«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Homilia: 31º Domingo do Tempo Comum – Ano Litúrgico “A”

José Antonio Pagola*

Evangelho: Mateus 23,1-12

EM ATITUDE DE CONVERSÃO


Jesus fala com indignação profética. Seu discurso dirigido ao povo e aos seus discípulos é uma dura crítica aos dirigentes religiosos de Israel. Mateus o aplica para a década de oitenta a fim de que os dirigentes da Igreja cristã não caiam em condutas parecidas.


Podemos recordar, hoje, as recriminações de Jesus com paz, em atitude de conversão, sem ânimo algum de polêmicas estéreis? Suas palavras são um convite para que bispos, presbíteros [padres] e todos aqueles que possuímos responsabilidade eclesial façamos uma revisão de nossa atuação.


Não fazem o que dizem. Nosso maior pecado é a incoerência. Não vivemos o que pregamos. Temos poder, porém nos falta autoridade. Nossa conduta nos desacredita. Nosso exemplo de vida mais evangélica mudaria o clima em muitas comunidades cristãs.


Amarram fardos pesados e os põem sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los[trad.: Bíblia de Jerusalém, Paulus, 2002]. É verdade. Com frequência, somos exigentes e severos com os demais, compreensíveis e indulgentes com nós mesmos. Sobrecarregamos as pessoas simples com nossas exigências, porém não lhes facilitamos a acolhida do Evangelho. Não somos como Jesus que se preocupava de tornar leve o seu fardo, pois era simples e humilde de coração.


Praticam todas as suas ações com o fim de serem vistos pelos homens. Não podemos negar que é muito fácil viver pela nossa imagem, buscando quase sempre “ficar bem” perante os demais. Não vivemos com Deus, que vê em segredo. Estamos mais atentos ao nosso prestígio pessoal.


Gostam dos primeiros lugares e dos assentos de honra... e de receber saudações nas praças públicas. Envergonha-nos confessar, mas gostamos. Buscamos ser tratados de maneira especial, não como um irmão a mais. Existe algo mais ridículo do que uma testemunha de Jesus buscar ser distinguida e reverenciada pela comunidade cristã?


Não permitais que vos chamem ‘Rabi’ [mestre]... nem ‘Guias’... pois um só é o vosso Mestre e vosso Guia, Cristo. O mandato evangélico não pode ser mais claro: renunciai aos títulos para não fazerdes sombra a Cristo; orientai a atenção dos fiéis somente para Ele. Por que a Igreja não faz nada para suprimir tantos títulos, prerrogativas, honras e dignidades a fim de melhor mostrar o rosto humilde e próximo de Jesus?


A ninguém na terra chameis ‘Pai’, pois só tendes o Pai Celeste. Para Jesus, o título de Pai é tão único, profundo e cativante que não deve ser utilizado por ninguém na comunidade cristã. Por que o permitimos?

Tradução: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.


* José Antonio Pagola é sacerdote espanhol. Licenciado (= mestrado) em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1965), Diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no Seminário de San Sebastián e na Faculdade de Teologia do norte da Espanha (sede de Vitoria). Desempenhou o encargo de reitor do Seminário diocesano de San Sebastián e, sobretudo, o de Vigário Geral da diocese San Sebastián (Espanha). É autor de vários ensaios e artigos, especialmente o famoso livro: Jesus - Aproximação Histórica (publicado no Brasil por Editora Vozes, 2010).

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - 25 de outubro de 2011 - 17h27 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
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APROFUNDANDO O EVANGELHO DESTE DOMINGO
Mateus 23,1-12

Pe. Fabien Deleclos - Franciscano
(Bélgica: 1925 - 2008)

“Ai daqueles que usaram de Deus em seu benefício!”. É por esta advertência severa que o Missal Emaús* introduz a liturgia deste domingo. Esclarecendo que “a tentação de utilizar em proveito próprio a religião ameaça todos os crentes”. Dentre os quais nos situamos. E o missal aponta o dedo aos “bien-pensants” (conformistas), suficientemente orgulhosos por se considerar “como os detentores da verdade”, ao ponto de “esmagar as pretensões de pessoas simples, que têm sede de espiritualidade autêntica”.


Esses propósitos violentos são ilustrados pelo profeta Malaquias, o qual se dirige, primeiramente, aos sacerdotes, depois ao povo. Paulo, posteriormente, testemunha: Eu não sou menos exigente comigo mesmo que com os outros, os quais eu trato com a doçura de uma mãe. Quanto a Jesus, ele fustiga os guardiões da Lei que ensinam muito bem o que se deve fazer, mas sem eles mesmos o praticarem! Ou ainda, que dão prioridade absoluta à letra antes que ao espírito. Ora, a verdadeira fidelidade não é uma submissão cega ou preguiçosa, como aquela dos escravos em relação a seu mestre ou seu guru. Ela é, ao contrário, “dinâmica e criativa”.


Assim, para que serve esta Lei apresentada como Lei de Deus? Para suscitar a confiança e lhe exprimir nosso amor. Mas, segundo o livro de Malaquias, no quinto século antes de Jesus Cristo, sacerdotes do Templo haviam feito da Lei santa “uma ocasião de queda para a multidão”. Um obstáculo! O novo Templo [de Jerusalém] era magnífico, as cerimônias deslumbrantes, mas sem efeito sobre a vida. Um culto “degenerado e pervertido” porque desmentido pelo comportamento cotidiano.


Jesus, também, interpela aqueles que tinham a missão de ensinar a Lei e as prescrições de Moisés nos “púlpitos” das sinagogas. Por quê? Eles oprimiram os fiéis com leis e regras tão pesadas quanto detalhistas, às vezes, absolutamente inúteis. E, ainda por cima, eles as impunham sem que eles mesmos as observassem. “Eles dizem e não fazem”.


Vistos exteriormente, eles transbordam de piedade e de práticas ostentatórias, mas eles são sem uma verdadeira ligação com a encarnação da fé. Além disso, eles brandiam constantemente a letra antes que o espírito, o direito e o dogma antes que o amor e a justiça. Exatamente ao contrário de Jesus que “cumpre a Lei com brandura, cheio de atenção para com aqueles e aquelas que sofrem”.


Isso quer dizer que eu tenho e que todos nós temos uma grande necessidade de lições de humildade e de verdadeira humanidade.


Jesus, escreve Anselm Grün, um místico de nosso tempo, “quer uma teologia da misericórdia e não do desprezo. Uma moral compreensível, não uma moral que escraviza e suscita a má consciência” (A. Grün, Evangile de Matthieu [Evangelho de Mateus], p. 102, Ed. Bayard).


No nono século, numa época em que os clérigos já tinham monopolizado os ministérios e as responsabilidades na Igreja, são Pascásio dizia a propósito deste evangelho: “O Senhor... prescreve a todos de não se deixar dominar pela avidez em procurar as honras”. Ao contrário, o que é necessário buscar é “ajudar e servir todos os seres humanos, antes que ser ajudado e servido por todos. Porque o desejo de ser servido procede do orgulho farisaico e o desejo de servir nasce da sabedoria e do ensinamento de Cristo”.


É, justamente, deste espírito de serviço que Paulo podia se gloriar. Hoje, as responsabilidades de serviço na Igreja são mais compartilhadas. Mas, também, o gosto do poder e dos privilégios, sempre acompanhados de ambição e de autoritarismo. Ninguém está imune disso, seja um cardeal ou bispo, padre, catequista ou encarregado da menor responsabilidade pastoral. Isso vale, igualmente, para as responsabilidades políticas, sociais, culturais ou aquelas dos simples cidadãos.


O padre Lebret, inspirador da encíclica sobre “O desenvolvimento dos povos” (Populorum progressio), assinada por Paulo VI em 1967, escrevia a propósito dos conformistas [“bien-pensants”]: 


“Muitos têm um cristianismo de fachada, convencional... A alma está vazia do Evangelho... Para eles, não se trata, antes de tudo, do grande combate da fé, da batalha pela justiça, do amor efetivo aos seus irmãos e irmãs humanos... Tendo conduzido o mundo a seu serviço, eles são eternamente conservadores, para quem o problema principal é a conservação de privilégios... Eles não estão mais centrados no serviço... Eles não têm a angústia da miséria humana. Convictos da justiça de sua causa que eles confundem com a causa de Deus”. 
Não digamos muito depressa: isto não é para mim. Isso merece, em todo caso, reflexão.


O Evangelho da paz, de fato, nos convida constantemente à comunhão de amor e de justiça, com muita humanidade, sem o que não há fidelidade possível a Deus e à sua Aliança. A Boa Nova do Verbo, Palavra e Pão partilhado, deve ser transmitida por palavras e atos, para que possamos cantar com o Salmo: “Fidelidade e verdade se encontram. Paz e justiça se abraçam” (Sl 85,84).


Nós temos, certamente, muito trabalho pela frente!


Tradução: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.


* Título da obra: Le Missel Emmaüs des Dimanches. Par Jean-Pierre Bagot (trad.). Desclée de Brouwer, 2007 (original - italiano: San Paolo, 1987).


Fonte: La Libre Belgique - Paroles du Dimanche - 25/10/2011 - Internet: http://parolesdudimanche.blogs.lalibre.be/

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