«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 23 de outubro de 2011

Vasco da Gama queria retomar Jerusalém

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE


Livros propõem que viagens portuguesas às Índias foram motivadas pela disputa entre cristãos e muçulmanos
Busca por monopólio do comércio de especiarias estaria só na superfície do esforço, que teve base nas Cruzadas

Munido apenas do conhecimento de história que você adquiriu no ensino médio, responda rápido. Vasco da Gama [pintura abaixo] recebeu ordens do rei de Portugal para achar o caminho para as Índias. Qual era o objetivo da missão?
A) Inserir Portugal no comércio de especiarias; B) destruir o poderio comercial e marítimo do Islã; C) selar uma aliança com um lendário monarca cristão do Oriente e reconquistar Jerusalém ou D) todas as anteriores, com prioridade para "B" e "C"?


Acertou quem disse "D", ao menos segundo "Holy War" ("Guerra Santa", ainda sem edição no Brasil), do historiador britânico Nigel Cliff.
A obra faz companhia a "Por Mares Nunca Dantes Navegados" (editora José Olympio), do americano Ronald Watkins. Os livros retratam as navegações portuguesas como mais um capítulo da luta entre cristãos e muçulmanos que foi o principal drama da Idade Média.


SUPERFICIAL
"Somente no nível mais superficial esta é a história do monopólio comercial de especiarias", escreve Watkins.
"Para os envolvidos, tratava-se das Cruzadas, em manifestação diferente, mas com o mesmo objetivo. Acreditava-se que passar uma descompostura nos islâmicos que controlavam o portal para as especiarias enfraqueceria os infiéis e levaria à reconquista de Jerusalém."


"Reconquista", é bom lembrar, porque cavaleiros cristãos tinham sido chutados da Terra Santa em 1291. E em 1453 os turcos do Império Otomano capturaram Constantinopla, acabando com o Império Romano do Oriente, antiga potência da cristandade.


Nigel Cliff vai mais longe: as viagens de Gama representam um ponto de virada, o momento em que o Islã começou a decair e os europeus iniciaram sua trajetória rumo à dominação do planeta.


Por um lado, a estratégia indiana dos cruzados portugueses era muito sensata. Como o Mediterrâneo tinha virado um lago turco, e Portugal estava voltado para o Atlântico, era melhor dar a volta para alcançar a Índia.
Mas o outro ponto do plano era uma maluquice: a crença medieval na existência do invencível rei-sacerdote Preste João.


PODEROSO JOÃO
Não se sabe como a lenda surgiu. Talvez derive do contato indireto com comunidades cristãs fundadas na Índia por missionários sírios e persas. O fato é que, a partir do século 12, esses grupos foram transformados num poderoso reino de Preste João, descendente dos "Reis Magos" que teriam prestado homenagem a Jesus em Belém.


Se Preste João fosse encontrado, pensavam os cruzados, bastaria fazer uma aliança com ele e atacar os muçulmanos "pelas costas".
Localizar o monarca foi prioridade da agenda dos reis de Portugal por décadas. A vontade de achar cristãos na Índia era tanta que, quando Gama chegou lá em 1498, os lusitanos interpretaram os deuses hindus como santos cristãos um tanto esquisitos.


Numa coisa, porém, eles não se confundiram: o árabe era a língua franca do comércio no Índico, e muçulmanos estavam por toda a parte.
Quando Gama voltou à região em 1502, as ordens eram forçar os reinos da Índia a rejeitar os mercadores islâmicos e causar o máximo de dano aos seguidores do Islã.


De fato, isso tem muita cara de cruzada. Mas por que os portugueses nunca armaram a expedição para Jerusalém?
Para Cliff, porque os lucros do comércio viraram um fim em si mesmo para o império português, que foi engolido pela Espanha quando o rei Dom Sebastião morreu sem deixar herdeiros em 1578 - lutando numa cruzada no Marrocos, é claro.


HOLY WAR
AUTOR: Nigel Cliff
PREÇO: US$ 11,99 (e-book)


POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS
AUTOR: Ronald Watkins
Editora: José Olympio
PREÇO: R$ 45,90


Fonte: Folha de S. Paulo - Ciência - Domingo, 23 de outubro de 2011 - Pg. C13 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2310201101.htm

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