lei e os profetas”.


Interessa-nos, muito, escutar bem as palavras de Jesus, pois também na Igreja, assim como no antigo Israel, cresceu muito, ao longo dos séculos, o número de preceitos, normas e proibições para regular os diversos aspectos da vida cristã. Qual é o primeiro e mais importante? O que é essencial para viver como seguidores de Jesus?


Jesus deixa claro que nem tudo é igualmente importante. É um erro dar muita importância a questões secundárias de caráter litúrgico ou disciplinar, descuidando do essencial. Não podemos nunca esquecer que somente o amor sincero a Deus e ao próximo é o critério principal e primeiro de nosso seguimento a Jesus.


Segundo Ele, esse amor é a atitude de fundo, a força chave e insubstituível que dá verdade e sentido à nossa relação religiosa com Deus e ao nosso comportamento com as pessoas. O que é a religião cristã sem amor? A que fica reduzida nossa vida no interior da Igreja e em meio à sociedade sem amor? 


O amor livra nosso coração do risco de vivermos empobrecidos, diminuídos ou paralisados pela atenção insana a toda classe de normas e ritos. O que é a vida de um praticante sem amor vivo a Deus? Que verdade existe em nossa vida cristã sem amor concreto ao próximo necessitado?


O amor se opõe a duas atitudes bastante difundidas. Em primeiro lugar, a indiferença entendida como insensibilidade, rigidez de mente, falta de coração. Em segundo lugar, o egocentrismo e desinteresse pelos demais.


Nestes tempos tão críticos, não há nada mais importante que cuidar humildemente do essencial: o amor sincero a Deus, alimentado por celebrações sentidas e vividas a partir de dentro; o amor ao próximo fortalecendo o tratamento amistoso entre aqueles que creem e impulsionando o compromisso com os necessitados. Contamos com o alento de Jesus.


Tradução de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

* José Antonio Pagola é sacerdote espanhol. Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), Mestre em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1965), Diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no Seminário de San Sebastián e na Faculade de Teologia do norte da Espanha (sede de Vitoria). Desempenhou o encargo de reitor do Seminário diocesano de San Sebastián e, sobretudo, o de Vigário Geral da diocese San Sebastián (Espanha). É autor de vários ensaios e artigos, especialmente o famoso livro: Jesus - Aproximação Histórica (publicado no Brasil por Editora Vozes, 2010).

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - 19 de outubro de 2011 - 09h17 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
_____________________________

Aprofundando o Evangelho

30º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Pe. Fabien Deleclos
Franciscano (1925 a 2008) – Bélgica

Uma questão que parece simples, mas a resposta não o é necessariamente. Recordemos aquela questão colocada a Jesus por um jovem rico: “Mestre, o que devo fazer de bom para ter a vida eterna?”. – Observe os mandamentos. – Mas quais?, replica o jovem. Então, Jesus lhe cita seis, começando pela proibição de matar, concluindo por: “Amarás teu próximo como a ti mesmo”.


Para os especialistas da Lei que desejam apanhar Jesus, a questão é diferente. Trata-se de saber o que é essencial na vida, o maior dos mandamentos da Lei. Isso, na época, era objeto de numerosas discussões que se transformavam em disputas das escolas de interpretação. Por quê? Porque na Bíblia os dez mandamentos não se apresentavam em dez linhas, como atualmente em nosso catecismo. Eles eram detalhados, precisos e, portanto, inflados por prescrições legais, sociais, rituais e devocionais.


Entre os judeus, os dez mandamentos, ou mais exatamente, as dez palavras, foram fixadas, finalmente, em 613 mandamentos, dos quais, 248 positivos e 365 negativos. Correndo o risco de submergir os mandamentos mais essenciais sob uma enxurrada de obrigações secundárias ou, totalmente, marginais.


Por exemplo, o primeiro dos 248 mandamentos positivos é crer na existência de Deus. E o segundo: afirmar a sua unidade. De onde, negativamente: 1º. a proibição de crer em outros deuses; 2º. fazer um ídolo esculpido. Mas, também, a proibição, no número 4, de esculpir a estátua de um ser humano. Mesmo numa perspectiva estética, nada de imagens, nada de representações de Deus.


O mandamento de número 80 é positivo: oferecer uma oblação pelo menino primogênito. E o número 81 lhe é semelhante, mas ao contrário do que poderíamos pensar, não é uma oferenda pela primeira menina, mas pelo primogênito do asno. Esse animal, é preciso esclarecer, era o mais precioso e o mais útil na época.


Amar seu próximo, amar o estrangeiro, são mandamentos positivos situados em 206º e 207º lugar. No número 39, a Lei proíbe uma mulher de vestir-se com roupas de homens. E na 40ª prescrição proíbe a um homem de vestir-se com roupas femininas. Como em todas as religiões, mistura-se facilmente hábitos e, mesmo, modos de ordem cultural com exigências religiosas.


Jesus não irá se atolar nas discussões habituais nas quais se é muito detalhista. Ele, simplesmente, recordará a este doutor da Lei o texto primitivo do primeiro grande mandamento. Na verdade, eles o conhecem muito bem, pois ele faz parte da oração que todo judeu adulto e do sexo masculino é obrigado a recitar duas vezes por dia, “ao se deitar e ao se levantar”. Hoje ainda. “Ouça, Israel, o Eterno é nosso Deus. O Eterno é Um... Shema Israel...”


O que Jesus adiciona, logo em seguida, é o preceito do amor ao próximo, que Ele apresenta como “semelhante ao primeiro”. Dois mandamentos inseparáveis. O que é uma inovação e uma surpresa. No Antigo Testamento, de fato, o segundo é enunciado separadamente e se perde num conjunto muito complexo. Ainda que, alguns grandes mestres fariseus já ensinassem como Regra de Ouro: “Aquilo que você não gosta que te façam, não o faça ao teu próximo. Esta é toda a Torá, a Lei. O resto é comentário.”


Jesus vai mais longe ainda. Desde então, o teste absoluto de nossas relações com Deus é nosso comportamento em relação a nossos irmãos e irmãs humanos. Não há outro! O apóstolo João traduzirá: “Como dizer que eu amo a Deus que eu não vejo, enquanto não amo meu irmão que eu vejo” (1Jo 4,20).


Portanto, é suficiente amar, se dirá. Mas o que isso significa concretamente diante de todos os desafios contemporâneos: emigração, desemprego, fome, violência, injustiças. Não é suficiente proclamar belos princípios nem utilizar fórmulas comoventes. A prática inseparável do duplo mandamento visa a conversão do coração, porque é lá que nasce e se enraíza a maior parte dos males, tais como: a exploração dos fracos, o abuso do poder, os juros usurários, as chantagens. E tantas formas de violências físicas, verbais, psicológicas, e as violências econômicas, tão numerosas e devastadores atualmente.


É o coração convertido que inspira as iniciativas e as ações humanas para desenvolver a fecundidade, a eficiência e a glória. É assim que o amor a Deus e ao próximo alcança a justiça, ao mesmo tempo, que a ação social e política, na qual ele se encarna, lhe faz produzir fruto. 


Vejamos os antigos textos da primeira leitura. Eles nos mergulham em nossa própria atualidade ao evocar o problema da emigração e suas trágicas consequências: “Tu não afligirás o imigrante que vive contigo. Tu não o oprimirás. Porque vós mesmos fostes migrantes no Egito. Não o esqueças” (Ex 22,20). E quem ousará jurar hoje que nós não seremos imigrantes amanhã?


Tradução do francês de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.