«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Iphônicos anônimos

RICARDO SEMLER *

O vício já está alastrado e, em breve, demandará reuniões noturnas. 
- Meu nome é Rogério e sou um iPhônico. 
- Olá, Rogério! -responderá o grupo, em coro. 
- Estou há três dias sem consultar meu iPhone. 
Aplausos. 


Da mesma maneira como tentamos afastar o álcool e o cigarro das escolas, temos de erguer uma muralha contra o vício digital


Mas esses equipamentos digitais não são ferramenta de nosso tempo, linguagem contemporânea? É saudosismo achar que a meninada precisa ser blindada contra a rede? 
Pensem no que significa o Google. Por meio dele, não há informação impossível de filtrar. Google e similares filtram tudo para você. Quando estiver naufragando ao navegar, eles lhe enviarão uma tábua de salvação, usando tudo o que sabem sobre você. 


Assim, se você costuma entrar na Amazon, eles lhe propõem livros e compras que "deveriam" lhe interessar. Em vez de abrir seus horizontes, o mundo da navegação apenas reforça seus hábitos e interesses. 


É assim no Facebook, no Twitter ou no LinkedIn - sua pequena comunidade é mantida entre conhecidos, amigos esquecidos ou rede de interesses. Para conhecer alguém diferente, é preciso aventurar-se na praça pública da turba digital. 


Errônea, portanto, a impressão de que a web abre mentes e caminhos. Em muitos sentidos, ela os fecha de vez. E, nesse cerco, faz escravos digitais. Com a convergência, cria-se o smartphone como um cordão umbílico-digital. 


A escola tem de aceitar que essa ligação veio para ficar e que submeterá legiões de coitados. Um vício a mais a ser moderado. 
Afinal, uma taça de vinho ou uns torresminhos por dia são inócuos e prazerosos. Trocar uns e-mails, SMS e dar uma navegada caem nessa mesma categoria. 


Ter os dedos amarelados, pigarro contínuo ou necessidade de um trago frequente é falta de recursos internos e requer auxílio. Tanto o Blackberry que é consultado a cada 20 minutos como a turma de executivos que se senta à mesa onde quase todos teclam ou falam ao celular são exemplos de funcionamento esquizofrênico. 


Agora, no recreio das escolas frequentadas por jovens abastados (e logo, nas públicas, à medida que os smartphones ficarem mais baratos), já temos a meninada com iPhones, ansiosamente conectados. 


Cabe decidir se há um perigo à saúde pública e se os aparelhos já devem vir com avisos soturnos acima de fotos de engravatados sobre macas -safenados, mas grudados aos smartphones em "rigor mortis". 


A escola é lugar para evitar proibições e abrir espaços contínuos de ajuste a novas maneiras. Lá se previne a situação patética de seus pais. Faltam professores e diretores que abram esse espaço para a reflexão juvenil. 
Uma tragada, um gole e uma tecladinha: falta a Lei do Ventre Livre que libertará os que estão a crescer.


* RICARDO SEMLER, 52, é empresário. Foi scholar da Harvard Law School e professor de MBA no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Foi escolhido pelo Fórum Econômico de Davos como um dos Líderes Globais do Amanhã. Escreveu dois livros ("Virando a Própria Mesa" e "Você Está Louco") que venderam juntos 2 milhões de cópias em 34 línguas.


Fonte: Folha de S. Paulo - Cotidiano - Segunda-feira, 10 de outubro de 2011 - Pg. C11 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saber/sb1010201102.htm

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